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Morrem dois passageiros do cruzeiro em quarentena no Japão

Dois octogenários japoneses foram as primeiras vítimas a morrerem no navio, onde mais de 620 pessoas foram contaminadas

Um ônibus retira passageiros do cruzeiro ‘Diamond Princess’.
Um ônibus retira passageiros do cruzeiro ‘Diamond Princess’.Eugene Hoshiko (AP)

O Governo do Japão confirmou nesta quinta-feira a morte de dois passageiros do navio de cruzeiro Diamond Princess, posto em quarentena por duas semanas com mais de 3.700 pessoas a bordo no porto de Yokohama por causa da presença de um caso da Covid-19 na embarcação. Trata-se de dois cidadãos japoneses, um homem de 87 anos e uma mulher de 84, que contraíram o coronavírus a bordo.

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Eles foram hospitalizados em 11 e 12 de fevereiro, respectivamente, e ambos sofriam de enfermidades prévias, segundo a emissora de televisão japonesa NHK. São as primeiras vítimas mortais do navio, em que mais de 620 pessoas foram contaminadas, informou o Ministério da Saúde local nesta quinta-feira. Agora já são três mortes pela Covid-19 no Japão.

O Diamond Princess está atracado há duas semanas no porto de Yokohama. A descoberta de um caso de infecção pelo coronavírus dentro do navio – um passageiro que desceu em Hong Kong em 1º de fevereiro – fez que as autoridades japonesas decidissem manter os 3.771 ocupantes, entre passageiros e tripulação, isolados por duas semanas em seus camarotes, salvos saídas excepcionais ao convés.

Nesse período, pelo menos 620 pessoas foram contaminadas, incluindo 79 casos confirmados na quarta-feira. Apesar dos novos diagnósticos, as autoridades japonesas respeitaram o fim da quarentena, previsto para 19 de fevereiro, e desde quarta-feira centenas de passageiros estão desembarcando. A operação, que vai até sexta-feira, só permite que deixem o navio aqueles que deram negativo para o vírus e não padecem sintomas; enquanto isso, os passageiros que compartilharam camarote com pessoas infectadas deverão ficar no navio até nova ordem.

Segundo o Ministério de Saúde japonês, os 2.666 passageiros – mas não os 1.105 tripulantes – foram submetidos ao exame de detecção do coronavírus. A operadora do cruzeiro decidirá quando a tripulação que não foi infectada poderá desembarcar.

Embora as autoridades japonesas defendam a forma como geriram a questão do Diamond Princess, as críticas se intensificaram. Um dia antes do início dos desembarques, um infectologista japonês entrou no navio e posteriormente, num vídeo publicado no YouTube, descreveu a cena como “completamente caótica”. No mesmo vídeo, o doutor Kentaro Iwata, do Hospital Universitário de Kobe, critica o escasso protocolo de prevenção de contágios no navio e alerta que os passageiros que já desembarcaram ―alguns examinados há duas semanas― ainda podem ter contraído a enfermidade posteriormente: “Não me surpreenderia se contagiarem outros”, alerta.

Nova mudança no critério de diagnóstico em Hubei

A Comissão Nacional de Saúde da China informou nesta quinta-feira o número mais baixo de novos casos do coronavírus desde 23 de janeiro, quando Wuhan, epicentro da epidemia, foi isolada. Ao todo, foram 394 novos casos confirmados nas últimas 24 horas, sendo 349 em Hubei. Essa província teve uma drástica redução em comparação aos 1.693 novos casos registrados no dia anterior.

A queda se deve a uma nova mudança de critério no diagnóstico em Hubei, província da qual Wuhan é a capital. Enquanto há uma semana as autoridades provinciais acrescentavam como contagiados os pacientes que apresentassem sinais de pneumonia em exames por tomografia ―o que fez que em um só dia se multiplicassem por 10 os novos casos―, nesta quarta-feira foi retomado o critério inicial. Este só inclui como infectados aqueles que derem positivo em um exame de ácido nucléico.

Ao todo, o número de casos chega a 74.675, com 2.121 mortes, 115 a mais que na quarta-feira. Pelo menos 16.192 pessoas já se curaram.

Daegu, na Coreia do Sul, pede que a população fique em casa

O prefeito de Daegu, a quarta maior cidade da Coreia do Sul, pediu aos seus 2,5 milhões de habitantes que se mantenham dentro de suas casas depois que pelo menos 90 pessoas, entre mais de 1.000 que haviam participado de um culto religioso, apresentaram sintomas de infecção pelo coronavírus. Kwon Young-jin alertou para uma "crise sem precedentes", enquanto o ministro da Saúde sul-coreano, Kim Kang-lip, descreveu a situação como "muito grave".

O país asiático confirmou 104 casos de coronavírus, e nesta quinta-feira relatou a primeira morte, um homem do condado de Cheongdo, vizinho à cidade de Daegu, que morreu de pneumonia na quarta-feira, e em cujo organismo foi detectada a presença do vírus, conforme se confirmou nesta quinta-feira.

Quanto aos casos no Daegu, a 240 quilômetros da capital, Seul, a imensa maioria parece ligada a uma mulher de 61 anos que teria sido aquilo que as autoridades sanitárias chamam de “paciente supercontagiante”. A mulher pertence à igreja cristã Shincheonji (Novo Céu e Terra), que no domingo passado celebrou um culto para cerca de 1.000 fiéis em Daegu, e que supostamente foi um importante foco de contaminação, já que pelo menos 23 dos novos pacientes também estiveram na celebração. A mulher também visitou recentemente Cheongdo, onde morreu a primeira vítima do vírus na Coreia do Sul.

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