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Mbappé e Neymar não demonstraram estar à altura do título

Atacante francês poucas vezes em sua carreira terá melhores possibilidades de brilhar como as que teve nesta final da Champions em Lisboa. As condições eram perfeitas

Mbappé e Suele durante a final da Champions.
Mbappé e Suele durante a final da Champions.David Ramos / POOL (EFE)
Diego Torres

Kylian Mbappé é o jogador que todos olham para se transformar na referência do futebol mundial na década que começa. As multinacionais que o patrocinam detectaram isso. A imprensa exaltou sua capacidade. O capital prospera nas empresas do jogador. Seu físico, também. É cada vez mais potente. Cada vez mais faz diferença pela velocidade. Somente seu futebol deixou de evoluir. A experiência acumulada desde 2016 não enriqueceu sua tomada de decisão. Os torcedores do PSG perceberam isso à medida que as chances clamorosas a seu favor surgiam. Passados os dez minutos, Paredes o encontrou do lado esquerdo e Mbappé decidiu o mano a mano com Kimmich chutando em gol. Procurou ajustar a mira na segunda trave, a trave protegida por lei pelos goleiros e zagueiros. A bola explodiu em Kimmich, como era de se esperar. Se fosse Bebeto – ou Neymar – teria cruzado no primeiro pau, no ângulo inesperado, debaixo das pernas de seu marcador. Mas Mbappé pertence a outro mundo. Com 21 anos já é uma multinacional. 

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Mbappé, poucas vezes em sua carreira, terá melhores possibilidades de brilhar do que na final de Lisboa. As condições eram perfeitas. Começando pela escolha de Hans-Dieter Flick, que não alterou um milímetro a costumeira pressão alta do Bayern. A equipe alemã não somente deixou 50 metros de gramado nas costas de seus zagueiros para o aproveitamento do mais temível dos velocistas do futebol mundial. O zagueiro pela direita, na marcação de Mbappé, era o gigante Boateng, lesionado e substituído antes do intervalo por Süle, outro tanque. Ainda mais inflexível. Mais exposto. 

O panorama que se abriu ao atacante foi o sonho dourado dos anunciantes que duplicam seu salário. Mas as chances continuaram surgindo com os mesmos resultados decepcionantes. Se as finalizações a gol do primeiro quarto reafirmaram o Bayern, o chute fraco nas mãos de Neuer aos 44 minutos – da marca do pênalti, após um passe errado de Alaba – evidenciou que o homem tinha um problema. 

Uma pandemia que paralisou todas as competições durante três meses, ou mais, seguida da transformação radical que significa a ausência de público nos estádios, transformou a majestosa Champions em um fastuoso torneio de verão. Foi nesse contexto alucinante em que o PSG finalmente consegui compensar a distensão crônica que o Campeonato Francês produz em seus jogadores. Superou, dessa forma, dois rivais menores – nas quartas um Atalanta enfraquecido, aos 92 minutos, e nas semifinais um Leipzig de barriga cheia – até chegar à primeira final de sua história. Mais fruto dos acidentes do que do impacto de suas figuras. Mbappé e Neymar não demonstraram se elevar ao nível que se espera deles. Os goleadores do clube parisiense a partir das quartas foram Marquinhos (2), Di María (2), Chopuo (1) e Bernat (1). Isso que Thomas Tuchel chama de “o grupo” pesou muito mais na competição do que as estrelas que dão fama ao projeto. 

Nos incipientes começos de crise que agitaram o Bayern no primeiro tempo surgiu Flick dando socos na mão pedindo ritmo. O técnico conhece perfeitamente a principal arma de sua azeitada equipe. Bastou um pouco de atividade, de pressão e de circulação de bola – bastou que Thiago aumentasse o ritmo – para desativar esse PSG engrandecido sem fundamento. 

Tuchel estava virtualmente demitido quando começou a competição de Lisboa. Os príncipes de Doha haviam baixado o polegar, mas após a passagem das quartas e das semifinais, os dirigentes olharam para o outro lado. Encantado por entrar no vestiário para comemorar, Nasser al Khelaifi, o presidente, se fundiu em um abraço com o treinador. Assim foram todos rumo à glória ou ao limbo. 

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