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O líder oposicionista venezuelano Leopoldo López chega a Madri

O político deixou ontem a residência do embaixador da Espanha em Caracas, onde estava desde abril de 2019

O líder oposicionista Leopoldo López atende a imprensa em Caracas, no dia 2 de maio de 2019.
O líder oposicionista Leopoldo López atende a imprensa em Caracas, no dia 2 de maio de 2019.JUAN BARRETO (AFP)

O dirigente oposicionista venezuelano Leopoldo López, de 49 anos, já está em Madri depois de aterrissar ao meio-dia no aeroporto Adolfo Suárez Madri-Barajas. A chegada à Espanha era aguardada com grande expectativa desde que se soube neste sábado que López havia deixado a residência do embaixador espanhol em Caracas, onde estava abrigado desde 30 de abril de 2019, depois de ter participado de um fracassado levante militar. O adversário do chavismo não se deixou ver ao sair do aeroporto de Madri e já está em casa, como indicaram ao EL PAÍS fontes familiares.

Um grande grupo de jornalistas esperava no terminal 4 do aeroporto da capital espanhola desde o início da manhã, mas a espera foi inútil, já que López não saiu pelo portão habitual de passageiros apesar de ter chegado em um voo comercial.

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Leo Alvarez/Prensa Presidencia G / DPA
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Sua esposa, Lilian Tintori, seus três filhos e seu pai, o eurodeputado Leopoldo López Gil, moram na capital espanhola. Nenhum membro da família, que se manteve discreta, foi a Barajas. Tampouco houve comitiva oficial da oposição, como aconteceu para receber o líder da oposição venezuelana e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, em janeiro deste ano, liderada justamente por Tintori. Fontes próximas à família indicaram que estão indo para sua residência para dar-lhe as boas-vindas. No entanto, esperam-se declarações posteriormente, embora não seria neste domingo.

Ainda se desconhece o périplo da saída de López. Uma das possibilidades é que tenha saído pela fronteira com a Colômbia e tomado um voo diretamente, outra que tenha saído por via marítima para a ilha de Aruba e tomado um avião em um terceiro país.

Em sua primeira mensagem no Twitter depois da divulgação de sua saída do país, López disse neste sábado que não foi uma decisão fácil e afirmou que nos próximos dias anunciará “as ações que nos propomos realizar em favor da liberdade do nosso povo”.

O representante de Juan Guaidó na Espanha, Antonio Ecarri, agradeceu a Espanha por “sua firmeza como fiadora da integridade de Leopoldo López”. Em um comunicado, disse que esta ação permitiu que hoje o líder político esteja com a família e inicie uma nova etapa como comissário residencial para a coordenação do centro de Governo. Assim como fez Guaidó no sábado, indicou que López deixou a Venezuela “burlando” as forças de segurança do Governo chavista. Isso teve consequências.

Buscas na embaixada

Durante a noite, o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) fez uma busca em um prédio residencial onde mora pessoal diplomático e das forças de segurança espanholas, aparentemente em busca do líder oposicionista Leopoldo López, informaram várias testemunhas à agência Efe. Além disso, uma fonte diplomática indicou que um segurança particular da Embaixada e uma funcionária do líder oposicionista foram presos.

O Observatório de Direitos Humanos da Assembleia Nacional e a oposição indicaram por meio de mensagens de Twitter que se trata de José Jerjes Neira, que há anos trabalha na Embaixada da Espanha, e de Nubia Campos, que se encarregava de levar a comida para López durante sua estadia no local diplomático.

A saída de López do país acontece um mês antes das eleições legislativas e coincide com a mudança iminente do embaixador espanhol em Caracas, Jesús Silva, que acolheu o político em sua residência. No entanto, fontes da família de López afirmaram ao EL PAÍS que ele “saiu voluntariamente” e que “não houve pressão alguma do Governo espanhol, longe disso”.

O dissidente, fundador do Partido Vontade Popular, passou três anos na prisão militar de Ramo Verde, dos 14 a que foi condenado por sua participação na onda de protestos contra o regime chavista de Nicolás Maduro, entre fevereiro e março de 2014, na qual 43 pessoas morreram e 3.000 ficaram feridas.

Com a mediação do ex-presidente do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, em 2017 conseguiu prisão domiciliar, depois da qual foi libertado por seus guardas e participou de um levante fracassado de um grupo de militares contra Maduro em 30 de abril de 2019, que foi apoiado pelo chefe parlamentar Juan Guaidó. Após o fracasso do levante, López se refugiou na casa do embaixador espanhol em Caracas, onde estava na qualidade de hóspede.

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