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Bolsa de São Paulo tem queda de 7% em meio ao avanço do coronavírus no mundo

Índice Ibovespa ficou suspenso por dois dias por causa do Carnaval. Dólar tem alta e renova patamar recorde, cotado a 4,44 reais

Uma mulher usa uma máscara para prevenir do coronavírus em Seúl, na Coreia do Sul.
Uma mulher usa uma máscara para prevenir do coronavírus em Seúl, na Coreia do Sul.Heo Ran (REUTERS)

A Bolsa brasileira voltou do feriado de Carnaval em forte queda em meio à confirmação do primeiro caso de coronavírus no país e à disseminação de ocorrências pelo mundo. Os mercados brasileiros reabriram na tarde desta quarta-feira —após dois dias de fechamento— com o Ibovespa, o principal índice de referência, registrando um tombo de 7%, a 105.718 pontos, no fim do dia. Todas as ações que compõem o índice operavam no vermelho. A queda da Bolsa brasileira é a maior desde o chamado ‘Joesley Day’, dia em que foi divulgada a gravação de conversas do dono da JBS, Josley Batista, com o ex-presidente Michel Temer sobre supostas irregularidades, derrubando o mercado financeiro brasileiro em 8,8% em maio de 2017.

Os riscos dos impactos do novo vírus na economia também refletiram no câmbio nesta quarta-feira. O dólar comercial fechou em alta de 1,15%, cotado a 4,44 reais, registrando um novo recorde. A valorização da moeda americana aconteceu mesmo com o anúncio do Banco Central, no início da manhã, da venda de 500 milhões de dólares no mercado futuro para segurar a variação do câmbio.

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Nos últimos dias, uma onda de casos da doença se alastrou pela Europa, especialmente na Itália, Coreia do Sul e Irã. Na noite terça-feira, o Brasil anunciou o primeiro caso de pessoa infectada pelo novo coronavírus (Covid-19) em um paciente de São Paulo que voltou de viagem recente à Itália. O caso, confirmado nesta quarta-feira pelas autoridades, ocorre um dia depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertar para um risco de pandemia mundial do coronavírus.

A Ásia também relatou centenas de novos casos de coronavírus nesta quarta-feira, incluindo o primeiro soldado norte-americano a ser infectado, e os Estados Unidos alertaram para uma pandemia inevitável. As bolsas de valores despencaram em todo o mundo pelo quinto dia, o cotação do ouro voltou a subir, aproximando-se de altas de sete anos, e os rendimentos dos títulos dos EUA chegaram perto de baixas recordes. Nos Estados Unidos as bolsas chegaram a subir nesta quarta-feira, após queda de mais de 6% no início da semana, mas os índices voltaram para o vermelho.

A OMS calcula que a China registrou um total de 77.780 casos de coronavírus, incluindo 2.666 mortes. O número de casos está crescendo de forma mais lenta na China, mas fora do país existem hoje 2.459 casos em mais de 33 países e já contabilizaram 34 mortes.

Na avaliação de Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae, a volatilidade dos mercados financeiros aumentou no mundo inteiro, e a epidemia já acendeu o farol amarelo das principais economias. “Não há como prever o desenrolar dos fatos, mas várias instituições do mundo todo estão diminuindo a previsão do PIB mundial para este ano. Teremos nos próximos dias a volatilidade nas alturas”, explica.

Brasil já estima menor crescimento

Os analistas do mercado financeiro baixaram nesta semana a estimativa de crescimento da economia brasileira. Segundo o boletim Focus —que reúne a projeção de mais de 100 instituições—, a previsão do PIB em 2020 saiu de 2,23% para 2,20%. Foi a segunda queda consecutiva do indicador.

Para o banco Itaú, a estimativa de crescimento da economia do Brasil pode ser revisada para baixo nas próximas semanas caso a doença continue se disseminando pelo mundo. “O risco externo mais intenso [para a economia brasileira] é o coronavírus e as medidas para contê-lo. Se for algo de um semestre inteiro, vai ter impacto no PIB mundial e brasileiro”, afirmou o economista-chefe do banco, Mário Mesquita, em apresentação a jornalistas no último dia 19 em São Paulo.

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