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EUA têm nova onda de protestos após policial atirar nas costas de homem negro em Wisconsin

Jacob Blake, de 29 anos, está em estado grave. Vídeo feito por um transeunte registrou a agressão e desencadeou manifestações contra o racismo desde domingo

Manifestantes na segunda noite de protestos em Kenosha, Wisconsin, contra operação policial.
Manifestantes na segunda noite de protestos em Kenosha, Wisconsin, contra operação policial.Brandon Bell (AFP)
Sonia Corona
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8 minutos e 46 segundos: um símbolo de protesto contra o racismo nos Estados Unidos

Um novo ataque de um policial contra um negro provocou protestos contra o racismo nos Estados Unidos. São 20 segundos, registrados em vídeo por um transeunte: dois policiais tentam prender Jacob Blake, de 29 anos, mas ele os ignora e se dirige para seu carro enquanto os agentes o seguem apontando armas para ele, até que um deles tenta prendê-lo e, como não consegue, atira em suas costas por várias vezes. O caso ocorreu na tarde de domingo em Kenosha, Wisconsin. O ataque desencadeou protestos contra a polícia no mesmo local em que o homem foi agredido, na noite de domingo e nesta segunda.

Pessoas que estavam na área dizem que o policial atirou pelo menos sete vezes em Blake, que está em estado grave em um hospital em Milwaukee. Os agentes foram ao local atendendo a um chamado sobre um “incidente doméstico”, uma discussão entre duas mulheres na qual Blake interveio para tentar apaziguá-la. De acordo com o advogado da família de Blake, Ben Crump, os três filhos de Blake estavam dentro do carro quando a polícia atirou nele. “Quantas tragédias como esta serão necessárias para que acabe o descaso da polícia com a vida dos negros?”, disse ele em nota. Crump também representa a família de George Floyd, assassinado em 25 de maio pela polícia.

Policial aponta a arma para as costas de Jacob Blake. No vídeo, o momento do disparo (legendas em espanhol).

“Sabemos claramente que ele não é o primeiro homem ou pessoa negra a ser alvo de tiros ou ferido ou assassinado sem piedade em mãos de membros das forças da ordem em nosso Estado ou nosso país”, escreveu em sua conta do Twitter o governador do Wisconsin, Tony Evers. O Departamento de Justiça de Wisconsin informou que foi dada “baixa administrativa” aos policiais envolvidos no tiroteio enquanto o caso é investigado.

No domingo, os grupos de manifestantes que se reuniram incendiaram vários carros, levando as autoridades da cidade a decretar toque de recolher. O governador Evers convocou a Guarda Nacional dos Estados Unidos para atuar na cidade diante da convocação de novos protestos, que ocorreram na segunda-feira. Os últimos protestos contra ataques policiais a negros em Wisconsin ocorreram em 2016. Na época, um policial matou a tiros Sylville K. Smith, de 23 anos, que cometera uma infração de trânsito em Milwaukee.

Estado

Blake está em estado grave, mas estável, em um hospital em Milwaukee. Seu pai disse à imprensa americana que o jovem sofre de paralisia da cintura para baixo e que os médicos ainda não sabem se será sua condição permanente. Ele foi operado, mas ainda terá que passar por várias outras cirurgias nos próximos dias. O laudo médico indica que ele tem danos significativos na coluna e várias de suas vértebras, além de ferimentos à bala no estômago, rins, fígado e grande parte dos intestinos. “Ele está lutando por sua vida e será um milagre voltar a andar”, disse o advogado Crump.

A família compareceu à imprensa para exigir das autoridades mais informações sobre a investigação. “Meu filho levou sete tiros. Sete vezes! Como se ele não importasse“, disse o pai, Jacob Blake Sênior, com a voz embargada em uma entrevista coletiva. “Ele é um ser humano e isso é importante”, acrescentou. “Isso não é novo. Não estou triste. Sinto muito. Estou chateada. Parei de chorar anos atrás. Eu não sinto mais nada. Há anos que vejo a polícia assassinar pessoas que se parecem comigo“, disse uma das irmãs de Blake.

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