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Tóquio só distribuirá preservativos aos atletas quando forem embora da Olimpíada

A pandemia obriga a modificar uma tradição existente na Vila Olímpica desde Seul 88. As regras para as delegações para o torneio, que começa nesta semana, preveem “evitar contato físico desnecessário”

As camas para os atletas, fabricadas com material reciclável, na Vila Olímpica da Tóquio 2020.
As camas para os atletas, fabricadas com material reciclável, na Vila Olímpica da Tóquio 2020.Takashi Aoyama (GETTY)
Macarena Vidal Liy
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A pandemia já transformou os Jogos de Tóquio em uma edição muito particular, realizada um ano depois do planejado inicialmente e sem público. Agora vai quebrar mais uma tradição: a que determinava a distribuição de preservativos aos atletas. Em vez disso, os competidores receberão os preservativos quando estiverem de partida, com a mensagem de usá-los em seus países para aumentar a conscientização sobre a luta contra a aids.

A comissão organizadora anunciou a decisão ainda em junho, ao apresentar suas regras para garantir a saúde durante a competição que começa nesta semana. Como indicou a própria comissão, desde os Jogos de Seul, em 1988, a tradição ditava que preservativos fossem distribuídos durante todo o evento para garantir o sexo seguro na Vila Olímpica, onde a convivência próxima entre atletas de 200 países costuma dar origem a intensos relacionamentos de casal entre os lençóis. Mas, desta vez, os mais de 150.000 preservativos serão entregues quando os atletas estiverem deixando o Japão. As regras preveem que os participantes da competição “evitem qualquer contato físico desnecessário”.

As medidas também obrigarão a dizer adeus às festas: não será permitida a ingestão de bebidas alcoólicas em grupo. Os atletas podem introduzir bebidas na Vila Olímpica, mas só estão autorizados a consumi-las sozinhos e em seus quartos, de 9 metros quadrados (individuais) ou 12 metros (duplos). Na residência dos esportistas em Tóquio, que tem capacidade para 18.000 pessoas durante os Jogos Olímpicos e 8.000 nos Paralímpicos, foram afixados vários cartazes alertando sobre a necessidade de manter as instalações bem ventiladas e aconselhando seus ocupantes a manter as janelas abertas. Também exortam os atletas e os demais membros das delegações a guardarem uma distância segura. Nos refeitórios será mantida uma capacidade reduzida e entregue material desinfetante aos participantes.

Há também uma clínica para os casos de febre —separada das demais instalações médicas—, que examinará e isolará os pacientes suspeitos de serem portadores do coronavírus, como também os seus contatos.

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Takashi Kitajima, o diretor geral da Vila, declarou: “Se houver suspeita de que alguém pode estar infectado, podemos isolar essa pessoa de modo adequado”. E acrescentou: “Este é outro exemplo de como administramos estritamente qualquer coisa relacionada a possíveis infecções de covid-19”. Desde 2 de julho os organizadores relataram 58 positivos entre atletas, jornalistas e pessoal diretamente ligado aos Jogos, o que fez disparar o alarme ante a possibilidade de um surto catastrófico na Vila. Entre os ali alojados foram quatro que testaram positivo: dois jogadores de futebol da África do Sul, um jogador de vôlei de praia da República Checa e uma ginasta norte-americana, integrante da equipe reserva.

Os atletas terão que se submeter a testes diários de coronavírus e usar máscara quando não estiverem competindo, comendo ou dormindo. Só poderão entrar e alojar-se na Villa 48 horas antes do início da competição, devendo sair assim que terminar, ou antes, se forem eliminados. Se tentarem quebrar alguma das regras, correm o risco de serem expulsos.

Os Jogos começarão em meio à forte oposição da população japonesa, que teme que o evento possa se tornar um foco de contágios de coronavírus no país, que ainda tenta controlar sua última onda de infecções. Apesar de o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, terem reiterado que a edição de Tóquio será “segura e com garantias”, 68% dos ouvidos em uma pesquisa realizada no fim de semana pelo jornal japonês Asahi Shimbun têm dúvidas sobre a capacidade dos organizadores de controlar o novo coronavírus. No total, 55% dos 1.444 entrevistados por telefone se opõem à realização da Olimpíada, enquanto 76% acreditam que a decisão de proibir a presença do público é a correta.

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