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Trump é vaiado ao prestar homenagem à juíza Ginsburg: “Votem para tirá-lo!”

Presidente comparece ao velório da magistrada dois dias antes da data em que afirmou que nomeará a mulher que a substituirá na mais alta instância judicial do país

Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump prestam homenagem diante do caixão de Ruth Bader Ginsburg.
Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump prestam homenagem diante do caixão de Ruth Bader Ginsburg.JONATHAN ERNST (Reuters)
Pablo Guimón

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi recebido com sonoras vaias nesta quinta-feira, quando, ao lado da primeira-dama, compareceu ao velório da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg, que morreu na semana passada. “Votem para tirá-lo!”, gritou, na chegada do presidente, um grupo de pessoas reunidas para homenagear Ginsburg, lenda da justiça norte-americana e ícone das causas progressistas.

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A juíza descansa desde ontem na Suprema Corte, que integrou durante 27 anos, onde milhares de cidadãos se aproximaram para dar-lhe o último adeus. Na sexta-feira, a capela ardente de Ginsburg estará no Capitólio, antes de ser enterrada, ao lado do marido, que morreu em 2010, em uma cerimônia privada no Cemitério Nacional de Arlington, Virgínia.

Os Trump chegaram pela manhã, usando máscaras, e ficaram alguns minutos de pé em silêncio diante do caixão da juíza, coberto por uma bandeira norte-americana. Em seguida, voltaram à caravana presidencial em direção à Casa Branca. “Honre seu desejo!”, também gritou o grupo reunido diante da Suprema Corte, em referência à vontade supostamente expressa por Ginsburg a seu filho, em seu leito de morte, para que sua vaga fosse preenchida pela pessoa nomeada pelo presidente que sair das eleições de 3 de novembro.

O presidente não demorou nem 24 horas, desde que a notícia da morte foi divulgada, para anunciar que se dispunha a fazer a substituição de Ginsburg, apesar de faltar pouco mais de um mês para as eleições. Os nove magistrados da Suprema Corte ocupam cargos vitalícios e, quando um posto fica vago, cabe ao presidente indicar um novo magistrado, que deve ser referendado pelo Senado. Há quatro anos, dez meses antes das eleições, os republicanos, que então, assim como hoje, detinham a maioria na Câmara Alta, se recusaram a sequer iniciar a confirmação do juiz proposto pelo democrata Barack Obama, alegando que, em ano eleitoral, convinha esperar para que fosse nomeado pelo presidente saído das urnas.

Desta vez não tiveram reparos em mudar radicalmente de critério e tudo indica que terão a maioria simples de que necessitam para aprovar a nomeação da juíza (Trump disse que será uma mulher) proposta pelo presidente para ocupar a vaga de Ginsburg. Trump anunciou que, uma vez terminada a homenagem pública à juíza Ginsburg, anunciará sua candidata na tarde deste sábado. A substituição de Ginsburg por uma juíza conservadora, processo chamado a marcar a reta final da campanha eleitoral, consolidaria durante décadas o viés direitista da mais alta instância judicial do país.

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