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Netflix se consagra pela primeira vez no Emmy com os prêmios para ‘The Crown’ e ‘O Gambito da Rainha’

Plataforma de ‘streaming’ leva 10 troféus e sela seu domínio na transformação do meio televisivo. Apple TV+ e HBO levam quatro prêmios cada uma

Olivia Colman com seu Emmy de atriz principal em uma série dramática, por 'The Crown',da Netflix. Em vídeo, os discursos dela e de outros premiados, em espanhol
Antonia Laborde
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Quase um quarto de século depois sua criação, e após uma década produzindo séries próprias, a poderosa Netflix se coroou – em dose dupla – com os prêmios mais cobiçados da televisão. A plataforma de streaming conquistou neste domingo o Emmy de melhor série dramática com The crown, trama ficcional sobre a vida íntima da família real britânica, e de melhor minissérie com O gambito da rainha, uma produção que narra a epopeia de uma jovem prodígio que abre caminho no competitivo mundo do xadrez. Nunca antes uma plataforma de streaming havia vencido ambas as categorias no mesmo ano. Com esses triunfos, sela-se o domínio de uma marca que transformou o jeito de ver TV. O outro grande ganhador da noite foi Ted Lasso, escolhida como melhor comédia do ano, uma produção da Apple TV+, plataforma que ainda não completou dois anos.

The crown, em sua quarta temporada, se consagra com sete prêmios em categorias dramáticas, incluindo roteiro, direção, atriz principal (Olivia Colman, por seu papel como a rainha Elizabeth II), ator principal (Josh O’Connor, interprete do príncipe Charles), atriz coadjuvante (Gillian Anderson como uma Margaret Thatchern que lhe valeu tantos aplausos como críticas). Ocorreu também algo incomum nesta edição: duas atrizes levaram um Emmy por interpretar a mesma personagem, já que Claire Foy recebeu há uma semana um prêmio técnico de melhor participação especial por sua breve aparição como a jovem monarca em The crown. Imelda Staunton já roda a quinta e sexta temporada como a terceira última Elizabeth II.

A equipe de ‘O Gambito da Rainha’ depois de vencer na categoria de melhor minissérie ou filme para televisão.
A equipe de ‘O Gambito da Rainha’ depois de vencer na categoria de melhor minissérie ou filme para televisão. AP

Sorrisos e ausências

Uma das surpresas da noite foi o prêmio de melhor ator coadjuvante em série dramática para Tobias Menzies por sua interpretação do duque de Edimburgo em The crown, meses depois da morte do personagem real. As fichas estavam postas em Michael K. Williams, que morreu em 6 de setembro, por seu papel secundário em Território Lovecraft. Williams nunca chegou a ser indicado a um Emmy por seu célebre Omar Little, o delinquente de bom coração em The wire, nem por seu Chalky White de Boardwalk empire. Este parecia um momento para corrigir aquela injustiça. Recordemos que os prêmios são o resultado das votações dos membros da Academia de Televisão, que reúne quase 30.000 profissionais de diversas áreas.

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O verdadeiro golpe de efeito foi dado por O gambito da rainha, já no final da noite, ao erguer o troféu a melhor minissérie, superando Mare of Easttown, que recebeu três prêmios para o elenco. Todos os troféus de interpretação foram para atores brancos.

Ted Lasso, que chegou como a comédia favorita de 2020, começou a cerimônia com força. Em questão de minutos levou três das quatro categorias de atuação no seu gênero: Jason Sudeikis, que interpreta um adorável técnico de futebol, cumpriu todos os prognósticos e ficou com o prêmio de melhor protagonista em comédia. O comediante escreve o roteiro, interpreta o papel-título e produz a série-estrela da Apple, que já confirmou uma terceira temporada com umpolpudo aumento de salário para todos (Sudeikis embolsará um milhão de dólares por episódio). A noite ficava redonda com as vitóriasde Brett Goldstein como melhor ator coadjuvante e Hannah Waddingham, que interpreta a dona do clube, como melhor atriz coadjuvante. Tudo ia conforme o planejado até que Hacks cruzou o caminho.

A série da HBO Max, ainda inédita na Espanha, narra a vida por trás dos bastidores de uma comediante de stand-up no ocaso de sua carreira. Ganhou os prêmios melhor roteirista e diretor de comédia. A lendária Jean Smart recebeu seu quarto Emmy, desta vez de melhor atriz, com um merecido papel principal que chegou às portas dos seus 70 anos. Dedicouo prêmio ao seu marido, que morreu em março. Hacks ameaçou ofuscar a grande noite de Ted Lasso, não teve fôlego para ultrapassá-la, e a produção britânica da Apple acabou ficando com o prêmio de melhor comédia do ano.

Kate Winslet com seu prêmio de melhor interpretação feminina em minissérie por ‘Mare of Easttown’.
Kate Winslet com seu prêmio de melhor interpretação feminina em minissérie por ‘Mare of Easttown’. MARIO ANZUONI (Reuters)

O troféu de melhor atriz principal em minissérie, uma das categorias mais disputadas da noite, foi para Kate Winslet por Mare of Easttown. A estrela de cinema, que de vez em quando aparece em séries televisivas, superou outras favoritas como Michaela Coel, que ficou com o melhor roteiro por I may destroy you, e a estrela emergente Anya Taylor-Joy. O drama criminal deu também a Julianne Nicholson sua primeira indicação e seu primeiro Emmy de melhor atriz coadjuvante por sua crua e sensível interpretação do Lori, a melhor amiga de Mare. Evan Peters ganhou como melhor ator coadjuvante, um prêmio que pode se dever a uma das melhores interpretações de bebedeira já vistas na televisão.

Festa presencial, sem momentos memoráveis

A 73º edição dos Prêmios Emmy foram os primeiros prêmios totalmente presenciais de Hollywood desde o início da pandemia. Nada de máscaras, nem videoconferência, embora parte do elenco de The crown tenha se reunido na madrugada londrina para agradecer de forma virtual a enxurrada de prêmios. Obviamente, o anfitrião Cedric the Entertainer, um comediante que teve seu apogeu nos anos noventa, lançou várias piadas sobre vacinas e quarentenas. A noite passou rápida e não deixou praticamente nenhum momento memorável. Ao final, acabou com 10 Emmys para a Netflix, 4 para a Apple TV + e HBO (o canal a cabo), respectivamente, e 3 para a HBO Max (plataforma da WarnerMedia).

Jason Sudeikis com seu prêmio de melhor ator de comédia.
Jason Sudeikis com seu prêmio de melhor ator de comédia. Chris Pizzello (AP)

A cerimônia aconteceu sob uma tenda no Event Deck, uma área localizada no centro de Los Angeles a poucos metros do Teatro Microsoft, que costumava receber a cerimônia da Academia de Televisão dos Estados Unidos. “O que estamos fazendo aqui? Disseram que seria ao ar livre! Por que há um teto sobre nós?”, cutucou Seth Rogen no início da premiação, que havia sido anunciada como um evento ao ar livre. Isso sim, todos os presentes tiveram que apresentar seu certificado de vacinação. Em seu discurso de agradecimento, Kate Winslet resumiu o sentimento general: “Mare of Easttown nos permitiu falar neste ano de algo além de uma pandemia global”. Disso se tratou basicamente esta noite. De premiar as produções por trás de mais um ano de confinamento em que meio planeta não teve nada melhor para fazer além de maratonar séries.

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