Quem é quem na corrida eleitoral
Saiba mais sobre os candidatos à presidência da República
Capitão reformado do Exército, desde 1989 está na política, lidera as pesquisas eleitorais em que Lula não aparece como candidato
Patrimônio: R$ 2.286.779,48
Jair Bolsonaro foi militar por 11 anos. Formou-se em 1977 na Academia Militar dos Agulhas Negras e, em 1988, entrou para a reserva no posto de capitão porque decidiu se candidatar a vereador no Rio. Voraz defensor da ditadura militar e de alguns e seus torturadores, chegou a ser preso administrativamente em 1986, quando escreveu um artigo no qual se queixava dos baixos salários para os militares.
Foi eleito vereador e, posteriormente, deputado federal sete vezes. Apontado como um político de extrema direita, conseguiu aprovar apenas dois projetos de lei e uma proposta de emenda constitucional em quase 28 anos no Congresso. No período, filiou-se a nove partidos e usou seu sobrenome para eleger três de seus cinco filhos para cargos públicos. O discurso radical, a incapacidade de constituir alianças com outras legendas e o baixo tempo de propaganda no rádio e na TV são alguns de seus empecilhos na disputa eleitoral.
O herdeiro político do Lulismo tem o desafio de aprender a falar com os mais pobres
Patrimônio: R$428.451,09
O professor e advogado Fernando Haddad assumiu a tarefa de substituir Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Presidência do Brasil pelo PT. Professor da Universidade de São Paulo (USP) e do Insper, Haddad foi ex-ministro da Educação (2005-2012), onde ficou conhecido pelo avanço de programas como Prouni, que oferecia bolsa de estudo para a população mais pobre. Foi eleito prefeito de São Paulo em 2003, vencendo José Serra (PSDB), mas a lua de mel com a cidade durou pouco.
Em junho de 2013, viu surgir nas ruas de São Paulo um movimento contrário ao aumento de tarifas de transporte público que viria a se espalhar pelo país. Esse movimento foi o primeiro marco da crise política que culminou no impeachment de Dilma Rousseff e se arrasta até hoje. Haddad perdeu a reeleição no primeiro turno para o tucano João Doria. Se tornou alvo de denúncia do Ministério Público de São Paulo, acusado de receber 2,6 milhões de propina para pagar dívidas da campanha de 2012 à prefeitura; ele diz que a denúncia foi feita com base em uma delação sem qualquer prova.
Senador com maior número de seguidores no Twitter se apresenta à corrida presidencial como uma alternativa ao centro, apoiado em baixa taxa de reprovacão
Patrimônio: R$ 2.889.933,32
Líder do Podemos, Alvaro Dias foi governador do Paraná, mas conseguiu notoriedade durante seus quatro mandatos como senador, a maioria deles pelo PSDB – foi reeleito pela última vez em 2014, com quase 80% dos votos válidos. Ocupou cargos públicos durante 42 dos seus 73 anos por sete partidos diferentes – além de senador, atuou como vereador, deputado estadual e deputado federal.
Ganhou destaque recentemente ao se apresentar para a disputa pelo Planalto com o maior número de seguidores no Twitter (350 mil). Segundo pesquisa do InternetLab, contudo, os seguidores seriam em sua maioria (mais de 60%) robôs programados para simular reações com a página. Como aspirante à presidência, Dias tenta se apresentar como uma alternativa ao centro e se escora na baixa rejeição em meio a adversários com altas taxas de reprovação – apenas 13% dos eleitores dizem que não votariam nele.
O ex-bombeiro ganhou notoriedade após mencionar em um debate a existência da URSAL
Patrimônio: Não divulgou
Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos se tornou conhecido em todo o Brasil em 2011 pela sua alcunha de bombeiro. Um cabo chamado Daciolo liderava a ocupação do Quartel Central do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro em protesto por melhores salários e condições de trabalho. Três anos depois, Cabo Daciolo era eleito pelo PSOL como deputado federal no Rio de Janeiro, mas a relação com o partido seria breve. Já em 2015, ele foi expulso depois de defender uma alteração de cunho religioso na Constituição.
Desde então, o deputado só frequentou o noticiário por eventos inusitados, como o anúncio, no plenário da Câmara, da cura de uma colega tetraplégica e, mais recentemente, por mencionar em um debate a existência da URSAL, uma teoria da conspiração sobre um plano para criar a União das Repúblicas Socialistas da América Latina. Acabou se tornando candidato à presidência da República pelo Patriota como alternativa a Jair Bolsonaro, que optou pelo PSL.
Em sua terceira corrida presidencial, já foi governador do Ceará, prefeito de Fortaleza, deputado federal e estadual e ministro de Itamar Franco e Lula
Patrimônio: R$ 1.695.203,15
Ao longo de mais de 30 anos de vida política, já foi filiado a sete partidos, iniciando pelo extinto PDS e passando por MDB, PSDB, PPS, PSB, PROS até chegar ao atual PDT. Durante sua pré-campanha, buscou apoio tanto na direita quanto na esquerda, utilizando-se de um discurso conciliador. Mas é justamente pela língua que ele pode se trair: conhecido por declarações impulsivas e truculentas, tropeça constantemente nas próprias palavras. Uma afirmação infeliz envolvendo sua ex-mulher, a atriz Patrícia Pillar, em 2002, até hoje lhe rende a pecha de machista.
Não à toa, diz que aquele foi o pior erro de sua vida. A fama de estourado deve servir de preciosa munição para seus adversários. Ao seu favor, reafirma incansavelmente que não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção, tema central desta eleição.
Aposta do PSDB, o ex-governador de São Paulo parte para sua segunda corrida presidencial se animar o eleitor, mas com apoio dos partidos do Centrão
Patrimônio: R$ 1.379.131,70
Geraldo Alckmin parte para a sua segunda corrida presidencial após alcançar a hegemonia em São Paulo. Depois de governar o Estado mais rico do Brasil por quatro vezes – a primeira delas ao herdar o mandato de um enfermo Mário Covas, em janeiro de 2001 – o tucano tenta devolver a presidência da República ao PSDB, partido que ele comanda após o ocaso do senador Aécio Neves.
Derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 numa campanha marcada por questionamentos ao modelo de privatizações tucana durante o Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2001), Alckmin entrou na corrida presidencial sem animar o eleitorado, com poucas intenções de voto nas pesquisas. Mas sua candidatura ganhou musculatura com a adesão de cinco partidos do Centrão, que vão lhe render um dos maiores tempos de campanha no rádio e na televisão.
Principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) estreia na política partidária e aspira se tornar presidente com apenas 36 anos
Patrimônio: R$ 15.416,00
Uma das maiores novidades no campo da esquerda, considerado por muitos como sucessor político do ex-presidente Lula, Guilherme Boulos vem liderando um dos principais movimentos sociais do Brasil, o MTST. Ele vem de uma família de classe média alta e se formou em filosofia e psicanálise, mas abriu mão de seus privilégios desde muito jovem quando entrou no movimento social.
Já morou em uma ocupação e atualmente mora com sua esposa e filhos em um sobrado na periferia de São Paulo. Suas ocupações em imóveis e terrenos vazios podem causar certa polêmica, mas ele se tornou um dos principais interlocutores entre o poder público e famílias de sem teto, tendo influenciado programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida. Com sua candidatura à presidência pelo PSOL, aos 36 anos, estreia na arena partidária.
O ex-presidente do Banco Central é uma figura respeitada no mercado financeiro por incorporar a figura do gestor público profissional
Patrimônio: R$ 377.496.700,70
Henrique Meirelles atuou como uma espécie de curinga econômico para os três últimos presidentes do Brasil. Após iniciar a vida pública como deputado federal pelo PSDB, foi indicado por Luiz Inácio Lula da Silva para o comando do Banco Central, onde por sete anos imprimiu um modelo de gestão liberal a fim de apaziguar os mercados. Para Dilma Rousseff, já filiado ao PSD, coordenou o Conselho Público Olímpico, responsável pelos investimentos dos Jogos do Rio, entre 2011 a 2015 – trabalho que sequer mereceu menção em seu site institucional.
Em 2016, montou para Michel Temer um ‘dream team’ para resgatar a economia, assumindo o Ministério da Fazenda e da Previdência Social. Filiado recentemente ao MDB, tem como desafio defender uma candidatura apoiada por um presidente com alto índice de rejeição e fazer chegar seu nome para além do público que lê as páginas econômicas dos jornais.
Um dos fundadores do Partido Novo, o ex-vice-presidente do Unibanco defende uma política liberal na economia, mas se admite conservador nos costumes
Patrimônio: R$ 425.066.485,46
João Amôedo é o único candidato na corrida presidencial sem um passado na política, com uma carreira desenvolvida no mercado financeiro, onde chegou a ocupar a vice-presidência do Unibanco. Em 2010, junto com outras 180 pessoas, decidiu fundar o Novo, um partido que faz processo seletivo para definir candidatos e se mantém apenas com doações voluntárias de apoiadores, sem recursos públicos.
Amôedo se tornou o garoto propaganda dos valores do partido, que aposta em utilizar a experiência da iniciativa privada para melhorar serviços públicos com boa gestão, meritocracia e transparência. O discurso liberal na economia, no entanto, escorrega quando aplicado aos costumes. Cético com relação à leis e políticas voltadas para mulheres, negros e população LGBT, Amôedo ainda mostra dificuldade em falar de temas fora da área econômica, um entrave importante para quem precisa ultrapassar a barreira dos 1% mais ricos e dialogar com todas as esferas do país.
O filho do ex-presidente João Goulart é candidato do Partido Pátria Livre (PPL) à presidência.
Patrimônio: R$ 8.591.035,79
Foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), ao lado do seu tio Leonel Brizola. Pelo PDT, exerceu mandato de deputado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, mas deixou o partido em 2017, por ser contrário ao apoio dado pelo partido ao então governador do Distrito.
Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que foi contra a construção de um memorial em homenagem a seu pai. É autor do livro Jango e eu - Memórias de um exílio sem volta, da editora Civilização Brasileira, além de fundador e atual presidente do Instituto João Goulart.
Candidato pela quinta vez à presidência da República
Patrimônio: R$ 6.135.114,71
O candidato e um dos fundadores da Partido Social Democrata Cristão (PSDC), renomeado em 2017 de Democracia Cristã (DC), é um veterano das eleições. Concorre pela quinta vez à Presidência da República. Em 1985, Eymael foi candidato a prefeito de São Paulo, mas não se elegeu.
O jingle de sua campanha, criado pelo alfaiate José Raimundo de Castro, cujo refrão era "Ey Ey Eymael, um democrata cristão", é, ainda hoje, bastante lembrado. Em 1986, o advogado e empresário foi eleito deputado federal constituinte, sendo reeleito em 1990. Neste ano, é esperado que o famoso jingle volte renovado (ele é levemente modificado a cada pleito).
Ex-senadora, ministra durante o governo Lula e ambientalista, Marina Silva participa neste ano de sua terceira eleição presidencial
Patrimônio: R$ 118.835,13
Marina Silva é a pessoa que nos últimos anos mais chegou perto de romper a polarização histórica entre PT e PSDB, que marca a política brasileira desde 1994. Seu principal desafio será reeditar neste ano o desempenho da campanha de 2014, mas desta vez com uma estrutura partidária muito menor. Naquele ano, a ex-ministra do Meio Ambiente foi alçada à cabeça da chapa do PSB depois da trágica morte de Eduardo Campos num acidente aéreo e terminou o primeiro turno em terceiro lugar, com mais de 22 milhões de votos.
Marina adotou um perfil recluso nos últimos quatro anos, mas voltou aos holofotes com a nova campanha presidencial. E num pleito altamente fragmentado, o potencial de votos que pode ser conquistado pela ex-senadora a coloca como uma séria candidata a passar para o segundo turno.
Militante do PT até 1992, quando foi expulsa junto a outros companheiros do grupo político Convergência Socialita
Patrimônio: R$ 20.000,00
Vera Lúcia Salgado participou da fundação do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) em 1994. Natural de Inajá, Pernambuco, ela começou a trabalhar aos 14 como garçonete.
Foi ainda faxineira e datilógrafa antes de tornar-se sapateira na indústria de calçados, quando começou na militância sindical. Formada em sociologia, Vera já foi candidata a deputada federal e a prefeita de Aracaju. Crítica dos Governos petistas, Vera divulgou um programa socialista com 16 pontos contra a crise capitalista no Brasil.
O petista, preso em Curitiba desde 7 de abril, busca subir a rampa do Palácio do Planalto pela terceira vez. Ele ocupou a presidência entre 2003 e 2011
Patrimônio: R$ 7.987.921,57
O ex-torneiro mecânico e sindicalista nascido em Caetés, interior de Pernambuco, terá pela frente sua eleição mais difícil desde que foi eleito deputado federal por São Paulo em 1986. O fundador e liderança máxima do PT, Luiz Inácio Lula da Silva depende de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral para poder disputar o pleito este ano. A grande marca de seus Governos foram políticas e programas sociais responsáveis por tirar milhões de brasileiros da miséria.
Ao término de seu segundo mandato ele conseguiu emplacar sua ex-ministra Dilma Rousseff para a presidência, cargo ocupado por ela por pouco mais de um mandato – ela foi alvo de impeachment em agosto de 2016. Nos últimos anos entrou na mira da Operação Lava Jato, o que o levou a uma condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. O pré-candidato ainda responde por outros seis processos e o destino de sua candidatura deve ser definido até 17 de setembro, prazo final para que a Justiça Eleitoral julgue os pedidos.
A deputada estadual por Porto Alegre será a primeira candidatura própria do PCdoB em sete eleições presidenciais
A ex-líder estudantil da União da Juventude Socialista, braço do Partido Comunista do Brasil, foi eleita a vereadora mais jovem de Porto Alegre em 2004. A partir daí alçou voos mais altos como deputada estadual e deputada federal, antes de seu partido se descolar do eterno aliado PT e ensaiar uma candidatura próprio ao Planalto. São poucos os que realmente acreditam que a iniciativa chegará as vias de fato no dia 15 de agosto, prazo final para o registro de candidatos, por conta do risco de pulverização da esquerda no primeiro turno.
Por enquanto, o nome de Manuela D’avilla mostra grande apelo entre jovens e mulheres, um público-chave para a corrida eleitoral, segundo as primeiras pesquisas. Seu discurso por maior justiça tributária, defesa dos direitos humanos e um estado forte, capaz de garantir o bem estar social, agrada aos que repudiam as medidas liberais, mas não inova em relação a outros candidatos da esquerda.