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Scarlett Johansson e Disney assinam a paz

Atriz chega a um acordo com o estúdio, que ela estava processando pelos prejuízos financeiros da decisão de distribuir simultaneamente ‘Viúva Negra’ nos cinemas e em sua plataforma digital

Iker Seisdedos
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson, na cerimônia dos prêmios Independent Spirit, em março de 2020.Richard Shotwell (AP)

A luta titânica entre Scarlett Johansson e a todo-poderosa Disney, que prometia mudar para sempre as regras do jogo em Hollywood, terminou empatada. A atriz e o estúdio anunciaram na tarde desta quinta-feira a assinatura de um acordo para interromper a ação que a atriz interpôs em julho no Tribunal Superior do Condado de Los Angeles por causa da decisão da empresa de estrear simultaneamente Viúva Negra, um blockbuster estrelado por ela, nas salas cinemas, prejudicadas pela pandemia, e no serviço de streaming da gigante do entretenimento. Johansson demandava uma indenização pelos danos que essa mudança de planos, voltada para a promoção da plataforma digital Disney+, iria causar a seus rendimentos.

No contrato firmado há quatro anos, uma porcentagem da receita que a protagonista receberia deveria vir do que seria arrecadado nos cinemas. Naquela época, esse era o único local de lançamento do filme.

Como quase tudo nesta história, que analistas correram neste ano para classificar como um antes e um depois na indústria de filmes, a quantidade de dinheiro que a levou a mudar de ideia não foi divulgada. Tampouco se chegou a saber quanto a atriz estava perdendo. Segundo divulgou a produtora, em uma manobra inédita, ela recebeu 20 milhões de dólares (110 milhões de reais) em salário-base, uma remuneração situada no topo dos faturamentos em Hollywood. A imprensa especializada calculou entre 30 e 50 milhões (164 milhões de reais e 275 milhões de reais) a queda no faturamento de Johansson em função da dupla estreia. Viúva Negra foi disponibilizada para usuários do Disney+ por 30 dólares (164 reais).

“Estou muito feliz por termos resolvido nossas diferenças. Estou extremamente orgulhosa do trabalho feito ao longo destes anos e gosto muito do trabalho criativo realizado com a equipe. Espero que nossa colaboração continue por muito tempo”, disse Johansson em um comunicado. Alan Bergman, presidente de conteúdo da Disney Studios, se expressou em termos semelhantes, também com a esperança de que a colaboração continue no futuro. Especificamente, com Torre do Terror, um desses projetos de inspiração cruzada em que tudo fica em casa, tão ao gosto da empresa ultimamente: o filme é baseado em uma atração da Disneyworld, parque de Orlando (Flórida).

Visto em perspectiva, parecia claro que o estúdio não poderia arcar com a publicidade negativa de um confronto com uma superestrela com a qual muitos outros rostos conhecidos não hesitaram em se solidarizar. E isso considerando que, antes do cachimbo da paz, a Disney se mostrou, num fato raro, beligerante com a atriz quando ela entrou com a ação judicial. A empresa a acusou de “cruel indiferença aos horríveis e prolongados efeitos globais da pandemia” no negócio da exibição de filmes.

Esses efeitos foram os mesmos que atrasaram a estreia de Viúva Negra. Estava agendada para maio de 2020 e finalmente chegou aos cinemas e à plataforma em 9 de julho. Em seu fim de semana de estreia, arrecadou 80 milhões de dólares (435 milhões de reais) nos Estados Unidos, cifra decepcionante para uma produção do universo Marvel (em que Johansson interpretava a mesma personagem). Em agosto, a empresa declarou ter arrecadado 125 milhões de dólares (680 milhões de reais) em streaming e 367 milhões de dólares (cerca de 2 bilhões de reais) em cinemas. Mais uma vez, pouco dinheiro, se comparado com o obtido com filmes anteriores.

Como recorda a revista The Hollywood Reporter, mídia de referência em Los Angeles e a primeira a noticiar o acordo, a Warner Bros., que decidiu lançar todo o seu catálogo em 2021 com o mesmo modelo híbrido, concordou em pagar quantias substanciais —cerca de 200 milhões de dólares 1,09 bilhão de reais)— para compensar suas estrelas pela perda de receita. A Disney mostrou este ano outros sucessos de bilheteria (Cruella, Jungle Cruise) seguindo esse padrão, embora sem consequências legais.

O estúdio planeja retornar ao caminho do lançamento exclusivo nos cinemas em seus próximos filmes-eventos, incluindo a versão tão esperada de Steven Spielberg do musical West Side Story.

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