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Lucas Paquetá deixa passado de coadjuvante no Milan para protagonista do Brasil na Copa América

Meia, que passou dois anos na reserva do time italiano, foi autor de dois gols do Brasil non torneio, se tornou o grande parceiro de Neymar no time de Tite, que enfrenta a rival Argentina no sábado

Lucas Paquetá comemora gol marcado contra o Peru.
Lucas Paquetá comemora gol marcado contra o Peru.SERGIO MORAES (Reuters)
Diogo Magri
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Passe de Neymar, gol de Lucas Paquetá. Por duas vezes seguidas, foi com essa jogada que a seleção brasileira bateu Chile e Peru por 1 a 0 e avançou até a final da Copa América 2021, que acontece neste sábado, quando o Brasil enfrenta a Argetina. A parte do talento do camisa 10, que já é conhecido há anos, Paquetá foi a grande novidade nas duas vitórias. O meia saiu do banco de reservas para dar uma nova dinâmica ao meio-campo, resgatar a criatividade exigida pela torcida brasileira e ainda brilhar com gols decisivos. De coadjuvante no elenco de Tite, passou a ser a peça que faltava na engrenagem do treinador e o jogador que mais aproveitou a Copa América marcada pela falta de audiência e pelos surtos de covid-19 para se firmar como titular da seleção.

A evolução de Paquetá fica evidente ao comparar a última Copa América que participou, em 2019. Na época, aos 21 anos, fazia parte do elenco campeão sul-americano, mas esteve em campo somente por 23 minutos. Já na edição atual, são cinco jogos (três como titular) e dois gols marcados. “Não sabíamos que poderia executar algumas funções, e ele vem executando muito bem. O futebol moderno exige muito a participação defensiva dos atacantes e a ofensiva dos defensores. Então, esse atleta, quando consegue fazer a parte dele, que é mais de articulação e qualidade técnica, e ainda contribui defensivamente, acaba sendo muito produtivo. Nós temos tido surpresas positivas com ele”, avaliou o auxiliar técnico da seleção brasileira, o ex-jogador Cesar Sampaio.

O meia canhoto frequenta a seleção desde a primeira convocação após a Copa de 2018, quando ainda era jogador do Flamengo. Foi um dos símbolos da renovação promovida por Tite após a dolorida derrota para a Bélgica. Desde lá, sua carreira sofreu algumas reviravoltas. Depois de 12 anos com a camisa rubro-negra, onde começou criança e se profissionalizou, Lucas levou o apelido do lugar onde nasceu (a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro) para o time italiano de mesmas cores, o Milan, por 35 milhões de euros, no início de 2019. No entanto, não emplacou nos dois anos que permaneceu na Itália. Preterido pela maioria dos treinadores, chegou a ser apontado pela imprensa com sintomas de depressão e ansiedade, um boato que surgiu quando ele teve que ser levado ao hospital depois do fim de um jogo onde não saiu do banco de reservas. Na época, o próprio jogador negou os boatos via rede social.

Fato é que Paquetá não estava confortável em Milão, assim como o Milan não estava confortável com o jogador na reserva. Por isso, o repassou ao francês Lyon em setembro de 2020 por 20 milhões de euros, quase a metade do valor investido pelos italianos. A mudança não poderia ter sido melhor para o brasileiro, que alcançou o melhor nível da sua carreira entre o fim de 2020 e o começo de 2021. Como comparação, foram 44 jogos e um gol pelo Milan em dois anos contra 34 jogos e 10 gols pelo Lyon em oito meses. O meia entrou para a seleção dos melhores jogadores do campeonato francês e, com a saída do atacante holandês Depay para o Barcelona, herdou a camisa 10 do Lyon. Paquetá tinha a confiança de Tite mesmo em suas piores fases, mas vê o bom momento no clube espelhado na seleção brasileira, onde enfim se afirma como peça-chave.

A função de Paquetá no time brasileiro é ligar o meio-campo ao ataque. Atrás dele, joga a sólida dupla de volantes formada por Fred e Casemiro, além do elogiado quarteto de defensores. A frente, um trio de atacantes: Neymar, Richarlison e Everton Cebolinha na semifinal contra o Peru, mas com Gabriel Jesus e Roberto Firmino ganhando chances esporadicamente no lugar de Everton. Lucas ocupa, desta forma, um buraco que Tite buscava há tempos preencher. No primeiro momento em que assumiu a seleção (2016), o treinador encontrou em Renato Augusto um meio-campista que, exemplificando a frase de Sampaio, cumpria um papel completo: articulador com a bola e marcador sem ela. Mas a queda física de Renato, já passados os 30 anos e reserva durante a maior parte da Copa do Mundo, deixou claro a necessidade de encontrar um substituto a altura. Tite testou Philippe Coutinho, Everton Ribeiro e até Firmino e Neymar jogando mais recuados, mas nenhum teve a mesma eficiência até Paquetá se afirmar. “Seja volante ou meia, são posições que eu já joguei. O Tite sabe das nossas características e quer tirar o nosso melhor com isso. Me sinto muito à vontade, espero continuar fazendo meu melhor”, disse o versátil jogador. Do treinador, recebeu os parabéns públicos após o gol da vitória contra o Peru.

Além de ocupar o espaço que a seleção precisava, Lucas também se destaca pela parceria com Neymar, que engrandece as atuações de ambos. Com os dois jogando próximos um ao outro, foram várias as tabelas que abriram espaço nas defesas adversárias, arrancaram aplausos do banco de reservas e, em tempos de jogos sem público, elogios nas redes sociais. “A gente conseguiu achar um lugar para que o Neymar produza, que os jogadores do lado dele produzam. Hoje [contra o Peru] ele tinha o Paquetá ao lado dele, e isso subiu a qualidade do jogo dele, principalmente no primeiro tempo, onde conseguimos os espaços”, avaliou Tite depois de vencer a semifinal. Lucas Paquetá marcou contra o Chile depois de tabelar com Neymar e, no gol contra o Peru, recebeu outra assistência depois de grande jogada do camisa 10. Como comemoração dos gols, as dancinhas dos dois para as câmeras mostram que o entrosamento é ensaiado fora de campo.

No fim da semifinal contra o Peru, o meia foi substituído por Douglas Luiz e deixou o campo mancando e reclamando de dor de cabeça. A enxaqueca era por um choque que teve numa disputa pelo alto com um peruano, enquanto a perna também havia sofrido um corte após dividida. Imediatamente, as preocupações se voltaram para o reserva que havia transformado a seleção brasileira. Rodrigo Lasmar, médico da CBF, precisou se antecipar e confirmar que Paquetá precisou levar pontos na perna, mas as dores não preocupam para a final. Logo, o meia está confirmado na decisão, no próximo sábado (10), às 21h, no Maracanã, contra a Argentina, quando a missão será conquistar o bicampeonato da Copa América em casa.

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