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Trump ameaça suspender imigração para os Estados Unidos por causa da pandemia

Presidente dispara um tuíte anunciando uma medida que fecharia o país a novos residentes estrangeiros “para proteger os empregos” dos norte-americanos

Um terminal vazio no aeroporto de Atlanta, nesta segunda-feira.
Um terminal vazio no aeroporto de Atlanta, nesta segunda-feira.CARLOS BARRIA (REUTERS)
Pablo Ximénez de Sandoval

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou na noite desta segunda-feira a ameaça de “suspender a imigração” para o seu país, alegando a intenção de “proteger os empregos dos grandes cidadãos americanos”. Acrescentou que fará isso por meio de uma ordem executiva (equivalente a uma medida provisória no sistema brasileiro). Trump fez o anúncio via Twitter e não ficou claro imediatamente a que se referia o presidente, se essa ordem executiva existe ou se seria factível. Tudo isso em meio à crise sanitária pela Covid-19, que já deixou mais de 42.000 mortos e 787.901 infectados no país.

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Segundo fontes anônimas conhecedoras do plano, citadas pelo The New York Times, a medida poderia ser assinada nos próximos dias e afetará vistos de trabalho e autorizações de residência permanentes (green card). Se concretizada, acarretaria o fechamento dos Estados Unidos à imigração legal, como já acontece para a irregular, um plano que sempre esteve na agenda mais extremista do presidente. Os Estados Unidos concederam no ano passado mais de 400.000 vistos para imigrantes.

Em nenhum momento durante os últimos dias ou na entrevista coletiva desta segunda-feira Trump tinha indicado um movimento semelhante. Seu Governo havia suspendido previamente a entrada nos EUA para a maioria dos vistos e tinha praticamente fechado as entradas da China e Europa, exceto para mercadorias e residentes permanentes. A situação causada pelo coronavírus tinha levado também a suspender a maioria dos serviços consulares no exterior, o que, somado às restrições de viagem, na prática levou à suspensão na tramitação de vistos.

A ameaça chega quando a crise sanitária está deixando em evidência as contradições da agressividade de Trump contra os imigrantes. Ainda no último dia 1º, ele prometia que os programas de vistos temporários para trabalhadores rurais prosseguiriam. “Queremos que venham”, disse Trump. “Não estamos fechando a fronteira para que toda essa gente não tenha como entrar. Eles estão aí há anos, e dei minha palavra aos fazendeiros: vão continuar vindo”.

Ao mesmo tempo, a Administração de Trump pediu a todos os profissionais qualificados que possam ajudar na luta contra o coronavírus que acelerem seus vistos. “Estimulamos os profissionais médicos que procuram trabalho nos Estados Unidos com um visto de trabalho ou de intercâmbio, especialmente aqueles que trabalham em temas de Covid-19, a entrarem em contato com a embaixada ou consulado mais próximo para marcar uma entrevista”, tuitou o Departamento de Estado. Depois, esclareceu que se referia a processos de imigração já em andamento, não novos.

Quanto aos imigrantes indocumentados, os Estados Unidos reconheceram nos últimos dias que na prática são imprescindíveis para realizar certos trabalhos e que são parte da sociedade nas grandes cidades. Os trabalhadores rurais estão sendo protegidos por seus empregadores, e sem eles não haveria comida fresca nos supermercados. Além disso, a polícia de imigração anunciou publicamente que suspenderia as detenções de imigrantes indocumentados que não tivessem antecedentes graves, para evitar que muitos, temendo uma denúncia, deixem de ir ao médico se contraírem a doença.

Donald Trump fez campanha e chegou à Casa Branca atacando a imigração e com uma agenda nativista. Em seu discurso, qualquer problema dos Estados Unidos tem origem na chegada de estrangeiros, seja a criminalidade violenta ou as dificuldades econômicas da classe assalariada. Na gestão da crise do coronavírus, em que milhões de norte-americanos perderam seus trabalhos e a economia entra em uma incerteza sem precedentes conhecidos, Trump tinha começado a chamar o coronavírus de “vírus chinês”, uma expressão que lhe valeu críticas de racismo. Até agora, entretanto, não havia relacionado diretamente a imigração com a crise sanitária e econômica que os Estados Unidos estão vivendo.

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