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Assim funciona ‘Insiders’, o misterioso ‘reality’ em que nem os participantes nem o público conhecem as regras

Netflix estreia nesta quinta-feira aposta no gênero que rompe os códigos habituais do formato para reivindicar a espontaneidade de suas origens

Héctor Llanos Martínez

Um grupo de 12 jovens desconhecidos convive num recinto fechado. Acreditam participar da fase final de um casting para um reality show cujas regras desconhecem. Sabem que há uma casa preparada para transmitir 24 horas por dia, mas ignoram que os cômodos vizinhos, que ocupam até a exibição do programa começar e a lista final dos participantes ser definida, também estão repletos de microfones e câmeras ocultas. A competição já começou, e eles participam sem saber. E sua forma de se comportar em cada um dos lados desse cenário é muito diferente. Essa virada de roteiro é a premissa de Insiders, que pode ser encontrada no catálogo da Netflix a partir desta quinta-feira, 21 de outubro.

À medida que os dias transcorrem, os protagonistas do programa vão descobrindo os segredos e mentiras a que foram submetidos pelos produtores, que buscam obter deles as reações mais espontâneas possíveis e expor um jogo de despistes que envolva os próprios espectadores. A atriz Najwa Nimri, uma das estrelas mundiais da plataforma graças à série Casa de papel, dá rosto e voz a um relato que contém várias camadas de leitura. A proposta foi concebida para agradar tanto quem adora esse tipo de atração como um público que jamais assistiria a programas tipo Survival ou Big Brother.

Alguns dos participantes de ‘Insiders’.
Alguns dos participantes de ‘Insiders’. Netflix

José Velasco, presidente iZen, produtora responsável por Insiders, e ele próprio produtor-executivo da atração, diz que a proposta é oferecer outro ponto de vista a um formato que já tem mais de 20 anos de história. “Há uma geração completa a que poderíamos chamar de nativos dos realities. Nasceram e cresceram com eles na televisão. O fato de viverem rodeados de redes sociais também permitiu que estejam acostumados a fingir a própria personalidade, embora provavelmente façam isso de forma inconsciente”, diz por telefone. Por isso, o desafio que se constrói ao longo de sete capítulos é “retornar ao participante anônimo e à espontaneidade, agora que parece existir a figura do profissional de reality”, diz Arantza Sánchez, diretora de entretenimento da iZen e também produtora-executiva de Insiders.

Ex-produtor da versão espanhola do Big Brother, Velasco recupera também a ferramenta da câmera escondida, com a qual trabalhou no programa de pegadinhas Inocente, inocente. “É um recurso narrativo que revela muitos elementos da personalidade do personagem que é alvo, e é uma das formas de voltar à origem do reality”, observa.

Mas Insiders não se alimenta só do passado, buscando também novos giros que surpreendam o público. Uma das premissas que rompe com os clássicos do gênero é da narrativa linear. O programa salta de forma temporal para mostrar o contraste entre o modo como os aspirantes se apresentam à produtora em suas entrevistas iniciais, com o objetivo de estarem entre os escolhidos, e como se comportam depois nas diferentes fases da competição. “Nós nos permitimos certas licenças próximas da ficção para obter essa ruptura narrativa que procuramos”, argumenta a produtora-executiva.

Os participantes são jovens de diferentes etnias e orientações sexuais. “Queremos refletir a ideia que temos da Netflix, com um conjunto de personalidades aberto, diversificado e que represente todo o conjunto da sociedade”, afirma Sánchez. Mas a composição desse elenco também atende a um componente aspiracional, como “o espelho do tipo de sociedade que desejamos”, afirma Velasco.

Najwa Nimri, apresentadora de ‘Insiders’.
Najwa Nimri, apresentadora de ‘Insiders’. Netflix

As vicissitudes que os participantes enfrentam juntos contêm uma lição de moral: “Somos o que acreditamos ser. Ou o que outros nos fazem sentir que somos”, propõe Velasco. “Ao observá-los, observamos a nós mesmos e podemos refletir sobre o mecanismo social que faz você amar ou detestar alguém. Ou por que alguém vira um hater, que odeia tudo o tempo todo”.

São tantos os elementos em Insiders que Velasco o descreve como “um reality de ficção científica, que só pode ser feito em plataformas de televisão não linear”, já que estas não estão condicionadas por índices de audiência e anunciantes. Ter a oportunidade de romper tantos dogmas estabelecidos no gênero foi, para seus produtores, como ser criança e ter à disposição um parque de diversões inteiro para fazer o que quiser. “A Netflix nos permitiu brincar, e foi isso que saiu”, dizem seus criadores.

Triplo salto para os ‘realities’

Há várias temporadas apostando em ir além de filmes e séries, a área de Entretenimento da Netflix espanhola —liderada por Álvaro Díaz, durante anos responsável pelo Big Brother local— vem ampliando o catálogo da plataforma com novos formatos. Em 2019 chegou Niquelao, a adaptação espanhola do concurso Nailed it!, em que confeiteiros não profissionais tentam replicar doces de alta exigência técnica. Dois anos depois, é a vez dos reality shows.

Além de Insiders, a plataforma de streaming já tem pronta para estrear Amor con fianza, que entra no seu catálogo em 11 de novembro e será apresentado por Mónica Naranjo. O programa contará com seis casais de participantes que viajarão a um lugar exótico e disputarão uma bolada de 100.000 euros (650.000 reais). À medida que forem sendo reveladas as mentiras em torno de sua relação sentimental, vão ficando mais distantes do prêmio.

O terceiro título produzido pela Netflix, Yo soy Georgina, opta pela vertente de seguimento de um personagem famoso, no caso Georgina Rodríguez, mulher de Cristiano Ronaldo. A atração ainda não tem data para estrear. 

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