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Brasil estreia na Copa América com vitória sobre uma Venezuela esfacelada pela covid-19

Marquinhos, Neymar e Gabigol marcaram os gols da abertura do polêmico torneio em Brasília, diante de uma rival desfalcada, com 13 jogadores e funcionários contaminados pela doença

Neymar fez o segundo gol cobrando pênalti.
Neymar fez o segundo gol cobrando pênalti.HENRY ROMERO (Reuters)
Diogo Magri
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A boy hangs up t-shirts with the name of Brazilian President Jair Bolsonaro in the neighborhood of Estrutural in Brasilia, Brazil June 12, 2021. REUTERS/Ueslei Marcelino
Brasil sedia uma Copa América marcada pela pandemia, a ameaça de boicote e a polarização
AMDEP3929. CARACAS (VENEZUELA), 08/06/2021.- Tomás Rincón (c) de Venezuela disputa un balón con Facundo Torres de Uruguay hoy, antes de un partido de las eliminatorias sudamericanas entre Venezuela y Uruguay para el Mundial de Catar 2022 en el estadio Olímpico UCV en Caracas (Venezuela). EFE/Matías Delacroix POOL
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O Brasil estreou na Copa América 2021 batendo a Venezuela por 3 a 0 no estádio Mané Garrincha, em Brasília, na noite deste domingo (13), e largou na frente no grupo B do torneio. Marquinhos, Neymar, de pênalti, e Gabigol fizeram os gols da partida que abriu a competição mais importante entre seleções-sul-americanas, marcada pela mudança de sede de última hora, pela pandemia de covid-19 e pela ameaça de boicote por parte dos próprios jogadores. Os brasileiros voltam a campo pela segunda rodada na próxima quinta-feira (17), no estádio Nilton Santos, Rio de Janeiro, contra o Peru.

O jogo seguiu o ritmo esperado em que um Brasil, já favorito com ambas as seleções completas, dominou uma Venezuela esfacelada pela pandemia—13 membros da seleção, entre jogadores e funcionários contraíram covid-19 às vésperas doa partida. Apenas três venezuelanos que estavam em campo no último jogo da seleção, um empate em 0 a 0 com o Uruguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, começaram jogando neste domingo. Além da Venezuela, Bolívia e Colômbia também detectaram casos positivos do vírus em suas delegações nesta semana, despertando a preocupação de mais surtos. “A decisão de realizar a Copa América no Brasil não foi tomada por capricho ou improvisação. A bolha sanitária em que se encontram as delegações deve minimizar o contato com pessoas fora dela, os testes 48 horas antes de cada jogo em todas as pessoas envolvidas nas partidas e a transferência de delegações em avião fretado” ajudam a limitar a propagação da covid-19, tentou tranquilizar a Conmebol em carta aberta antes do jogo.

Mas, com os desfalques, o treinador português da Venezuela, José Peseiro, se viu obrigado a concentrar seus esforços na defesa durante a abertura da competição. Por outro lado, Tite promoveu a entrada de Alisson, Renan Lodi e Lucas Paquetá nos lugares de Ederson, Alex Sandro e Roberto Firmino, em comparação com a escalação do último jogo —todas as alterações por opção técnica. Assim, o Brasil começou com Alisson, Danilo, Eder Militão, Marquinhos e Lodi na defesa; Casemiro, Fred e Paquetá no meio-campo; Gabriel Jesus na ponta-direita, Richarlison centralizado e Neymar na ponta-esquerda. O time empilhou chances de gol com Richarlison, Neymar e Militão na etapa inicial, mas abriu o placar só na bola parada: Neymar bateu o escanteio para o zagueiro Marquinhos, que teve espaço para dominar dentro da pequena área e marcar de canhota aos 22 minutos. Três minutos depois, Richarlison ainda ampliou, mas o lance foi corretamente anulado por impedimento.

Com o 1 a 0 no placar, Tite voltou do intervalo com Everton Ribeiro e Alex Sandro nos lugares de Paquetá e Lodi. Logo aos 17 minutos, Danilo fez uma linda jogada pela direita e foi derrubado por Cunama dentro da área. Pênalti que foi convertido por Neymar, deslocando o goleiro com categoria e ampliando para 2 a 0. Gabigol, Fabinho e Vinicius Junior entraram na equipe ao longo do segundo tempo e, antes do apito final, ainda deu tempo do artilheiro do Flamengo deixar sua marca. Aos 43 minutos, Alex Sandro lançou Neymar, que driblou o goleiro pela esquerda e cruzou para Gabigol completar com o peito e fechar o placar em Brasília: 3 a 0 para a seleção brasileira, o mesmo placar da estreia contra a Bolívia na Copa América 2019, quando o Brasil terminou campeão.

Em sua entrevista coletiva ao lado do ex-jogador e auxiliar Cesar Sampaio, o treinador Tite reforçou que a Copa América, em especial na sua primeira fase, deve servir “oportunizar uma série de atletas”. Entre eles Gabigol que, apesar de deixar sua marca com pouco tempo em campo, não teve a titularidade garantida no próximo jogo. “A ideia é manter a estrutura da equipe sem descaracterizá-la, mas criando alternativas táticas e de posição duranteo o segundo tempo”, disse o treinador. Tite ainda disse que, contra a Venezuela, a seleção poderia ter sido “mais efetiva e ter construído um placar mais avantajado”.

O estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi envelopado pela Conmebol para ser o palco da abertura da Copa América com o slogan “vibra o continente”. Em volta do gramado, placas eletrônicas de publicidade mostraram sete marcas patrocinadoras do torneio —entre elas, a empresa chinesa Sinovac, que aceitou o patrocínio em troca da doação de 50.000 doses da vacina Coronavac, destinadas à imunização das seleções. Não foram mostrados, porém, os logos de Mastercard, Ambev e Diageo, empresas que têm contrato com a Conmebol mas, diante da repercussão negativa pela realização da competição em meio à crise sanitária do país, resolveram não expor suas marcas nesta edição da Copa América. Antes da bola rolar, duas pessoas caracterizadas como profissionais de saúde carregaram o troféu da Copa América para o gramado, como ato simbólico da abertura da competição.

O presidente Jair Bolsonaro não esteve presente no estádio em Brasília, mas publicou em suas redes uma foto com a camisa do Brusque —time catarinense patrocinado pela Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang— assistindo ao jogo da seleção e apontando para o logo do SBT, uma das emissoras que tem os direitos de transmissão da Copa América. Quando defendeu a realização do torneio no Brasil, que serve de trunfo político para o Governo federal, Bolsonaro chegou a dizer que as críticas recebidas eram impulsionadas pela TV Globo, concorrente do SBT, porque a emissora não tem os direitos de transmissão. O ministro de Comunicações do Governo, Fábio Faria, é genro de Silvio Santos, dono do SBT.

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