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Príncipe Harry lançará livro de memórias em 2022

Neto da rainha Elizabeth II quer que o público “leia em primeira mão” como foi sua vida, num relato “preciso e completamente verdadeiro”. Os lucros serão doados parar a caridade

Enrique de Inglaterra
O príncipe Harry na comemoração do 60º aniversário de nascimento da princesa Diana, em 1º de julho, em Londres.Yui Mok (PA / Cordon Press)
María Porcel

Nem jornalistas especializados, nem autores reais, nem ex-funcionários. Ninguém poderá contar a história da família real britânica como ela mesma. E ninguém melhor do que ele mesmo saberá de forma tão aprofundada o que aconteceu com o príncipe Harry ao longo de sua vida, passando de filho de um futuro rei a membro quase repudiado da família real britânica. Por isso, o neto da rainha Elizabeth II, sexto na linha de sucessão do trono britânico, anunciou que vai escrever uma autobiografia, a ser lançada no ano que vem.

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Foi o próprio príncipe quem anunciou a publicação em um comunicado, no qual afirma que “pela primeira vez o duque de Sussex compartilhará a soma definitiva de suas experiências, aventuras, perdas e lições de vida que fizeram dele quem ele é”. As memórias, diz a nota, “abrangerão sua vida perante o escrutínio público, da infância até hoje, incluindo sua dedicação ao serviço público, as tarefas militares que o levaram em duas ocasiões à primeira linha de combate no Afeganistão e a felicidade que encontrou ao se tornar marido e pai”. Um escrito que será “honesto e pessoal”, refletindo “uma história humana inspiradora, corajosa e estimulante”.

“Escrevo isto não como o príncipe que nasci, e sim como o homem no qual me transformei”, afirmou Harry em um comunicado emitido através do site da Fundação Archewell, que centraliza tudo o que diz respeito à sua obra e à sua vida pessoal. “Ao longo da minha vida usei muitos chapéus, tanto de forma literal como figurada, e minha esperança é que, contando minha história ―os altos e baixos, os fracassos, as lições aprendidas― eu possa ajudar a mostrar que não importa de onde viemos, porque temos mais em comum do que pensamos”, afirmou.

“Estou profundamente grato”, prossegue Harry, “pela oportunidade de compartilhar tudo o que aprendi no curso de minha vida até agora, e comovido por as pessoas poderem ler em primeira mão um balanço de minha vida que é preciso e completamente verdadeiro”. Assim, Harry passa um recado a todos os veículos de comunicação que publicaram informações falsas sobre ele e sobre sua esposa, Meghan Markle, e contra os quais decidiu mover ações judiciais quando se afastou da família real. “Vi o que acontece quando um ser querido se transforma em mercadoria, a ponto de já não serem mais tratados como seres reais”, disse o príncipe há quase dois anos. Agora ele quer, justamente, oferecer um ponto de vista real a respeito da sua história.

Quem achar que o livro gerará dividendos gigantescos provavelmente estará correto. Mas outra coisa é imaginar que Harry vai se beneficiar desse lucro, pois o príncipe já anunciou a intenção de doá-lo a “obras de caridade”. Isso sim, o adiantamento recebido pelas memórias também será suculento: a imprensa norte-americana fala em 20 milhões de dólares (105 milhões de reais). O volume será publicado no mundo todo pela editora Random House, embora inicialmente só chegue aos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Além disso, também sairá como audiolivro. As datas não foram detalhadas, mas o lançamento deverá ser no final de 2022. Segundo a imprensa sensacionalista britânica, Harry vem há um ano trabalhando no volume, no qual teria a ajuda de J. R. Moehringer, ganhador do Pullitzer. Não teria avisado sobre a publicação ao seu pai, Charles, nem a qualquer outro membro da família real.

Entrevista Meghan Markle Oprah
Harry e Meghan, duques de Sussex, em sua entrevista a Oprah Winfrey. HARPO PRODUCTIONS (Reuters)

A espera pelo livro é grande. Harry teve uma vida excepcional, para começar, apenas por ser membro da família real britânica e ter a rainha Elizabeth II como avó e o pai como herdeiro do trono britânico. Além disso, ainda muito pequeno viveu não só o divórcio de seus pais como também a morte prematura da sua mãe, quando ele tinha apenas 12 anos. Na mira dos tabloides por sua rebeldia adolescente ―não mais preocupante que a de qualquer outro jovem, mas imensamente mais observada―, deu o contragolpe quando decidiu embarcar na vida militar e passar longas temporadas servindo no Afeganistão. Uma série de acontecimentos vitais que puseram em xeque sua saúde mental (ele mesmo confessou ter tido problemas de drogas e álcool) e que o levaram a se ocupar deste aspecto na etapa mais recente da sua vida.

Além disso, também como casal os duques de Sussex vêm revelando retalhos da sua vida, uma parte pequena, mas suculenta. Em março, diante da apresentadora Oprah Winfrey e de milhões de espectadores, esmiuçaram sua saída da família real britânica, há um ano e meio; ambos narraram a dureza dos seus últimos meses com os Windsor e como foram embora devido à grande pressão que sofriam. De fato, chegaram a acusar a família real britânica de racismo, tanto contra Meghan Markle como com seu filho Archie.

Todas estas confissões puseram em xeque a casa real britânica. Se a partida de Harry já havia sido um duro golpe, as recentes entrevistas do duque foram uma punhalada que a pode deixar gravemente ferida. Apesar de não ter hesitado em criticar e inclusive atacar sua família, Harry sempre tratou de proteger a figura da sua avó, a rainha. Mas esperou até 2022, quando a soberana completará 70 anos de reinado, para arrematar a família com um livro que sem dúvida cairá como uma bomba-relógio.

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