_
_
_
_
_

Voto latino pode ser decisivo na Flórida, Pensilvânia e Arizona

A participação do eleitorado hispânico em alguns territórios pode provocar uma virada nas eleições presidenciais dos EUA entre Donald Trump e Joe Biden

Cartazes de campanha do lado de fora da Coral Gables Library no último dia de votação antecipada em Miami, 1º de novembro.
Cartazes de campanha do lado de fora da Coral Gables Library no último dia de votação antecipada em Miami, 1º de novembro.David Santiago (AP)
Elena Reina
Mais informações
Campaign signs of U.S. President Donald Trump and presidential nominee and former Vice President Joe Biden are seen on Election Day in Cherryville, Pennsylvania, U.S., November 3, 2020. REUTERS/Rachel Wisniewski
Eleições EUA 2020, as últimas notícias ao vivo | Trump e Biden disputam a Casa Branca em votação histórica
US President Donald Trump leaves after speaking during a Make America Great Again rally at Miami-Opa Locka Executive Airport in Opa Locka, Florida on November 2, 2020. (Photo by Brendan Smialowski / AFP)
A vitória de Trump e outras surpresas possíveis, segundo as pesquisas
FILE PHOTO: Homeless people rest in front of graffiti depicting U.S. President Donald Trump and Brazilian president Jair Bolsonaro underneath Minhocao bridge in Sao Paulo, Brazil July 22, 2019. REUTERS/Nacho Doce/File photo
Brasil prende a respiração diante das eleições que testam a potência do bolsonarismo

Neste ano os eleitores hispânicos se tornaram a minoria mais importante dos Estados Unidos. Conquistar seu voto em alguns Estados-chave pode significar uma virada nas eleições, a vitória final. Com 32 milhões de pessoas com direito a voto, 13,3% do eleitorado norte-americano, ultrapassaram o número de afro-americanos registrados, segundo cálculos do centro de pesquisas Pew Research Center. E o número não para de crescer a cada ano.

O voto latino, entretanto, não é um bloco. Do total de latinos com direito a voto no país, 59% são mexicanos; 14% porto-riquenhos; 5% de origem cubana e 22% de outras origens hispânicas, segundo dados do centro. Além disso, os dados do censo explicam que a grande maioria não é de imigrantes, muito menos sem documentos. Cerca de 75% nasceram nos Estados Unidos, de modo que suas preocupações são mais parecidas com as de qualquer outro cidadão. A crise do coronavírus, o seguro saúde, os salários e o emprego são os principais interesses dessa comunidade de eleitores, acima da migração ou da justiça racial, segundo o Latino Decisions, instituto de pesquisa de tendência democrata.

Sua participação nas urnas desde os anos oitenta tem sido tradicionalmente baixa em comparação com outros grupos. O instituto aponta que, enquanto mais de 60% da população branca ou afro-americana vota, apenas 48% dos latinos o fazem. A equipe de campanha de Joe Biden mostrou preocupação na reta final da eleição em relação à participação insuficiente de eleitores negros e latinos em Estados fundamentais como Flórida e Pensilvânia.

Apesar da participação recorde nas votações antecipadas em todo o país, os alarmes soaram na equipe de Biden. No Arizona, dois terços dos eleitores latinos registrados não tinham participado a quatro dias das eleições. Na Flórida, metade dos eleitores negros e latinos registrados tampouco, mas mais da metade dos eleitores brancos o fizera, de acordo com dados da Catalist, empresa de dados democrata.

Os chamados Estados pendulares –onde os dois candidatos têm chances semelhantes de ganhar–, nos quais a participação do eleitorado latino pode ser decisiva são, principalmente, Flórida, Pensilvânia e Arizona. Nesta terça-feira os holofotes estarão sobre eles, que se tingiram de vermelho republicano nas eleições de 2016, no que diz respeito à participação latina, pois dela pode depender a guinada favorável aos democratas, segundo a Equis Research, empresa especializada neste grupo de eleitores e também de tendência democrata.

No caso do Arizona, um dos Estados que tem mais quilômetros de fronteira com o México e concentra 24% do eleitorado latino, Trump ganhou por apenas 90.000 votos. Aqui, a empresa de pesquisa estima que, se a participação do voto branco permanecer em 48% e a dos latinos crescer para mais de 18%, Joe Biden teria uma possibilidade de vencer. Na Pensilvânia, porém, o peso latino mal chega a 6%, mas as margens entre republicanos e democratas são tão apertadas que podem acabar decidindo a eleição.

A Flórida é um caso particular. Neste Estado a população latina se divide entre cubanos e venezuelanos –com uma maioria tradicionalmente republicana e contra qualquer formação de cor progressista– e porto-riquenhos, com tendência mais democrata. Ambos os grupos representam quase o total de hispânicos no Estado. Aqui, Biden precisaria de altos níveis de participação e também de um apoio muito alto se a participação do voto branco se mantiver em 40%, para poder virar a eleição.

O também chamado “gigante adormecido” tem quase um milhão de eleitores jovens a cada ano. Os dados da votação antecipada mostraram um aumento significativo de menores de 30 anos (de todos os grupos) que votaram em massa no Texas, Flórida e Carolina do Norte a uma semana das eleições. No primeiro Estado já votaram seis vezes mais pessoas do que em 2016 e na Flórida, quase o triplo. Uma participação que em alguns casos pode significar uma vantagem para os democratas, mas algumas pesquisas também detectaram uma crescente aceitação de Trump entre homens jovens latinos e conservadores.

O republicano conquistou a Casa Branca em 2016 depois de insultar e criminalizar uma comunidade inteira, chamando seus membros de “estupradores e assassinos” e de prometer construir um muro entre o México e os Estados Unidos. Depois daquela campanha, o apoio dos latinos foi de quase 30%. Quatro anos depois, todos os holofotes se voltam novamente para o voto hispânico.

Apoie nosso jornalismo. Assine o EL PAÍS clicando aqui

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_