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Argentina

Argentina negocia com urgência três contrapropostas de seus credores para evitar um ‘default’

Governo de Alberto Fernández deve fechar um acordo antes de 22 de maio

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o ministro da Economia, Martín Guzmán, analisam uma oferta aos credores, no sábado 9 de maio.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o ministro da Economia, Martín Guzmán, analisam uma oferta aos credores, no sábado 9 de maio.Europa Press
Enric González

O Governo argentino já tem sobre a mesa contrapropostas de seus credores. Os três grandes grupos de donos de bônus, o Comitê Argentino de Credores, o Exchange Bondholders e o Grupo Argentina Ad Hoc, apresentaram no final de sexta-feira três ofertas diferentes para negociar um acordo que evite o default (suspensão de pagamentos) argentino. O prazo termina na próxima sexta-feira, 22 de maio. Será uma semana de altíssima tensão.

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O ministério da Economia emitiu um comunicado em que disse já estar analisando “as características dessas propostas e suas implicações ao objetivo de restaurar a sustentabilidade da dívida pública”. Horas antes da documentação chegar ao ministério, o ministro, Martín Guzmán, realizou uma videoconferência com o Conselho de Relações Exteriores de Nova York, um dos think tanks mais influentes dos Estados Unidos, em que admitiu que o período de indulgência pedido pela Argentina, três anos nos quais não pagariam o valor principal e os juros, seria “um dos aspectos mais críticos” da negociação.

Os credores consideram excessivo o tempo de três anos, ainda que já tenha diminuído em relação aos cinco recomendados inicialmente pelo Fundo Monetário Internacional. O Governo argentino, por sua vez, os considera imprescindíveis para acumular reservas em divisas durante esse tempo e estabilizar o peso (que há dois anos era trocado a 20 por dólar, e agora, no mercado clandestino, supera os 130), com o objetivo de fomentar a economia em moeda própria e atenuar a avidez pela divisa norte-americana. O Banco Central estima que pessoas e empresas argentinas tenham 219 bilhões de dólares (1,28 trilhão de reais) em dinheiro vivo.

Ao Conselho de Relações Exteriores, Guzmán afirmou que o Governo de Alberto Fernández não quer “repetir os mesmos erros do passado”, quando os acordos com os donos de bônus acabavam não se cumprindo, e que só será aceitável uma reestruturação de dívida “sustentável”, que permita manter uma “relação de confiança” com os credores. Ele se declarou “flexível” para negociar nos próximos dias e preferiu não contemplar a possibilidade de que na próxima sexta-feira a Argentina caia no nono default soberano de sua história. Comentou que se isso ocorresse “seria um péssimo sinal a todas as economias emergentes”.

Sobre uma dívida soberana próxima a 68 bilhões de dólares (395 bilhões de reais), Martín Guzmán pede o rebaixamento dos juros médios de 7% a 2,3%, realizar um pagamento de quase 4 bilhões (23 bilhões de reais) sobre o valor principal e ter três anos de indulgência. No total, isso reduziria o ganho previsto pelos investidores em mais de 40 bilhões (232 bilhões de reais). “Não propomos que percam dinheiro, somente que ganhem menos”, afirmou várias vezes o presidente, Alberto Fernández.

Em paralelo, a província de Buenos Aires, com uma dívida de 7,148 bilhões de dólares (41 bilhões de reais), também negocia com seus credores para evitar o default. Na semana passada não pagou dois vencimentos no valor total de 113 milhões (657 milhões de reais). Se chegar ao dia 26 sem um acordo com os donos de bônus, o default será oficial. Os analistas consideram, de qualquer modo, que o resultado será o mesmo ao Governo nacional e à província de Buenos Aires, porque as negociações estão coordenadas: ou ambos se acertam com os credores, ou ambos caem na suspensão de pagamentos e no litígio com os donos de sua dívida.

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