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Gabinete de Biden tem latino para imigração, multilateralista em política externa e Kerry para o clima

Janet Yellen, ex-presidenta do Federal Reserve, é especulada como chefe do Tesouro. Ela seria a primeira mulher a ocupar o cargo

O Gabinete de Biden, de coma para baixo; Linda Thomas-Greenfield, Joe Biden, Avril Haines, Alejandro Mayorkas, Antony Blinken e John Kerry.
O Gabinete de Biden, de coma para baixo; Linda Thomas-Greenfield, Joe Biden, Avril Haines, Alejandro Mayorkas, Antony Blinken e John Kerry.AFP
Pablo Guimón
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Antony Blinken, um defensor do multilateralismo e um dos conselheiros de política externa mais experientes e de maior confiança de Joe Biden, será o novo secretário de Estado dos EUA. A informação foi confirmada pela equipe de transição do presidente eleito na véspera de um evento nesta terça-feira em Wilmington (Delaware) em que está previsto o anúncio dos principais nomes do Gabinete que assumirá as rédeas do país a partir de 20 de janeiro.

Pela primeira vez, haverá um latino à frente do Departamento de Segurança Interna, a secretaria responsável pela implementação e gestão das políticas de imigração. Trata-se de Alejandro Mayorkas, jurista nascido em Havana há 60 anos, cuja família fugiu de Cuba após a revolução castrista, e que já foi o segundo no departamento entre 2013 e 2016. Ex-procurador federal na Califórnia, Mayorkas terá sob seu encargo a revisão de algumas das políticas domésticas mais polêmicas da era Trump, como a construção de um muro na fronteira com o México e a separação de filhos de imigrantes de suas famílias.

Outro cargo que terá um ocupante inédito, segundo o ‘The Wall Street Journal’, é o Tesouro. Janet Yellen, ex-presidenta do Federal Reserve, é especulada. A nomeação, que deverá ser confirmada pelo Senado, tornaria a prestigiada economista, primeira mulher a chefiar o Fed e que acumula décadas de experiência em política monetária, a primeira mulher também a ocupar a Secretaria do Tesouro. Seu papel será fundamental nos esforços do próximo governo para promover a recuperação de uma economia devastada pela pandemia do coronavírus.

Outra prioridade da Administração Biden será o meio ambiente, como se depreende do fato de que haverá um czar para o clima, um cargo que, segundo a equipe de transição, caberá ao veterano ex-senador, ex-secretário de Estado e ex-candidato à presidência John Kerry, de 76 anos. “Ele lutará contra as mudanças climáticas em tempo integral como enviado especial para o clima, e fará parte do Conselho de Segurança Nacional”, disse a equipe de transição em uma nota. Desde que deixou a Secretaria de Estado, Kerry tem focado sua atividade no meio ambiente, por meio da criação da World War Zero, uma coalizão de líderes mundiais, militares e celebridades de Hollywood que exige ações contra a crise climática.

Também pela primeira vez, uma mulher ficará encarregada da inteligência nacional. Será Avril Haines, que já foi a segunda na CIA sob Barack Obama, depois de suceder o próprio Blinken no vice-Conselho de Segurança Nacional. Outra mulher, a afro-americana Linda Thomas-Greenfield, veterana do serviço diplomático, servirá como embaixadora nas Nações Unidas.

A política externa será uma das prioridades do 46º presidente, que prometeu reconstruir alianças globais rompidas pela Administração Trump e devolver os Estados Unidos ao lugar de destaque no tabuleiro mundial, que ele acredita ter perdido após quatro anos de uma presidência que demonstrou rejeitar o multilateralismo. Ainda nesta segunda-feira, o presidente eleito Biden falou com o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, que o felicitou por sua eleição como próximo presidente. De acordo com um comunicado da OTAN, eles conversaram sobre “a importância da Aliança Transatlântica como pedra angular da segurança coletiva”.

O próximo secretário de Estado, Antony Blinken, 58 anos, foi vice-conselheiro de Segurança Nacional e, em seguida, subsecretário de Estado na gestão de John Kerry, durante a presidência de Barack Obama. Ele também esteve no Departamento de Estado de Bill Clinton. Sua carreira sugere que sua chegada à Secretaria de Estado imprimirá um tom e uma filosofia diametralmente opostos aos que marcaram a política externa de Mike Pompeo e Trump. Educado em Paris, antes de se formar em Harvard e Columbia, para os mais chegados Blinken é conhecido por seus modos educados e senso de humor. É enteado de um sobrevivente de Auschwitz que se tornou conselheiro do presidente Kennedy. Aqueles que trabalharam com Blinken consideram que seu compromisso com os direitos humanos é genuíno.

Sua sintonia com Biden é total, construída ao longo de quase 20 anos de trabalho conjunto. Depois de passar pela Administração Clinton, começou a trabalhar como assessor de política externa de Biden quando este era senador e participou de sua corrida presidencial fracassada em 2008. Regressou à Casa Branca quando Obama elegeu Biden como vice-presidente. Sua presença no topo da política externa durante esse governo é evidenciada pela famosa fotografia em que Obama e Biden assistem as imagens da operação em que Osama bin Laden foi morto, na qual Blinken pode ser visto entre a dezena de pessoas reunidas na sala. A partir de janeiro de 2015, Blinken foi subsecretário de Estado, o último da Administração democrata.

Nos últimos anos, ele reconheceu erros e expressou arrependimento por certas políticas da Administração Obama. Lamenta não ter intervindo significativamente na Síria e também inicialmente ter apoiado a guerra saudita no Iêmen. Blinken é firme em seu apoio à segurança de Israel, algo que já causou certa tensão nas fileiras democratas antes mesmo de sua nomeação. “Vamos apenas nos assegurar de que não tente me silenciar e suprimir meu direito de criticar as políticas racistas e desumanas de Netanyahu”, disse a congressista Rashida Tlaib.

Além do nome de Blinken, Biden anunciará Jake Sullivan como Conselheiro de Segurança Nacional, segundo informa The New York Times. Sullivan, 43 anos, sucedeu ao próprio Blinken como conselheira de Segurança Nacional de Biden quando ele era vice-presidente. Blinken e Sullivan são bons amigos e compartilham a visão de mundo e a sintonia com o próximo presidente.

Privado da transição de poder porque Trump se recusa a admitir a derrota, o democrata Joe Biden está terminando de moldar o Gabinete que comandará sua Administração quando tomar posse em 20 de janeiro. As prioridades no início de sua presidência serão a economia, a saúde pública e a política externa, e espera-se que os nomes dos responsáveis por essas áreas sejam os primeiros a serem divulgados.

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