_
_
_
_
_

Dezenas de milhares de argentinos se manifestam contra o Governo de Alberto Fernández

Alvo dos protestos é a reforma judicial apresentada pelo Executivo em plena quarentena pela pandemia da covid-19

Manifestação contra o Governo de Alberto Fernández junto ao obelisco de Buenos Aires, nesta segunda-feira. Em vídeo, milhares de argentinos saem às ruas contra a reforma judicial do Governo.
Manifestação contra o Governo de Alberto Fernández junto ao obelisco de Buenos Aires, nesta segunda-feira. Em vídeo, milhares de argentinos saem às ruas contra a reforma judicial do Governo.Natacha Pisarenko (AP)
Enric González

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram nesta segunda-feira em numerosas cidades argentinas contra o Governo de Alberto Fernández. O protesto, convocado nas redes sociais com o ator Luis Brandoni como liderança visível, rechaçou muito concretamente a reforma judicial proposta pelo Executivo e vista como uma manobra para assegurar a impunidade da vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner em seus julgamentos por corrupção. Também revelava um cansaço com uma quarentena que entra já no sexto mês.

Mais informações
Argentina's President Alberto Fernandez announces, accompanied by members of his cabinet, judiciary reforms, at the Casa Rosada presidential palace, amid the coronavirus disease (COVID-19) outbreak, in Buenos Aires, Argentina July 29, 2020. Esteban Collazo/Argentina Presidency/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. NO RESALES. NO ARCHIVES
Fernández apresenta uma ambiciosa reforma para superar suposta politização da Justiça argentina
vacuna
Argentina e México produzirão vacina de Oxford para a América Latina. Brasil já tem acordo próprio
Buenos Aires (Antigua And Barbuda), 12/08/2020.- Argentine President Alberto Fernandez during a press conference to announcing that Argentina and Mexico will produce and distribute an experimental coronavirus vaccine, at the Olivos Presidential residence in Olivos, Buenos Aires, 12 August 2020. Argentina will manufacture the vaccine, while Mexico will provide packaging and 'equitable' distribution throughout the region, except for Brazil. (Brasil) EFE/EPA/JUAN MABROMATA / POOL
Negociar com o FMI e estabilizar a economia, os próximos desafios da Argentina

A maior marcha ocorreu em Buenos Aires, à tarde. Milhares de veículos bloquearam a avenida 9 de Julho, a principal da capital, tocando buzinas e agitando bandeiras nacionais, enquanto nutridos grupos de pedestres gritavam em coro lemas a favor da liberdade e contra a corrupção. Os participantes eram, de forma quase unânime, eleitores de Mauricio Macri na eleição do ano passado e essencialmente antiperonistas, mas pouquíssimos dirigentes da oposição política aderiram ao protesto. A presença mais notável, com Macri de férias na França, foi a de Patricia Bullrich, presidenta do partido Proposta Republicana. Horacio Rodríguez Larreta, o opositor com mais poder por seu cargo como chefe de Governo da cidade de Buenos Aires, não participou, limitando-se a pedir aos manifestantes que mantivessem as medidas de precaução contra a pandemia.

Em 9 de julho, data nacional argentina, Buenos Aires já havia acolhido uma manifestação com mais imprudência (poucas máscaras, nenhuma distância de segurança), um ambiente mais tenso e menos participantes. No protesto desta segunda, com raras exceções os participantes usavam máscaras, embora a aglomeração impedisse a distância interpessoal, e não deixou margem ao Governo para culpar quatro exaltados: foram muitos, em um ambiente pacato.

Havia alguns partidários de teorias conspiratórias (um que se negava de antemão a se vacinar contra a covid-19, outra que exigia o uso maciço de dióxido de cloro como terapia etc.), mas os gritos e cartazes mais comuns eram de críticas à vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, contra a reforma judicial (interpretada como uma manobra para livrá-la dos juízes mais flexíveis), contra a corrupção em geral, contra a criminalidade e contra a quarentena, popularmente chamada quarenterna, que mantém milhares de negócios fechados.

O protesto anterior, em 9 de julho, causou um repique notável nos contágios. O Governo utilizou esse antecedente para tentar esfriar a convocação desta semana. O ministro da Saúde, Ginés González García, considerou “absolutamente desnecessário em um momento de risco expor as pessoas por uma ideia política”. “Que cada um arque com a responsabilidade que lhe caiba por convocar este tipo de coisas”, disse o presidente Alberto Fernández. Também o vice-prefeito de Buenos Aires, Diego Santilli, de oposição, fez ressalvas às concentrações: “Não acredito que a marcha seja conveniente”, comentou.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_