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Um em cada seis trabalhadores dos EUA solicitou seguro-desemprego desde meados de março

Deputados aprovam o novo pacote de resgate, num valor de 484 bilhões de dólares, ainda a ser sancionado por Trump

Uma funcionária distribui formulários para solicitar o seguro-desemprego na Flórida.
Uma funcionária distribui formulários para solicitar o seguro-desemprego na Flórida.CRISTOBAL HERRERA (EFE)
Pablo Guimón
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Washington (United States), 22/04/2020.- US President Donald J. Trump is joined by members of the Coronavirus Task Force, delivers remarks on the COVID-19 pandemic in the James S. Brady Press Briefing Room of the White House in Washington, DC, USA, 22 April 2020. (Estados Unidos) EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS / POOL
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FILE - In this March 16, 2020 photo, Dr. Sara Cody, Santa Clara County Public Health Officer, speaks during a press conference headed by public health directors spanning six Bay Area counties in San Jose, Calif. On the morning of March 15, as Italy became the epicenter of the global coronavirus pandemic, a half dozen high-ranking California health officials held an emergency conference call to discuss a united effort to contain the spread of the virus in the San Francisco Bay Area. That call and the bold decisions that came in the hours afterward have helped California avoid the kind of devastation from the virus in parts of Europe and New York City. (Dai Sugano/Bay Area News Group via AP, File)
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Outros 4,4 milhões de trabalhadores demitidos solicitaram o seguro-desemprego na semana passada nos Estados Unidos. Ao todo, quase 26 milhões de pessoas, ou uma em cada seis empregados do país (excluindo autônomos), deram entrada no pedido nas últimas cinco semanas, desde que a pandemia do coronavírus obrigou à imposição de medidas de distanciamento social que levaram milhões de empresas a fecharem suas portas em todo o país.

A onda de demissões desde meados de março é, de longe, a maior desde o início dos registros. Os especialistas preveem uma taxa de desemprego próxima de 20% em abril, quando em fevereiro chegou a um mínimo histórico de 3,5%. Os novos dados, divulgados nesta quinta-feira pela Administração, alimentarão o debate sobre a urgência de revogar as restrições sociais que ajudam a conter a propagação do vírus, mas encaminham a economia a uma recessão, que muitos esperam que seja a maior desde a Grande Depressão da década de 1930.

A Câmara de Representantes (deputados) aprovou na tarde desta quinta um novo pacote de resgate no valor de 484 bilhões de dólares (2,67 trilhões de reais), centrado em ajudar as pequenas empresas e proporcionarem financiamento a hospitais e à realização de exames de diagnóstico da covid-19. A medida já havia sido aprovada no Senado, e o presidente Donald Trump sinalizou que pretendia sancioná-la rapidamente. Com este novo pacote, a ajuda federal desde o começo da pandemia se aproxima dos três trilhões de dólares (16,6 trilhões de reais).

A brusca freada da economia provocará uma forte queda na arrecadação de Estados e prefeituras, provavelmente a maior que a da Grande Recessão de 2008, que obrigou a cortes nos serviços essenciais. Governadores e prefeitos de todo o país pediram ajuda a Washington. A Associação Nacional de Governadores solicitou a liberação de meio trilhão de dólares para contrabalançar a queda de arrecadação provocada pela “mais dramática contração da economia norte-americana desde a Segunda Guerra Mundial”. Mas o segundo pacote de resgate, apesar da insistência dos democratas, não inclui nenhuma verba nesse sentido.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, deixou claro que sua bancada não aceitará ajudas federais aos Estados e prefeituras e apresentou uma sugestão polêmica: “Sem dúvida, eu seria favorável a permitir que os Estados declarem falência”, afirmou em entrevista a uma rádio. A equipe de McConnell publicou suas declarações sob o título de “Parem os resgates de Estados azuis”, em referência à cor do Partido Democrata, que governa alguns dos Estados mais golpeados pela pandemia, como Nova York, Califórnia e Illinois.

“Que pensamento mais feio”, disse Andrew Cuomo, governador democrata de Nova York. “Pensem no que estão dizendo: muita gente morreu, 15.000 pessoas morreram em Nova York, mas eram majoritariamente democratas, então por que ajudá-las?” Em sua entrevista coletiva diária, o presidente Trump não quis corroborar as críticas de McConnell, mas apontou que alguns Estados já atravessavam dificuldades financeiras antes da pandemia.

Os Estados Unidos são hoje um dos epicentros mundiais da pandemia, com mais de 834.000 casos confirmados e 42.500 mortos. A cifra de óbitos pela covid-19 continua subindo em cerca de 2.000 por dia, mas em alguns dos lugares mais golpeados, como Nova York, as autoridades confiam em que o pior já ficou atrás. Alguns Estados do sul do país começaram a relaxar as medidas de contenção, decisões que o próprio presidente, que não oculta sua impaciência por reabrir a economia, qualificou como prematuras.

As 4,4 milhões de solicitações de seguro-desemprego na semana passada confirmam, porém, uma tendência à baixa em relação aos 5,2 milhões da semana anterior e, sobretudo, do pico de 6,6 milhões de solicitações na última semana de março. Em muitos Estados se confirmou um decréscimo nos números, mas alguns analistas advertem de um possível recrudescimento nas próximas semanas devido a dois fatores: os empregados despedidos que ainda não puderam solicitar o subsídio por causa do colapso do sistema, e as solicitações de trabalhadores autônomos que agora têm direito a subsídio graças ao pacote de estímulo aprovado no Congresso.

Os novos dados foram divulgados pouco antes da abertura da sessão na Bolsa de Nova York, cujos principais índices tiveram altas em torno de 1%. Elas se somam à recuperação da véspera, mas se encaminham para um fechamento da semana com ligeiras perdas, depois de um conturbado início com os preços do petróleo em negativo pela primeira vez na história.

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