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Seleção atropela Peru e segue soberana na Copa América anticlímax

Sem público, sem engajamento nas redes e com menos audiência até que novela antiga, time conquistou outra vitória segura e se consolida como favorito ao bicampeonato. Alex Sandro, Neymar, Everton Ribeiro e Richarlison marcaram

Neymar e Everton Ribeiro comemoram o terceiro gol da seleção.
Neymar e Everton Ribeiro comemoram o terceiro gol da seleção.RICARDO MORAES (Reuters)
Diogo Magri
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Brazil's Marquinhos celebrates after scoring against Venezuela during the Conmebol Copa America 2021 football tournament group phase match at the Mane Garrincha Stadium in Brasilia on June 13, 2021. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)
Marquinhos encara o desafio de capitanear uma seleção estremecida pela Copa América pandêmica
Soccer Football - Copa America 2021 - Group A - Brazil v Venezuela - Estadio Mane Garrincha, Brasilia, Brazil - June 13, 2021 Brazil players pose for a team group photo before the match REUTERS/Henry Romero
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O Brasil venceu o Peru por 4 a 0 no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, e chegou a sua segunda vitória em duas rodadas pela Copa América 2021, liderando o grupo B do torneio. Alex Sandro, no primeiro tempo, Neymar, Everton Ribeiro e Richarlison, no segundo, fizeram os gols da partida. Ainda assim, o forte time liderado por Tite e o contestado torneio realizado a toque de caixa no Brasil em meio à pandemia continuam sem conquistar o torcedor, seja na presença física ou virtual. Sem público nem burburinhos nos arredores, sem engajamento nas redes sociais e com menos audiência na TV até que a novela antiga transmitida na mesma hora, a seleção conquistou outra vitória segura e se consolida como favorita ao bicampeonato.

Com um time titular cheio de novidades, a tranquila vitória que reeditou a final do último torneio entre seleções sul-americanas, vencido pelos brasileiros, também marca a nona partida de invencibilidade e a sexta sem tomar gol dos comandados de Tite, que seguem como favoritos ao bicampeonato. Agora, a seleção folga na terceira rodada devido ao número ímpar de times na chave e volta ao mesmo Nilton Santos na quarta-feira, dia 23 de junho, para enfrentar a Colômbia.

Cumprindo a promessa de que iria revezar a equipe titular do Brasil durante a primeira fase da Copa América, Tite começou o jogo contra o Peru com seis mudanças em relação à estreia da competição. Alisson, Marquinhos, Renan Lodi, Casemiro, Richarlison e Lucas Paquetá deram lugar a Ederson, Thiago Silva, Alex Sandro, Fabinho, Everton Cebolinha e Gabigol no time titular. Danilo e Militão foram mantidos na defesa ao lado de Ederson, Thiago e Alex; Fred formou a dupla de volantes com Fabinho; e Neymar e Gabriel Jesus fizeram parte do quarteto ofensivo, com Cebolinha e Gabigol. Apesar de tantas alterações, o padrão de jogo da seleção foi mantido, sendo superior durante boa parte da partida.

No primeiro tempo, o Brasil foi premiado pela eficiência: Fred e Fabinho até assustaram em chutes de fora da área, mas a única chance realmente boa criada pela equipe foi convertida por Alex Sandro. O lateral inverteu papéis com o centroavante Gabriel Jesus e apareceu na área para concluir o toque do camisa 9, após levantamento de Everton. O Peru tentou reagir no primeiro tempo e obrigou Danilo a salvar um chute de Yotún quase em cima da linha na única vez sem que furou o bloqueio brasileiro. A defesa da seleção, grande ponto forte de Tite, não é vazada há seis jogos e oito meses —a última vez foi contra a própria seleção peruana, pelas Eliminatórias, em Lima, quando o Brasil venceu por 4 a 2.

Com Richarlison e Everton Ribeiro entrando logo no intervalo, nos lugares de Cebolinha e Gabigol, o Brasil teve aos 14 minutos um pênalti marcado em cima de Neymar e depois anulado com o auxílio do VAR. Mas, quatro minutos depois, o mesmo Neymar dominou na entrada da área e bateu cruzado, rasteiro, para ampliar. Roberto Firmino, Renan Lodi e Emerson ainda substituíram Gabriel Jesus, Alex Sandro e Danilo durante o segundo tempo e ajudaram o Brasil a levar a boa vantagem até o fim do jogo, sem maiores sustos. O placar já marcava os acréscimos quando Neymar enfiou para Richarlison, que tocou na medida para Everton Ribeiro, quase debaixo do gol, marcar o terceiro. E ainda deu tempo de Richarlison aproveitar o rebote do goleiro em outro ataque veloz da seleção e, quase caído, chutar forte para fechar o placar: 4 a 0.

O pós-jogo ficou marcado por uma emocionada entrevista concedida por Neymar, ainda na beira do campo. O atacante chegou ao 68º gol pela seleção brasileira, nove atrás de Pelé, o primeiro da lista, e enfrenta outra acusação de assédio sexual de uma funcionária da Nike, sua antiga patrocinadora. “Eu passei muitas coisas nesses últimos dois anos que foram complicadas. Os números não são nada pela felicidade que eu tenho de jogar pelo Brasil. Hoje estamos em um momento difícil no mundo, e ser o espelho de alguém, a alegria de alguém é uma felicidade enorme”, disse ele ao SBT. “Chegamos sem saber o que estava acontecendo, sem saber se teria Copa América. Respeitamos a hierarquia, nunca vamos dizer não à seleção. Acho que discordar, ter opinião diferente dos demais, há um respeito pelo outro... Tínhamos nossa opinião e expressamos. Estamos aqui jogando. Foi complicado, difícil”, completou o camisa 10, relembrando o manifesto divulgado pelos jogadores antes do início da competição.

Antes da partida, não foram vistas aglomerações de torcedores da seleção brasileira nem na chegada do ônibus e tampouco nos bares e arredores do estádio Nilton Santos, no bairro do Engenho de Dentro. O comportamento respeita recomendações sanitárias na semana em que o Brasil voltou a registrar o pior número diário de mortes desde abril, mas também simboliza uma Copa América que, entre críticas e mudanças de última hora, despertou pouca empolgação dos torcedores mesmo nas cidades-sedes. “É aí que vai ser a Copa América?” foi uma pergunta repetida por alguns pedestres quando se deparavam com funcionários da Conmebol nas ruas em volta do estádio.

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Na televisão, segundo dados do Kantar Ibope Media, o SBT, que transmite o torneio após a divergência dos organizadores com a poderosa TV Globo, teve pico de 13 pontos durante a transmissão exclusiva do primeiro tempo da partida, numa média que leva em conta os 15 principais centros do país. A audiência não encostou na Globo, que chegou a 21,9 pontos no mesmo período transmitindo uma novela antiga, mas fez a emissora de Silvio Santos ficar na frente da Record, o que é incomum para o horário. Por outro lado, o Ibope do Rio de Janeiro, onde o jogo aconteceu, apontou a transmissão do SBT não só atrás da Globo em audiência, como também da novela bíblica Gênesis exibida pela Record. Por fim, o nome mais comentado da seleção no Twitter, Alex Sandro, ocupava apenas a 11ª posição nos trending topics brasileiros no intervalo, atrás de outros personagens esportivos do campeonato brasileiro que atuavam simultaneamente com a Copa América, como Paulo Victor e Douglas Costa do Grêmio e Marinho do Santos.

Mais uma vez, o Brasil enfrentou uma seleção que registrou casos positivos do novo coronavírus em sua delegação. O caso peruano não chega na mesma gravidade dos venezuelanos, que enfrentaram o Brasil sem 13 membros entre jogadores e comissão técnica. No Peru, foi divulgado apenas que um preparador físico testou positivo. No entanto, o Ministério da Saúde confirma 66 casos positivos em 6.521 testes realizados na primeira semana do torneio, sendo 27 jogadores ou membros de delegação —não especificados— e 39 prestadores de serviço em todas as cinco sedes. Além de Peru e Venezuela, Bolívia, Colômbia e Chile foram as seleções afetadas no Brasil até o momento.

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