México denuncia um leilão de mais de 20 peças pré-hispânicas em Nova York

Peritos dizem se tratar de monumentos arqueológicos alguns dos objetos que a Sotherby’s oferece ao lance mais alto até 18 de maio

Una figura olmeca de piedra (izquierda) y una efigie maya en subasta en la casa Sotheby’s
Uma figura olmeca de pedra (esquerda) e uma efígie maia no leilão na casa Sotheby’s.SOTHEBY'S
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El penacho de Moctezuma expuesto en el Museo Etnográfico de Viena es quizá la pieza que mejor representa el agravio del expolio. Fue el tocado - o uno de ellos - de Moctezuma II, emperador de Tenochitlán durante la llegada de los españoles a México (1519). Es un penacho de oro con piedras preciosas y 400 plumas de quetzal. Originalmente, formó parte de un paquete de 158 piezas que el Emperador Moctezuma regaló a Hernán Cortés para honrarlo como un visitante distinguido. Se cree que años después pasó a ser propiedad de la Casa Real de Austria, cuando el barco en el que viajaba el penacho fue atacado en Jamaica por corsarios franceses. Medio siglo después fueron adquiridas a un ladrón italiano por el archiduque de Austria, Fernando II del Tirol.
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A picture taken on August 3, 2020 shows a bust of former king Leopold II covered in red paint, with "BLM" spray-painted on its base, in the park of the Africa Museum in Tervuren, near Brussels. - The bust of former Belgian king Leopold II, a controversial figure from Belgium's colonial past, has again been damaged in the grounds of the Africa Museum. The statue, which had already been painted in June, is regularly defaced. (Photo by François WALSCHAERTS / AFP)
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O Ministério da Cultura do México e o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) tomaram medidas legais e diplomáticas contra um leilão de mais de 20 peças pré-hispânicas em Nova York. Até 18 de maio a casa Sotherby’s oferece objetos da cultura maia e olmeca, entre outras, que os especialistas mexicanos consideram “monumentos arqueológicos”. O país latino-americano prossegue a luta para recuperar o patrimônio que se expõe na Europa e nos Estados Unidos e que não tem um bom histórico recente: em fevereiro, a casa Christie’s arrecadou três milhões de dólares (15,8 milhões de reais) num leilão de peças pré-hispânicas em Paris.

As autoridades mexicanas apresentaram uma queixa ao procurador-geral da República e “contra quem for o responsável” pela venda dessas peças, algumas das quais poderão ser vendidas por até 70.000 dólares (369.000 reais), segundo estimativas da casa de leilões. A venda on-line começou no dia 11 de maio e os interessados poderão disputar esses tesouros pré-hispânicos até o dia 18, no âmbito do leilão anual de arte da África, Oceania e América, em que também são comercializados objetos provenientes da Colômbia, Madagascar e Fiji “recém-chegados ao mercado”, segundo a promoção da firma britânica. Por causa das restrições da pandemia de covid-19 nos Estados Unidos, quem desejar ver os objetos em Nova York antes dos lances deve marcar um horário. Tanto o Ministério da Cultura como o INAH, no entanto, concentram seus esforços na contenção do “tráfico ilícito de bens culturais” e na recuperação do “patrimônio mexicano” no exterior.

No lote, há, por exemplo, um machado maia do clássico tardio (entre os anos 550 e 950) que tem preço estimado entre 50.000 e 70.000 dólares. Até a manhã desta sexta-feira, três pessoas já tinham feito ofertas e o valor atual é de 38.000 dólares (201.000 reais). O objeto, uma efígie que poderia ser a representação de um jaguar, um morcego ou uma cobra, estava relacionado ao jogo de bola, mas seu uso ainda não está claro para os peritos, segundo a casa de leilões em seu site. Em relação à sua procedência, a Sotherby’s apenas explica que a Albright-Knox Art Gallery, em Buffalo, adquiriu a peça em 1944 de seus proprietários anteriores. Além disso, em algum momento lhe foi acrescida uma base de madeira confeccionada pelo artista japonês Kichizo Inagaki.

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Também está em oferta uma figura de pedra verde de 10 centímetros feita pelos olmecas entre 900 e 300 antes de Cristo e adquirida em 2008 por um colecionador privado dos EUA sobre o qual a Sotherby’s não fornece mais informações. Esta peça tem um preço inicial de 25.000 dólares (131.000 reais) e pode chegar a 40.000 dólares (210.000 reais), de acordo com as previsões da Sotherby. Até agora, ninguém propôs comprá-la. Quatro outros artefatos olmecas estão à venda, quatro maias —além da efígie—, um tlatilco, seis do atual território de Colima, três de Jalisco, dois de Nayarit, um de Huasteca e um de Veracruz.

As autoridades mexicanas explicaram que “por se tratar de um caso de investigação aberta” as instituições “estão impedidas de dar mais informações”. Só têm cinco dias para interromper a venda. A legislação mexicana estabelece que os achados de objetos de culturas antigas em território mexicano pertencem à nação, mas quando saem ilegalmente do país as autoridades perdem seu rastro. Este jornal entrou em contato com a empresa Sotherby’s, mas não obteve resposta.

O México empreendeu uma cruzada para recuperar o patrimônio histórico que se encontra em coleções particulares em todo o mundo. O antecedente mais recente é um leilão de 33 peças de arte pré-hispânica em Paris, que o Governo mexicano não conseguiu impedir apesar das queixas e denúncias apresentadas. Esse leilão superou as expectativas da Christie’s, arrecadando três milhões de dólares. Entre as figuras vendidas estavam três que o INAH considera falsas. Mas nem todos os casos ficaram sem solução. O baixo-relevo de Xoc encontrado em Paris em 2015, em um leilão da firma Binoche et Giquello, foi devolvido ao México dois anos depois.

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