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Cuba acusa os EUA de impedir suas compras de medicamentos e respiradores

Havana envia segunda brigada médica à Itália composta por 38 profissionais que trabalharão em Turim

Chegada a Turim de 38 profissionais de saúde cubanos, na segunda-feira, no aeroporto da cidade italiana.
Chegada a Turim de 38 profissionais de saúde cubanos, na segunda-feira, no aeroporto da cidade italiana.Alessandro Di Marco (EFE)
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FILE - In this Monday, March 23, 2020 file photo, a man crosses 42nd Street in front of Grand Central Terminal during morning rush hour in New York. Gov. Andrew Cuomo has ordered most New Yorkers to stay home from work to slow the coronavirus pandemic. (AP Photo/Mark Lennihan, File)
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Cuba denuncia que a política de embargo dos Estados Unidos está impedindo suas compras de medicamentos e respiradores, enquanto continua enviando brigadas médicas ao estrangeiro para colaborar no combate contra a pandemia de coronavírus. Como informou na segunda-feira a Chancelaria cubana, duas empresas médicas que habitualmente forneciam à ilha equipamentos de ventilação artificial, fundamentais ao tratamento dos casos graves de coronavírus, suspenderam suas relações comerciais com a ilha após ser adquiridas por uma corporação norte-americana.

Segundo a imprensa oficial, trata-se da fabricante suíça IMT Medical e a empresa Acutronic. Essas empresas passaram a fazer parte da corporação norte-americana Vyaire Medical em 2018, e após a incorporação expressaram sua incapacidade para continuar fazendo negócios com Cuba. “Lamentavelmente, a diretriz corporativa que temos hoje em dia é suspender toda a relação comercial com a Medicuba; a única maneira de que possamos retomar o trabalho conjunto é por meio de uma licença da OFAC [Oficina de Controle de Ativos Estrangeiros] expedida pelo Departamento de Tesouro dos Estados Unidos e que ainda não temos”, notificaram as companhias à empresa estatal cubana responsável pela importação de provisões médicas, disse o diretor geral da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Eugenio Martínez, ex-embaixador de Cuba na Espanha.

O Governo de Havana acusa Washington de dificultar sistematicamente o acesso a medicamentos e provisões médicas que a ilha precisa, o que a obriga a adquiri-los em mercados muito mais distantes, como a China, pagando o transporte e sofrendo demoras desnecessárias. “Há um grupo de recursos que nós adquirimos e que se pudéssemos comprar nos EUA nos favoreceria, porque é um mercado muito mais próximo”, afirmou o vice-presidente da Medicuba, Lázaro Silva.

De acordo com o jornal Granma, uma doação de máscaras, kits de detecção e respiradores por parte do empresário chinês Jack Ma, fundador da empresa Alibaba ―que já doou grandes quantidades desses produtos a países da Europa, Ásia, os EUA e a América Latina, afetados pela Covid-19― não pôde chegar à ilha. A empresa de transporte norte-americana contratada para realizar o envio “desistiu de fazê-lo no último momento”, afirma Havana, dizendo que o embargo em vigor proíbe o serviço. As autoridades afirmam que no ano passado as perdas do sistema de saúde pelas sanções chegaram a 160 milhões de dólares (816 milhões de reais), de modo que pedem o levantamento imediato do embargo para enfrentar em melhores condições a pandemia da Covid-19.

Enquanto isso, Cuba continua com sua política de diplomacia médica. Na segunda-feira chegou na Itália uma segunda brigada sanitária, composta por 21 médicos e 17 enfermeiras que trabalharão em Turim, cidade severamente afetada pela pandemia. A equipe, integrada por especialistas em terapia intensiva, epidemiologistas, pneumologistas e médicos integrais, se soma ao contingente de 53 profissionais de saúde que integram a brigada enviada à Lombardia no final de março. A maioria dos médicos e profissionais de saúde que integram a brigada já prestou serviço anteriormente em situações de desastre e crises sanitárias internacionais, incluindo o surto de ebola na África.

Hoje, aproximadamente 1.200 profissionais cubanos de saúde oferecem sua colaboração na luta contra o coronavírus em 19 países, a maioria do Caribe e América Latina, mas também em Angola, Togo, Itália e Andorra. No total, aproximadamente 30.000 profissionais médicos ―a maioria na Venezuela― trabalham hoje em 60 países, uma colaboração que os EUA criticam por considerá-la uma arma de propaganda e porque as autoridades da ilha supostamente “exploram” seus médicos. Havana considera as acusações como um insulto e desafia a Administração de Trump a enviar ajuda aos países que precisam em vez de continuar com sua política de asfixia econômica contra a ilha.

Em Cuba foram diagnosticados 726 casos e 21 mortes, mas as autoridades alertam que nos próximos dias o número de contágios aumentará. Os prognósticos dizem que aproximadamente dentro de um mês a ilha registrará o pico da epidemia. Cuba suspendeu o transporte público no final de semana, fechou as maiores atividades comerciais e endureceu as medidas de isolamento, sem chegar ainda a estabelecer uma quarentena nacional obrigatória. Reduzir as grandes filas nas lojas, provocadas pelo desabastecimento crônico de artigos de primeira necessidade, se transformou no grande desafio na batalha contra o coronavírus.

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