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Palmeiras corre atrás do Corinthians no clássico histórico que decide o título do Brasileirão feminino

Final neste domingo, às 21h, antagoniza uma equipe corinthiana em busca do tricampeonato contra o recém-montado time palmeirense, que tenta consolidar um novo projeto na categoria

No jogo de ida, Camilinha (Palmeiras) é cercada por Tamires e Adriana (Corinthians).
No jogo de ida, Camilinha (Palmeiras) é cercada por Tamires e Adriana (Corinthians).Fabio Menotti / Ag. Palmeiras
Diogo Magri
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Corinthians x Palmeiras é uma final pesada em qualquer esporte, e não seria diferente no futebol feminino. Mas o clássico paulista deste domingo está longe do equilíbrio histórico da categoria masculina. Entre as mulheres, a partida coloca frente a frente a tradicional equipe alvinegra, em busca do tricampeonato e com a fama de melhor time do país, contra o jovem projeto alviverde, que chega pela primeira vez numa decisão dois anos após renascer como equipe profissional. O primeiro jogo terminou com vitória corinthiana por 1 a 0, dentro da casa palmeirense. A segunda metade da decisão ocorre neste domingo, 26, às 21h (horário de Brasília), na Neo Química Arena, valendo o título da nona edição do Brasileirão feminino.

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A final premia as duas melhores campanhas da primeira fase. No Brasileirão feminino, 16 equipes se enfrentam em 15 rodadas, e as oito primeiras colocadas avançam à segunda fase. O Palmeiras não perdeu nenhum jogo na fase inicial (11 vitórias e quatro empates), mas acabou em segundo lugar, um ponto atrás do Corinthians (12 vitórias, dois empates e uma derrota). A partir daí, foram dois confrontos mata-mata até a decisão. As palmeirenses eliminaram o Grêmio e o Internacional, enquanto as corinthianas passaram por Avaí/Kindermann e Ferroviária.

A tradição do Corinthians no futebol feminino já é conhecida. A equipe retomou a categoria profissional em 2016, em parceria com o Grêmio Osasco Audax, e toca o projeto de forma independente desde 2018. A final atual é a quinta consecutiva de campeonato brasileiro para o clube, que foi campeão em 2018 e em 2020. Também é bicampeão paulista (2019 e 2020) e bicampeão da Libertadores (2017 e 2019).

No elenco corinthiano se destacam alguns pilares da seleção brasileira, como Erika, Tamires e Andressinha, que foram titulares nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Há ainda o talento de Gabi Zanotti, atual melhor jogadora do Brasileirão, além de Gabi Portilho, Victoria Albuquerque e Adriana —todas comandadas por Arthur Elias, que há algumas temporadas é considerado o melhor treinador da modalidade no país. O Corinthians manda suas partidas no Parque São Jorge, na zona leste de São Paulo, ou na Arena Barueri, na região metropolitana. Em casos especiais, como o desta final, a equipe leva seus jogos para a Neo Química Arena, que é o palco utilizado pelo time profissional masculino.

A retomada do futebol profissional para mulheres no Palmeiras é mais recente. Aconteceu em 2019, mesmo ano em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Conmebol passaram a obrigar os principais clubes brasileiros a formarem uma equipe adulta feminina. O Palmeiras acertou uma parceria com a Prefeitura de Valinhos, a 80 quilômetros da capital, onde estabeleceu o estádio Nelo Bracalente como sede e alojou jogadoras e comissão técnica. O estádio foi reformado e a parceria segue até o momento, mas uma nova regra da CBF —a exigência de que todas as partidas do campeonato sejam disputadas em gramados com dimensão 105m x 68m— fez com que a equipe mandasse a maioria dos seus jogos no gramado sintético do Allianz Parque, casa do time masculino, como foi o caso do primeiro jogo da final.

No primeiro ano de atividade, as palmeirenses disputaram a segunda divisão nacional, chamada de A2, e conseguiram uma vaga na elite, onde estrearam em 2020. O primeiro ano entre os melhores clubes do Brasil terminou com o time alviverde eliminado nas semifinais pelo Corinthians, que viria a ser campeão. Mas o investimento já melhorou a estrutura e a equipe téenica, no campo e fora dele. O treinador Ricardo Belli assumiu o time ainda no segundo semestre de 2019 e chegaram nomes como Ary Borges e Ottilia, que eram destaques no rival São Paulo, além da meia da seleção Camilinha.

“O ano com certeza é vitorioso, até acima das expectativas que traçamos”, afirmou o gerente de futebol palmeirense Alberto Simão ao fim da temporada de 2020, em entrevista ao portal ge. “Queremos colocar o DNA e fazer a diferença no futebol feminino, fizemos coisas muito interessantes. Estamos muito satisfeitos com o que alcançamos, mas queremos mais por ser Palmeiras. A cobrança tem que ser ainda maior em 2021. Na nossa primeira disputa de Brasileiro, paramos na semifinal, e sabemos o que faltou”, projetou ele, que, um ano depois, vê o time chegar à sua primeira final.

Não foi à toa. O Palmeiras ainda buscou no mercado jogadoras do nível de Julia Bianchi, Bruna Calderan, Duda Santos, Rafaelle e Bia Zaneratto, todas protagonistas do primeiro patamar do futebol feminino brasileiro. As duas últimas, titulares da seleção de Pia Sundhage, deixaram o time após a disputa da primeira fase. Ainda assim, as contratações são sinais do aumento do investimento em busca da consolidação do projeto palmeirense.

Um lado busca reafirmar a soberania, enquanto o outro tenta consolidar a ascensão. O resultado é tornar ainda maior uma edição histórica do Brasileirão, que pela primeira vez contou com nove dos 12 times de futebol mais populares do Brasil —Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos e São Paulo. Isso para além de outros mais conhecidos no esporte para mulheres, como a bicampeã da Libertadores Ferroviária e o atual vice-campeão brasileiro Avaí/Kindermann. “O Brasileirão de 2021 demonstra algo sólido. Ter o futebol feminino se consolidando dentro de um cenário tão complexo mostra que estamos enraizando ele no Brasil”, comentou Aline Pellegrino, coordenadora de competições femininas da CBF, ao EL PAÍS em abril deste ano.

O favoritismo é corinthiano. Não só porque tem uma campanha melhor, um time mais estrelado e uma galeria maior de títulos, mas principalmente porque venceu o primeiro jogo. No dia 12 de setembro, no Allianz Parque, um golaço de Gabi Portilho no segundo tempo deu a vitória ao Corinthians e a vantagem de um empate no jogo de volta. As corinthianas ainda criaram as melhores chances do jogo mesmo atuando dentro da casa palmeirense. Ao Palmeiras, resta fazer história pela taça inédita: o time precisa vencer o principal rival, algo que não conseguiu desde retomar as atividades no futebol feminino, para ao menos levar a disputa para os pênaltis. A final começa às 21h deste domingo (26) e terá transmissão da Band na TV aberta, do SporTV na TV fechada e dos canais Desimpedidos e CBF no aplicativo Tik Tok.

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