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Trump assina ordem executiva para priorizar norte-americanos na vacinação

Presidente afirma que, caso haja algum problema com as farmacêuticas, recorrerá à Lei de Proteção à Produção, que lhe permite exigir que as empresas priorizem seus contratos

Donald Trump, presidente cessante dos Estados Unidos, depois da assinatura da ordem executiva.
Donald Trump, presidente cessante dos Estados Unidos, depois da assinatura da ordem executiva.Oliver Contreras / POOL (EFE)
Pablo Guimón
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Eearing a protective face coverings to combat the spread of the coronavirus, Matron May Parsons (R) is assessed by Victoria Parker (C) during training in the Covid-19 Vaccination Clinic at the University Hospital in Coventry, central England on December 4, 2020, prior to the NHS administering jabs to the most vulnerable early next week. - Britain insisted Friday its world-first approval of the Pfizer-BioNTech coronavirus vaccine met all safety standards, striving to tamp down any public unease after US and European officials queried the rapid process. (Photo by Steve Parsons / POOL / AFP)
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O presidente Donald Trump assinou nesta terça-feira uma ordem executiva para dar “prioridade aos norte-americanos” na administração das vacinas contra a covid-19 produzidas nos Estados Unidos, antes de fornecer doses a outros países. No caso de haver problemas com as empresas farmacêuticas, alertou, Trump invocará a Lei de Proteção à Produção, promulgada no início da Guerra da Coreia, em 1950, que autoriza o presidente a exigir que as empresas priorizem os contratos para produtos considerados necessários à defesa nacional. A assinatura aconteceu durante o que ele chamou de “cúpula da vacina”, realizada na Casa Branca, dois dias antes da reunião pública da Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA na sigla em inglês) na quinta-feira para avaliar uma autorização de uso emergencial para a vacina da Pfizer e BioNTech, que nesta terça-feira começou a ser administrada, já fora do âmbito de um teste clínico, no Reino Unido.

O presidente cessante, que convocou uma coletiva de imprensa na mesma hora em que o presidente eleito Joe Biden apresentava a equipe à qual encarregou a gestão da crise sanitária quando chegar à Casa Branca em 20 de janeiro, quis reivindicar parte do mérito do rápido desenvolvimento das vacinas contra a covid-19. Trump não economizou superlativos. Falou de “um êxito incrível”, de “uma monumental conquista nacional”.

A atividade pública do presidente norte-americano reduziu-se drasticamente desde que perdeu as eleições em 3 de novembro, derrota que ainda se recusa a admitir, e suas intervenções se limitam basicamente a difundir falsas acusações sobre uma suposta fraude eleitoral massiva que nem as autoridades estaduais, nem os tribunais, até o momento, detectaram. Assim, a improvisada “cúpula da vacina” foi o único evento público do presidente nesta terça-feira, e foi ofuscada pelo fato de que tanto a Pfizer quanto a Moderna, as duas empresas farmacêuticas norte-americanas entre as desenvolvedoras das vacinas mais avançadas, recusaram o convite para participar da reunião.

Participaram da “cúpula” o presidente, o vice-presidente Pence, membros da equipe do coronavírus da Casa Branca e executivos de empresas de vendas, distribuição e logística de medicamentos. Ninguém da equipe de transição do presidente eleito Biden foi convidado, apesar do fato de que será a Administração do democrata que terá de gerir o grosso da operação de vacinação. Tampouco participou o doutor Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, que depois de assessorar a Administração de Trump, com quem teve notórios desacordos, também será o principal conselheiro médico de Biden.

Para além do exercício de propaganda de um presidente ávido por limpar sua criticada gestão da crise, o evento foi um novo exercício de pressão sobre a FDA para que conceda as autorizações de emergência. “Estamos a dias da aprovação por parte da FDA”, disse Trump, “estamos fazendo muita pressão sobre eles”.

A assinatura da ordem executiva permitiu-lhe entoar novamente, a pouco mais de um mês de que se veja obrigado a deixar a Casa Branca, seu slogan America first (Estados Unidos primeiro). No entanto, predominavam as dúvidas nesta terça-feira quanto ao alcance e o teor específico da ordem executiva. O próprio doutor Moncef Slaoui, que está à frente da Operação Warp Speed (em referência a um termo da ficção científica que significa ultrapassar a velocidade da luz), a iniciativa público-privada de Trump para acelerar a criação de uma vacina, afirmou pela manhã à rede de televisão ABC que não tinha isso claro. “Francamente, não sei e, francamente, vou ficar fora disso. Não sei do que trata essa ordem”, disse.

A reunião acontece depois que foi publicado que os Estados Unidos perderam a oportunidade de comprar milhões de doses adicionais da vacina da Pfizer no verão, o que poderia atrasar a distribuição do segundo lote de vacinas até que os produtores cumpram seus contratos com outros países. Espera-se que 100 milhões de doses da vacina, suficientes para imunizar 50 dos 328 milhões de norte-americanos, sejam distribuídas nos próximos meses.

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