_
_
_
_
_

Argentina assume “default suave” e prorroga negociações com credores até 2 de junho

Governo deixará de pagar uma parcela de 503 milhões de dólares nesta sexta-feira

Federico Rivas Molina
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, cumprimenta uma profissional da saúde nesta quinta-feira, 21 de maio, em Santiago del Estero.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, cumprimenta uma profissional da saúde nesta quinta-feira, 21 de maio, em Santiago del Estero.ESTEBAN COLLAZO (AFP)
Mais informações
El presidente de Argentina, Alberto Fernández, y el ministro de Economía, Martín Guzmán, analizan la oferta a los acreedores, el sábado 9 de mayo.
Argentina negocia com urgência três contrapropostas de seus credores para evitar um ‘default’
El ministro de Economía de Argentina, Martín Guzmán, en su despacho de Buenos Aires el 11 de marzo pasado.
Martín Guzmán, ministro argentino: “Queremos transformar a Argentina em um bom devedor”
-FOTODELDIA- AME7509. SAO PAULO (BRASIL), 04/05/2020.- Una familia, todos con mascarilla de protección, permanece cerca a una estación de metro este lunes, en Sao Paulo (Brasil). El uso de máscaras comenzó a ser obligatorio este lunes en el transporte público de Sao Paulo, el estado más poblado de Brasil y el más golpeado por la pandemia con 2.627 fallecidos y 31.772 infectados por COVID-19. El país reportó hasta este domingo el total de infectados en 101.147. EFE/ Fernando Bizerra
A América Latina diante do Grande Apagão

O Governo da Argentina anunciou na noite desta quinta-feira que prorrogará até 2 de junho sua oferta de troca de bônus da dívida, o que na prática significa que deixará de pagar uma parcela de 503 milhões de dólares (2,79 bilhões de reais), colocando a dívida externa do país sul-americano em default ― em português, um calote técnico. Isso porque será um default suave. Os credores não parecem interessados em ir aos tribunais enquanto houver a possibilidade de um acordo.

Até o momento, a proposta do ministro da Economia, Martín Guzmán ― baseada em um prazo de três anos sem fazer pagamentos, numa redução de 3,6 bilhões de dólares do valor principal (sobre um total de 66,24 bilhões) e uma forte redução dos juros (de 7% para 2,3% em média) ― não convenceu os donos dos bônus argentinos. O primeiro prazo de adesão à proposta terminou em 8 de maio com um apoio estimado inferior a 20%. O presidente Alberto Fernández então prorrogou as negociações até 22 de maio, quando se completa o mês de tolerância de três bônus que a Argentina deixou de pagar em abril. Fontes do Ministério da Economia confirmaram que não haverá pagamento algum nesta sexta-feira, porque os títulos vencidos fazem parte da troca de papéis oferecida aos credores.

Não haverá pagamento, mas tampouco consequências imediatas, porque a negociação continua. Desde 8 de maio, Governo e credores aproximaram suas posições. Os portadores dos títulos da dívida apresentaram três propostas de troca que agora estão sendo analisadas pelo Governo. O ministro Guzmán já tinha antecipado que o 22 de maio seria uma data apenas simbólica, porque estavam “trabalhando duro” com os credores. As partes devem encontrar um ponto intermediário entre os 40 centavos de dólar que a Casa Rosada propõe e os 60 que os credores mais duros exigem.

Em um extenso comunicado, o Governo argentino afirmou que “continua recebendo opiniões e sugestões de investidores a respeito de diferentes caminhos para melhorar o valor de recuperação”. “A República [Argentina] se encontra analisando estas sugestões para maximizar o apoio dos investidores, preservando ao mesmo tempo seus objetivos de sustentabilidade da dívida (…). A Argentina e seus assessores pretendem aproveitar esta prorrogação para continuar com as discussões e permitir aos investidores que sigam contribuindo com uma reestruturação bem-sucedida da dívida”, afirma o texto divulgado pelo Ministério da Economia.

A negociação recebeu uma vez mais o respaldo do Fundo Monetário Internacional, o principal credor da Argentina. No fim de março, o FMI publicou um relatório técnico em que calculou um alívio de 55 a 85 bilhões de dólares para que a dívida argentina seja sustentável no longo prazo. Horas antes desta nova prorrogação, o porta-voz do organismo, Gerry Rice, reiterou que o Fundo apoia as negociações de Buenos Aires com os donos dos papéis. “Não queria especular aqui sobre o resultado dessas negociações, o que quero dizer é que estamos animados com a vontade de ambas as partes de continuar negociando”, disse. A Argentina tem agora 10 dias pela frente para alcançar um acordo.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_