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Fed prevê que desemprego nos EUA só cai a menos de 5% em 2023

Banco central mantém os juros próximos de zero, situação que deve se manter durante todo o ano que vem

Antonia Laborde
Jerome Powell, presidente do Fed, no anúncio sobre a taxa de juros em março.
Jerome Powell, presidente do Fed, no anúncio sobre a taxa de juros em março.Jacquelyn Martin (AP)

O Federal Reserve (banco central dos EUA) lançou nesta quarta-feira um presságio negativo para a economia nos próximos anos. Os Estados Unidos permanecerão com o índice de desemprego acima de 5% pelo menos até 2023. “Em dois meses, passamos do nível de desemprego mais baixo nos últimos 50 anos para o mais alto”, observou o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell. Nos últimos cinco anos, o desemprego na maior potência mundial sempre havia estado abaixo dessa barreira de 5%.

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O Fed acredita que os Estados Unidos fecharão este ano com 9,3% de desocupação, um percentual que cairá a 6,5% em 2021 e 5,5% em 2022. São estimativas que não refletem a rápida recuperação esperada por alguns investidores. “O desemprego não afetou a todos os norte-americanos por igual”, esclareceu Powell, destacando que os afro-americanos, latinos e mulheres foram os mais afetados pela destruição de mais de 20 milhões de postos de trabalho desde fevereiro.

O banco central também acredita que a economia americana sofrerá neste ano uma contração de 6,5% devido à paralisação autoimposta para evitar a propagação do coronavírus. O Fed mantém a taxa de juros próxima a zero, num patamar entre 0% e 0,25%, situação que deve se manter até o final de 2022. “Vamos usar nossas ferramentas até que a economia esteja completamente recuperada. Não estamos pensando em subir os juros”, esclareceu Powell.

O anúncio desta quarta-feira se parece muito com o do final de abril, quando o Fed deixou claro que não pretendia alterar o preço do dinheiro. Os juros só subirão quando Powell e sua equipe estiverem seguros de que a economia “resistiu aos últimos acontecimentos” e se encaminha para alcançar seus “objetivos de estabilidade de preços e emprego”, segundo nota divulgada nesta quarta-feira pela instituição. Os titânicos programas de compra de bônus também continuarão “pelo menos no ritmo atual” no futuro mais imediato.

Alguns investidores confiam em que a recuperação da economia se desenvolva em forma de V: queda brusca, ascensão brusca. O presidente Donald Trump acredita que a evolução será ainda mais positiva. “Será melhor que um V. Será um foguete. Falam se será um V, um U ou um L. Eles não fazem nem ideia. Também se enganam”, afirmou o mandatário republicano na semana passada, ao anunciar o índice de desemprego de maio, que, contrariando todos os prognósticos, ficou em 13,3%. As estimativas mais pessimistas falavam de uma taxa de até 20%, mas a abertura de 2,5 milhões de vagas permitiu que a cifra caísse em relação aos 14,7% de abril, a maior registrada desde a Grande Depressão, que começou em 1929.

A economia americana agora começa a se reativar com a abertura gradual nos 50 Estados do país. Embora o desemprego continue sendo muito alto em comparação com o mínimo histórico de 3,5% alcançado em fevereiro, a queda de maio ofereceu o primeiro sinal de que o colapso do mercado trabalhista provocado pelo coronavírus já teria tocado o fundo. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse nesta quarta-feira que o próximo pacote de estímulo deve ser voltado a ajudar as indústrias mais afetadas pela pandemia, com ênfase em gerar incentivos para que os desempregados voltem a ser contratados.

Fim do mais longo período de crescimento

No último relatório do Fed, no final de abril, o organismo advertia que os piores efeitos da pandemia ainda estavam por chegar. Jerome Powell alertou para uma queda da economia “sem precedentes” no segundo trimestre, com a possibilidade de que fossem necessárias mais ajudas públicas além das injetadas até agora para recuperar a atividade. Os analistas antecipam que a queda do PIB no segundo trimestre rondará 20% em termos anualizados. Nos três primeiros meses retrocedeu 1,2%, equivalente a uma queda de 4,8% numa taxa trimestral anualizada.

No começo desta semana, foi anunciado que os Estados Unidos entraram oficialmente em recessão em fevereiro devido ao coronavírus, segundo o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica. A pandemia acabou com o mais longo período de crescimento da história norte-americana. O Banco Mundial publicou na segunda-feira uma previsão de que a economia global enfrentará a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, e que o PIB dos EUA terá uma contração de 6% neste ano.


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