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Apple dobra de valor em plena pandemia e supera valor do PIB do Brasil

Valor de mercado da empresa da maçã dobra em apenas dois anos em pleno 'boom' das companhias de tecnologia, chegando a 2 trilhões de dólares

Vista de uma loja da Apple em Hong Kong.
Vista de uma loja da Apple em Hong Kong.JEROME FAVRE (EFE)
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A woman wearing a mask passes a sign for Wall Street, Tuesday, June 30, 2020, during the coronavirus pandemic. (AP Photo/Mark Lennihan)
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O ‘Iphone cerebral’ está a caminho

A Apple se tornou nesta quarta-feira a primeira empresa em Bolsa na história dos Estados Unidos a alcançar um valor de mercado de 2 trilhões de dólares (11 trilhões de reais). A companhia do Vale do Silício já era a mais valiosa do mundo, após superar a Aramco há duas semanas, e se tornou a segunda a ultrapassar a barreira dos dois trilhões, depois da própria petrolífera saudita, que fez isso há nove meses. Desde então, no entanto, seus caminhos foram opostos: enquanto a empresa da maçã não parou de crescer em meio ao boom das companhias de tecnologia, a Aramco sofreu com a volatilidade no mercado de petróleo. Com esta última alta, o valor da empresa comandada por Tim Cook se iguala ao PIB italiano ―e supera o de países como o Brasil― e abre uma vantagem de mais de 300 bilhões de dólares (1,65 trilhão de reais) sobre a Amazon, a segunda companhia mais valiosa dos EUA.

Uma hora de sessão foi suficiente para a Apple se tornar a primeira empresa americana a entrar no clube dos dois trilhões. Sua demonstração de resultados é o melhor suporte para os investidores: a multinacional de Cupertino registrou um aumento de 11% nas vendas nos meses de abril, maio e junho em relação ao mesmo período do ano anterior. Obteve um lucro líquido de 11,253 bilhões de dólares (62 bilhões de reais) nos últimos três meses. É o melhor resultado registrado pela Apple em seu terceiro trimestre fiscal. Ao contrário do que ocorreu com 99% das empresas do mundo, que lutam para preservar seu caixa e aguentar a crise sem grandes danos, para a companhia da maçã ―assim como para a Amazon e as outras integrantes do Olimpo tecnológico―, a pandemia acabou sendo benéfica. Desde o início da emergência sanitária no Ocidente, em março, o setor se tornou um refúgio para os investidores e multiplicou seu valor anterior.

O entusiasmo com a Apple em Wall Street é uma aposta em que seu crescimento melhorará a progressão dos últimos anos e em que produtos como o iPhone ―sua indiscutível estrela, apesar de hoje a empresa depender menos que nunca dele― continuem tendo a preferência dos consumidores. A Apple apostou no modelo de fidelização de seus clientes por produtos como o celular já citado, o tablet iPad e o laptop iMac. Nem mesmo o aumento da concorrência em todos os seus segmentos, principalmente a que vem da Ásia, prejudicou a empresa: superou a marca de dois trilhões de dólares apenas dois anos depois de ter ultrapassado a barreira do primeiro trilhão de dólares, sem maior segredo que o de manter a preferência de suas legiões de fãs no mundo todo e acertar em seus lançamentos. A evolução neste ano é ainda mais reveladora: depois de uma forte queda até meados de março pelo temor dos efeitos do coronavírus, suas ações dobraram de preço em questão de cinco meses.  

Nos últimos tempos, além disso, a empresa apostou no aumento de seu raio de ação, com incursões na música e nos filmes por streaming. E, depois de lançar o Apple Card há apenas um ano, aguarda cuidadosamente o momento do ataque final às gigantes do setor financeiro.

As vendas do iPhone no trimestre renderam à Apple 26,418 bilhões de dólares (145,8 bilhões de reais), 1,7% a mais, enquanto as receitas derivadas da gama de computadores Mac aumentaram 21,6%, para 7,079 bilhões de dólares, e as de iPad cresceram 31%, para 6,582 bilhões de dólares. Nos nove primeiros meses deste exercício fiscal, obteve um lucro líquido de 44,738 bilhões de dólares, 7,6% a mais que no mesmo período do exercício anterior, enquanto o faturamento aumentou 7%, para 209,817 bilhões de dólares. Seu profit warning― um alerta que as empresas fazem ao mercado diante de um risco grave para sua demonstração de resultados― de fevereiro, quando o coronavírus avançava na China, ficou no passado: seis meses depois, seus números brilham mais que nunca.

Nem mesmo o fechamento de lojas devido aos confinamentos freou sua evolução meteórica, embora dentro da própria empresa se insista em que a pandemia não foi positiva para seus negócios, em uma estratégia que parece ligada ao cerco ―cada vez mais estreito― dos reguladores e legisladores dos EUA, que acusam as grandes companhias de tecnologia de ter um poder desmedido de mercado e que já convocaram seus executivos a testemunhar no Congresso. Os números, embora já fossem bons (muito bons, aliás) na era pré-Covid-19, contradizem a posição pública da direção da Apple, que também tem sido alvo de contestações na União Europeia por suas práticas para pagar menos impostos no Velho Continente.

A empresa de Cupertino estreou na Bolsa de Nova York em um já longínquo 12 de dezembro de 1980, ao preço de 22 dólares por ação. Hoje, sua capitalização ―parcialmente impulsionada por uma ambiciosa política de recompra de ações que elevou o valor das que permanecem em circulação― supera em muito a soma das de Johnson & Johnson, Visa, Walmart, Procter & Gamble e MasterCard. Uma verdadeira mudança de era na economia e na Bolsa dos EUA.

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