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Jogadores do PSG e do Istambul interrompem partida para denunciar racismo do quarto árbitro

Um suposto comentário racista do assistente dirigido a Pierre Webó, membro da comissão técnica da equipa turca, precipita incidente sem precedentes em competições da UEFA

Demba Ba discute com o árbitro romeno Hategan no Parque dos Príncipes.
Demba Ba discute com o árbitro romeno Hategan no Parque dos Príncipes.IAN LANGSDON (EFE)
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Um comentário aparentemente racista de Sebastian Coltescu, o quarto árbitro do jogo entre o PSG e o Istanbul Basaksehir no Parque dos Príncipes, desencadeou a interrupção da partida depois que os jogadores de ambas as equipes decidiram abandonar o campo em sinal de protesto. Foi um incidente sem precedentes em competições da UEFA e provocou um problema regulamentar inédito. Foi a primeira vez na história que duas equipes se uniram para protestar contra um árbitro por racismo.

Pierre Webó, ex-jogador camaronês de 38 anos que na Espanha defendeu o Mallorca e o Osasuna, atualmente faz parte da comissão técnica do Istanbul Basaksehir. Nesta terça-feira estava no banco da equipe turca quando o árbitro romeno Ovidiu Hategan o expulsou por protestar depois de uma indicação do seu quarto árbitro que, aparentemente, o identificou pelo fone de ouvido como “o negro”. Indignado, Webó se lançou sobre o denunciante e, antes de se retirar, punido, o recriminou por ter se dirigido a ele chamando-o de “negro”. “Por que me chama de negro?” gritou Webó. “Por que você me chama de negro?”.

Corria o 14º minuto de jogo. O placar marcava 0 a 0. Vozes de mal-estar ecoavam na arquibancadas vazias do Parque dos Príncipes. O incidente provocou uma discussão à beira do gramado. Demba Ba, jogador francês de origem senegalesa do Istambul, que estava no banco, agitou seus companheiros e exigiu a atenção do árbitro para denunciar Coltescu como racista. “Isto não é o campeonato romeno!”, dizia Demba Ba; “isto é a Champions League!”.

“O senhor é racista”, disse o técnico do Istambul, Okam Buruk, ao quarto árbitro, que permaneceu em silêncio. Mbappé e Neymar também se juntaram aos protestos enquanto explicavam ao juiz que o que seu assistente havia feito era inadmissível.

Escandalizados depois de dez minutos de debate, os jogadores do PSG, liderados por Mbappé e Neymar, se solidarizaram com seus colegas adversários. O delegado da UEFA desceu para mediar e Leonardo de Araújo, diretor desportivo do PSG, desceu para a área técnica, enquanto os jogadores resolviam por unanimidade abandonar o gramado em sinal de protesto. “Não ao racismo”, protestou o Istanbul BB em sua conta oficial no Twitter. A conta oficial do PSG retuitou a mensagem.

A UEFA divulgou um comunicado oficial: “Na sequência de um incidente envolvendo o quarto árbitro, o jogo PSG x Istanbul BB foi suspenso. Após consulta às duas equipes, chegou-se a um acordo para retomar a partida com outro quarto árbitro. A UEFA investigará o assunto em profundidade”.

Fontes da UEFA indicaram que o jogo seria reiniciado às 22h (18h em Brasília), coisa que, chegado o momento, não aconteceu. A agência balcânica TR Sports informou que o Istambul decidiu não jogar a partida enquanto a UEFA não expulsar o quarto árbitro.

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