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Marcha das Mulheres faz barulho rumo às eleições dos EUA

Milhares de manifestantes vão às ruas nos Estados Unidos para protestar contra a nomeação da juíza Amy Coney Barrett ao Supremo

Manifestantes na Marcha das Mulheres este sábado na cidade de Washington.
Manifestantes na Marcha das Mulheres este sábado na cidade de Washington.TASOS KATOPODIS (AFP)
Antonia Laborde

Um mês após a morte de Ruth Bader Ginsburg, milhares de manifestantes foram às ruas da principais cidades dos Estados Unidos no sábado para homenageá-la e protestar contra a juíza conservadora Amy Coney Barrett, que está prestes a ocupar a vaga de Ginsburg no Supremo Tribunal. Os organizadores anunciaram mais de 400 protestos em todo o país, incluindo Nova York, Boston e Los Angeles.

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Washington (United States), 13/10/2020.- Supreme Court nominee Judge Amy Coney Barrett points out members of her family in the rooom after being asked as she answered questions during the second day of her confirmation hearing before the Senate Judiciary Committee on Capitol Hill in Washington, DC, USA, 13 October 2020. (Estados Unidos) EFE/EPA/SHAWN THEW / POOL
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A candidata de Donald Trump é uma católica fervorosa contrária ao aborto que gera irritação nas ativistas “pró escolha”. Barrett defendeu que, caso confirmada, sua religião não se interporá nas decisões tomadas no principal órgão da Justiça. A magistrada de 48 anos pertence a um grupo conservador de fé cristã conhecido como People of Praise, no qual entre seus papéis hierárquicos estão as “criadas”. A denominação ganhou força a partir de 2017, quando foi lançada a série O Conto da Aia, baseada no livro de Margaret Atwood. A escritora disse que se inspirou em um grupo “diferente, mas parecido” ao que pertence a magistrada.

“Esse episódio de O Conto da Aia fede”, se lia nos cartazes das mulheres que saíram no sábado para protestar em Washington. Várias vestiam capas vermelhas e toucas brancas, como os personagens da distopia de Atwood, que se transformou em um símbolo feminista. Jasmine Clarence, de Baltimore, ouviu nesta semana as audiências de Barrett no Comitê de Justiça do Senado. “Ficou claro para mim que se ela for confirmada, retirará meu direito de abortar”, afirmou.

O Supremo estabeleceu em 1973 que a Constituição garantia o direito a interromper uma gravidez. Durante a administração de Trump, entretanto, um número cada vez maior de Estados conservadores tentaram dificultar o acesso ao aborto, com o objetivo de que o Supremo Tribunal volte a se pronunciar. Com a potencial confirmação de Barrett, a balança dos nove juízes se inclinará aos conservadores, algo que muitos veem como uma ameaça aos direitos fundamentais das mulheres.

Jennifer Liston-Smith, membro da Planned Parenthood, uma organização que oferece a mulheres de poucos recursos serviços de saúde sexual e reprodutiva, pediu no palco aos milhares de participantes — a maioria de mulheres brancas — que votem em 3 de novembro. “Não podemos permitir que este Governo tire nossos direitos. Os senadores republicanos não podem permanecer em seus cargos quando roubam vagas no Supremo Tribunal”, afirmou.

A juíza Ginsburg deixou por escrito antes de morrer que desejava que fosse o próximo presidente a escolher sua substituta, um desejo que a Casa Branca ignorou. O Senado votará na quinta-feira a confirmação de Barrett.

Há quatro anos, logo depois de Trump ser eleito, milhões de manifestantes foram às ruas protestar na chamada Marcha das Mulheres. A força inicial foi diminuindo nas ruas desde então. Rachel Carmona esclarece que não desapareceu. “Somos as que nos candidatamos a mais cadeiras nas eleições legislativas de 2018 e as que votamos para quebrar um recorde de representação”. As mais de 429 marchas nos 50 Estados procuram ser outro impulso para que voltem às urnas e façam história novamente.

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