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Alberto Fernández diz que o Papa ajudará na renegociação da dívida com o FMI

Presidente argentino busca apoio para reestruturar a dívida externa de cerca de 237 bilhões de reais

Papa Francisco y Alberto Fernández
O papa Francisco e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, nesta sexta-feira, na Cidade do Vaticano.Getty Images

Depois de um período frio, o papa Francisco parece ter se reconectado com a política argentina. Nesta sexta-feira, o Pontífice recebeu Alberto Fernández em audiência no Vaticano e, segundo o presidente argentino, mostrou disposição para apoiar seus compatriotas na renegociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o maior problema econômico da Argentina, que ameaça colocar o país à beira do desastre.

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“Sempre peço ajuda (...) e sei que ele sempre vai me ajudar. E guardo comigo o que me disse, mas sei que conto com ele”, afirmou em entrevista coletiva Fernández, que realiza uma viagem pela União Europeia para conseguir apoio ao seu plano de renegociação da dívida externa de cerca de 50 bilhões de euros (237 bilhões de reais) com o FMI e os credores privados.

A reunião entre os dois argentinos durou 45 minutos, exatamente o dobro do tempo que Francisco compartilhou com o antecessor de Fernández, Mauricio Macri, em 2016. Em encontros oficiais desse tipo, sobre os quais praticamente nada vem a público, a duração das conversas é um termômetro bastante preciso para interpretar o grau de entendimento entre os interlocutores.

Outro fator foi a expressão no rosto de ambos durante a tradicional troca de presentes e a pose para as fotos. Nesta ocasião, as lentes retrataram um ambiente relaxado, sorrisos e uma piada: “Primeiro o coroinha”, disse o Papa ao ceder a Fernández a entrada à Biblioteca do Palácio Apostólico.

Fernández explicou que sua primeira audiência oficial com Francisco foi “muito grata” e “reconfortante”, lembrando que ambos falaram sobre “tudo o que está acontecendo na Argentina e no mundo”, com muitas coincidências de pensamento. Também revelou que o Pontífice fará todo o possível para ajudar porque “ele ama muito os argentinos”. “O Papa já está nos ajudando muito, mas não necessariamente tem que ficar mostrando isso (...). É um argentino preocupado com sua pátria, porque toda essa dívida trouxe pobreza e marginalização”, afirmou o mandatário.

Na próxima semana, será realizado no Vaticano o seminário “Novas Formas de Fraternidade Solidária de Inclusão, Integração e Inovação”, com a presença da diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e do ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán. O Papa está cada vez mais atento à economia global e à consolidação do conceito de solidariedade, um dos pilares da Doutrina Social da Igreja. Em múltiplas ocasiões, ele defendeu uma economia “que inclua e não exclua”.

Aborto

O Vaticano, como é habitual, emitiu um breve comunicado no qual se limitou a dizer que, durante a reunião, foi examinada a situação do país com especial referência a alguns problemas, como “a crise econômico-financeira, a luta contra a pobreza, a corrupção e o narcotráfico, a promoção social e também a proteção da vida desde a concepção”. A descriminalização do aborto, que o Executivo argentino pretende efetivar este ano, era um dos temas delicados, que claramente divide ambos os líderes.

Francisco, preocupado também com o racha que divide a polarizada sociedade argentina, seu país natal, pediu que o mandatário se transforme num “construtor da paz”. Fernández afirmou que tanto ele como o Papa têm uma “espécie de obsessão”: a unidade entre seus compatriotas.

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