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Madison Cawthorn, a rápida ascensão da nova estrela republicana

A breve carreira do conservador de 25 anos, o legislador mais jovem a entrar para a Câmara de Representantes, está repleta de polêmicas

Madison Cawthorn, candidato republicano pelo 11.o Distrito da Carolina do Norte, fala durante a transmissão virtual da Convenção Nacional Republicana de Washington, em 26 de agosto passado.
Madison Cawthorn, candidato republicano pelo 11.o Distrito da Carolina do Norte, fala durante a transmissão virtual da Convenção Nacional Republicana de Washington, em 26 de agosto passado.REPUBLICAN NATIONAL CONVENTION (Reuters)
Antonia Laborde
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Ele é conhecido como a Alexandria Ocasio-Cortez (AOC) da extrema-direita. Como ela, Madison Cawthorn é uma estrela em ascensão em seu partido ―no caso, o Republicano. Aos 25 anos, ele conquistou o título de deputado mais jovem da Câmara de Representantes. Cawthorn diz que se lançou à arena política por AOC, mas para combater suas propostas, e arrebatou o conservador Distrito da Carolina do Norte defendendo a ideia de que a fé, as liberdades e os valores norte-americanos estão sendo atacados pelas “elites costeiras e esquerdistas”, uma referência à representante de Nova York. Em sua breve carreira política, ele já acumula várias polêmicas por declarações racistas que tentou esclarecer ―e por manipular seu currículo.

Mas isso não deteve sua ascensão. Cawthorn, de olhos claros e cabelos loiros de corte perfeito, venceu com folga as primárias republicanas para disputar a vaga que Mark Meadows deixou na Câmara de Representantes ao ser nomeado chefe de Gabinete de Donald Trump. A vitória de Cawthorn não foi discutida, mas sim surpreendente, em especial para a cúpula de seu partido. Tanto Meadows como Trump haviam feito campanha a favor do rival de Cawthorn, que antes trabalhava como agente imobiliário. O triunfo despertou interesse por ele, e seu capital político disparou. Viram tanto potencial no jovem político que, em agosto passado, o convidaram para proferir um discurso na Convenção Nacional Republicana ―o importante evento do partido onde a candidatura de Trump foi oficializada.

Cawthorn, que se define como um “conservador constitucional”, contrário ao aborto e a favor das armas, sofreu um acidente de carro aos 18 anos que quase lhe custou a vida e o deixou numa cadeira de rodas. Na Convenção, ele falou sobre como superar as adversidades, da força arrasadora da juventude. Deu alguns exemplos de grandes heróis da pátria que desempenharam um papel importante quando ainda estavam na faixa dos 20. “Meu favorito é James Madison, que tinha 25 anos quando assinou a Declaração de Independência”, afirmou. Madison nunca firmou o documento. No final do discurso, com a ajuda de dois agentes, e enquanto se referia à bênção de Deus, o jovem republicano pôs-se de pé. Com um desfile de bandeiras dos EUA ao fundo, ele parecia um ex-soldado.

Cawthorn cresceu em Hendersonville, cidade de 14.000 habitantes localizada no distrito da Carolina do Norte que agora representará no Capitólio. Foi educado em casa e estudou Ciência Política na Patrick Henry College, uma faculdade evangélica na Virgínia, mas abandonou o curso depois de um semestre. Antes de sua imersão na política, Cawthorn era o único dono e funcionário de uma empresa imobiliária chamada SPQR, LLC, sem receita informada segundo um formulário de divulgação financeira que assinou antes de disputar a vaga do Congresso. No vídeo publicado no site de sua campanha, um narrador de voz profunda conta que o candidato tinha possibilidades e respaldo para ingressar na Academia Naval, mas seus planos “saíram do trilho” após o acidente de carro. Numa declaração de 2017, porém, Cawthorn admitiu que seu pedido de inscrição na Academia havia sido rechaçado antes do acidente.

Ele foi alvo de críticas por causa dessa manipulação, mas o que o catapultou para as manchetes nacionais foram as acusações de racismo. Em outubro passado, ele atacou em seu site um jornalista por trabalhar “para homens não brancos, como Cory Booker [senador negro de Nova Jersey], que busca arruinar os homens brancos disputando eleições”. Após receber uma avalanche de repreensões por seu comentário racista, incluindo o do senador Booker, o então candidato se desculpou dizendo que havia sido um “erro de sintaxe” e apagou a mensagem. Depois condenou o supremacismo branco e o racismo, lembrando que sua noiva, a personal trainer Cristina Bayardelle, é mestiça. Aos críticos, perguntou se acham possível que ele seja racista e odeie seus futuros filhos.

Conselhos

Outra mensagem que Cawthorn apagou durante o verão foi a que publicou no Instagram sobre sua visita ao Ninho da Águia, a fortaleza de Adolf Hitler em Berchtesgaden (Baviera). Na legenda da foto, o republicano se referia a Hitler como “o Führer” e dizia que a visita ao lugar, que fazia parte de sua “lista de desejos”, não o havia decepcionado. Também mencionou que o líder nazista era o “mal supremo”, mas as referências anteriores levantaram polêmica suficiente para que ele eliminasse a publicação.

Essas controvérsias pouco importaram a Trump. Durante a campanha, ele se reuniu com o jovem candidato algumas vezes em seu hotel de Washington. Segundo Cawthorn, o presidente inclusive lhe pediu conselho. “Estou sentado com o telefone nas mãos e digo: é o presidente dos EUA me pedindo conselho. Tenho 25 anos. Isso é uma loucura”, contou ele ao site Politico. Agora, Trump deve deixar a Casa Branca após um mandato ―e ele é o congressista mais jovem desde 1965.

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