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“Se ganharmos na Flórida, está resolvido”. Depois de Trump, Biden tenta conquistar o Estado decisivo

Candidato democrata evita se dirigir à comunidade hispânica, horas depois de ser chamado de “socialista” pelo presidente dos EUA

Biden, durante seu discurso em Miramar, Flórida, nesta terça-feira.
Biden, durante seu discurso em Miramar, Flórida, nesta terça-feira.JIM WATSON (AFP)
Sonia Corona
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U.S. President Donald Trump throws a face mask from the stage during a campaign rally, his first since being treated for the coronavirus disease (COVID-19), at Orlando Sanford International Airport in Sanford, Florida, U.S., October 12, 2020. REUTERS/Jonathan Ernst
Trump chama Biden de “socialista” e o acusa de querer “entregar tudo para Cuba, Venezuela e Nicarágua”
Joe Biden, durante su discurso en Kissimmee, Florida.
Biden corteja o voto latino na Flórida ante o avanço de Trump
U.S. President Donald Trump, with bandages seen on his hand, takes off his face mask as he comes out on a White House balcony to speak to supporters gathered on the South Lawn for a campaign rally that the White House is calling a "peaceful protest" in Washington, U.S., October 10, 2020. REUTERS/Tom Brenner     TPX IMAGES OF THE DAY  REFILE - ADDITIONAL CAPTION INFORMATION
Covid-19, sequestro de democrata e troca na Suprema Corte. O caos se apodera da campanha nos EUA

Joe Biden dedicou um dia inteiro a falar da gestão da pandemia do coronavírus por Donald Trump. O candidato democrata visitou nesta terça-feira o Estado da Flórida, uma região decisiva para a vitória nas eleições do próximo dia 3, e em duas reuniões no condado do Broward afirmou que o Governo não evitou que a covid-19 continuasse avançando a passos largos nos Estados Unidos. “Este presidente soube em janeiro, quando as agências de inteligência o informaram detalhadamente, que se tratava de uma doença extremamente perigosa e transmissível”, afirmou. Biden esteve com um grupo de aposentados num asilo e depois fez um pequeno comício, onde seus simpatizantes se mantiveram nos seus carros.

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Horas antes, Trump também havia estado na Flórida e o atacara chamando-o de “socialista” e afirmando que o democrata buscaria favorecer os regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua. Apesar da ofensiva do presidente —e dos questionamentos recorrentes dos hispânicos da península sobre a relação do democrata com os Governos latino-americanos—, Biden evitou mencionar o assunto. Os latinos representam 20% do eleitorado da Flórida, que nos últimos anos se tornaram um setor crucial para ganhar as eleições. A maioria tem origem em países como Cuba, Venezuela, Colômbia, Porto Rico e República Dominicana.

A distância interpessoal tem sido uma constante nos atos organizados para a campanha democrata. Em Pembroke Pines, uma comunidade ao norte de Miami, o candidato chegou a um asilo de idosos e falou diante de um reduzido grupo de pessoas sobre a necessidade de fortalecer a saúde através da Lei da Saúde Acessível, que ele mesmo fez tramitar quando foi vice-presidente do país, no Governo de Barack Obama. Do lado de fora da instituição, um punhado de simpatizantes —todos de máscara— se aproximou para cumprimentar Biden, mas só o viram passar por alguns segundos. Toby Milman, uma enfermeira de 79 anos, queria falar com candidato sobre sua preocupação com o avanço do coronavírus. “Temos grandes problemas, nunca tinha visto algo assim neste país, e espero que o assunto do vírus não piore e que logo possamos deixar isto atrás”, comentava enquanto apontava para a sua máscara.

Depois, Biden se deslocou a Miramar, uma comunidade com uma importante população de afro-caribenhos —300.000 jamaicanos— e afro-americanos, onde também compartilhou sua preocupação sobre a gestão da pandemia no governo Trump. “Quanto mais tempo ele passa na presidência, mais temerário se torna. Mais três semanas e esta loucura acabará”, afirmou ao público reunido neste peculiar comício, onde as pessoas estacionaram seus carros num parque e, sem saírem dos veículos, ouviram o discurso do candidato, preservando a distância de segurança. A Flórida foi um dos Estados mais castigados pelo vírus até agora, com 736.000 casos confirmados e 15.400 mortes, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. “Muita gente já não está mais aqui por negligência dele”, acrescentou Biden, referindo-se a Trump.

A campanha do democrata fez uma seleção quase cirúrgica dos setores que o candidato deve atender. Esta é a terceira vez que o democrata visita a Flórida em menos de um mês. Em 15 de setembro esteve em Kissimmee, uma região com uma ampla população de porto-riquenhos, perto de Orlando; em 5 de outubro viajou a Little Havana e Little Haiti, duas comunidades de Miami onde cubanos e haitianos se estabeleceram. “Se ganharmos na Flórida, está resolvido”, mencionou ele em seu comício. Os aplausos a esta frase foram substituídos por um buzinaço. Na quinta-feira, Trump e seu vice, Mike Pence, farão alguns comícios em Miami, mantendo sua luta por ganhar os votos do Estado sulista, uma vez que o voto presencial antecipado na Flórida começa já na próxima segunda-feira, 19 de outubro.

A atenção que a Flórida recebe por parte dos candidatos a menos de três semanas das eleições é tão significativa como sua importância na noite eleitoral: é o maior dos chamados Estados-pêndulos, com 29 dos 270 votos do Colégio Eleitoral que qualquer candidato necessita para se tornar presidente dos Estados Unidos. Os hispânicos se tornaram um grupo demográfico de especial interesse político, dado o crescimento das comunidades de imigrantes nesta região nas últimas décadas. Biden luta pelo voto hispânico na Flórida e valeu-se da ajuda de estrelas latinas em seus comícios, assim como de anúncios personalizados e geolocalizados com sotaques segundo o leque latino-americano na península, embora nesta terça-feira eles não fossem o carro-chefe da campanha.

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