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Neymar, o líder espiritual da seleção

Sério no primeiro tempo, divertido no segundo, Brasil vence Peru e avança usando só a primeira marcha. Equipe de Tite manda na Copa América

Neymar y Richarlison celebran el segundo gol de Brasil ante Perú
Neymar e Richarlison celebram o segundo gol do Brasil diante do Peru.CARL DE SOUZA (AFP)
Juan I. Irigoyen

O Brasil avança na primeira marcha. E isso lhe basta. Na verdade, lhe sobra. Primeiro, destruiu a dizimada Venezuela na estreia em Brasília, no domingo, e nesta quinta-feira venceu o Peru (4-0) com tanta autoridade quanto futebol no Rio de Janeiro. Ninguém se impõe à equipe de Tite na América do Sul. A seleção brasileira comanda nas eliminatórias, arrasa na Copa América. Dosa seu jogo de acordo com sua necessidade. Acelera e desacelera. Entedia e diverte. Nunca sofre. Tem, como se não bastasse, um jogador ímpar: Neymar. O camisa 10, antes da Copa América, estava preguiçoso. Mas em Teresópolis ninguém duvida que o atacante do PSG quer um título pela seleção principal.

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O Brasil, desde o início, andava sem pressa no Rio de Janeiro, pressionava furiosamente quando perdia a bola e, no entanto, quando recuperava a posse, era dócil. Parecia que os meninos Tite só queriam brincar, como se estivessem entediados para ir fundo. Até que Neymar disse basta. Numa jogada em que participaram todos os atacantes ―Everton, Gabriel Jesús e Gabigol―, quem fez a diferença foi o atacante do PSG. O resultado? Gol de Alex Sandro. O lateral se esgueirou para o centro da área e pôs fim à resistência do Peru. Os meninos de Tite nem mesmo olharam para o placar. De volta à parcimônia, com Neymar ao lado dos volantes quando o time perdia o ritmo de circulação.

Confortável quando era hora de dirigir o jogo, intenso para avançar nas linhas, Neymar se sente o líder espiritual da seleção, por mais que o bracelete de capitão tenha sido colocado em Thiago Silva contra o Peru, como Casemiro já havia feito na estreia contra a Venezuela. O meio-campista do Real Madrid, porém, sentou-se no banco ao lado de Tite, no Rio de Janeiro. Não foi o único. O treinador fez seis alterações em relação à equipe que goleou La Vinotinto na jornada inaugural (3-0). Dentro: Ederson, Thiago Silva, Alex Sandro, Fabinho, Everton e Gabigol. Gareca, técnico peruano, sem surpresas em seus onze. O surpreendente finalista da última edição da Copa América de 2019 encarava o Brasil. Desta vez sem sua referência histórica, o artilheiro da equipe, Paolo Guerrero, que sofre de tendinite no joelho direito.

Ao contrário da final do Maracanã em 2019, no Estádio Nilton Santos o Peru não se intimidou. Na verdade, o time até ousou tentar comandar no Rio. O problema para Gareca é que, sem Guerrero, o Peru fica sem pólvora no ataque. No primeiro tempo, a seleção peruana buscou o gol de Ederson cinco vezes, nenhuma com sucesso. O Brasil, quatro. Então, Tite entendeu que a seleção brasileira precisava de mais uma marcha. Fez substituições. O Brasil melhorou.

O camisa 10 enganou o árbitro, mas não o VAR, e quis bater o segundo pênalti na Copa América. Não se importou. Teve vingança. Fred acelerou e encontrou Neymar na meia-lua. O atacante do PSG não pensou duas vezes. Tiro cruzado e a comemorar com Tite. O gol do Brasil rompeu o Peru. A equipe compacta e ordeira de Gareca transformou o duelo em uma viagem de ida e volta. Péssima ideia contra o poder do Brasil. E a seleção se olhou no espelho. Dos quatro chutes a gol do primeiro tempo aos 13 do segundo. Todos queriam a bola, todos queriam marcar. Neymar, generoso, distribuiu o gol. Everton Ribeiro marcou, também Richarlison. As mudanças provaram que Tite estava certo.

Sério no primeiro tempo, divertido no segundo. O Brasil governa na América.

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