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Beyoncé e Taylor Swift fazem história no Grammy da pandemia

Cantora de ‘Black Parade’ se torna a mulher com mais estatuetas na história, 28, e Swift vence pela terceira vez na categoria de melhor álbum. Foi uma cerimônia dominada pelo gênero feminino

Beyoncé recebe um dos seus Grammys, neste domingo no Centro de Convenções de Los Angeles (Califórnia).
Beyoncé recebe um dos seus Grammys, neste domingo no Centro de Convenções de Los Angeles (Califórnia).CLIFF LIPSON (AFP)
Antonia Laborde

Quando o mundo completa um ano sem megashows por causa do coronavírus, a 63ª edição do prêmio Grammy conseguiu ser uma cerimônia histórica. Neste domingo, no Centro de Convenções de Los Angeles, Beyoncé bateu o recorde de artista mulher com mais Grammys na estante de casa, após receber o prêmio de melhor interpretação de R&B por Black Parade, a canção que lançou no dia da abolição da escravatura nos EUA, ao calor dos protestos raciais no país. Com esse prêmio, o quarto da noite para a diva, superou os 27 da cantora de bluegrass Alison Krauss, atingindo os 28 Grammys na carreira, uma cifra que faz dela uma lenda. Beyoncé agora empata com Quincy Jones e só é superada pelo maestro húngaro Georg Solti, que tem 31 Grammys.

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Taylor Swift ganhou, pela terceira vez em sua carreira, na categoria de melhor álbum, com Folklore, elaborado integralmente durante a pandemia. E Billie Eilish, de 19 anos, ergueu, incrédula, o troféu de melhor canção pelo segundo ano consecutivo, por sua Everything I Wanted. “Isto é muito constrangedor para mim”, disse a cantora sobre o palco, explicando que, na sua opinião, o prêmio deveria ter sido dado à rapper texana Megan Thee Stallion, por seu sucesso Savage. Os quatro principais troféus da noite ficaram nas mãos de mulheres.

Os organizadores queriam evitar a todo custo que a cerimônia tivesse a mesma cara de outras cerimônias virtuais forçadas pela pandemia. Quase conseguiram. Harry Styles fazendo Billie Eilish dançar com sua canção Watermelon Sugar, que depois lhe daria seu primeiro Grammy de melhor interpretação de solista pop, foi uma cena revigorante. O mesmo quanto a Bad Bunny, premiado com o Grammy de melhor álbum latino por YHLQMDLG, cantando ao ritmo de Don’t Start Now, enquanto Dua Lipa fazia sua magia sobre o palco. Mais tarde, a jovem inglesa levaria o Grammy de melhor álbum pop vocal por Future Nostalgia, coroando sua veloz imersão na cena musical global. A cerimônia teve algumas apresentações ao vivo e outras gravadas. O apresentador Trevor Noah, com bastante graça e fluidez, conseguiu que as bruscas mudanças de figurino e cenário não ficassem chatas, e que o foco estivesse em vivenciar, de alguma forma, a nova normalidade.

Durante anos, o Grammy foi criticado pela falta de reconhecimento à música criada pela comunidade afro-americana. E, embora este ano não tenha sido exceção, o tema racial esteve muito presente durante a noite. Beyoncé não vencia em uma categoria importante desde 2010. Os dois melhores discos de sua carreira, o homônimo Beyoncé e Lemonade, não levaram o gramofone dourado. Neste ano, ela chegou à cerimônia com nove candidaturas, encabeçando uma lista de indicações dominada por mulheres, e fez história com sua canção que aborda a injustiça racial nos Estados Unidos.

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Quando subiu ao palco para receber o prêmio por Black Parade, visivelmente emocionada, contou que sua intenção era homenagear nessa música “os lindos reis e rainhas negros”. Também dedicou o prêmio à sua filha de nove anos, Blue Ivy Carter, que levou um Grammy de melhor videoclipe por Brown Skin Girl, compartilhado com sua mãe. “Como artista, acredito que seja meu trabalho, e o trabalho de todos nós, refletir o momento, e foi um momento muito difícil”, afirmou a Queen B, como é conhecida. O quarto prêmio principal foi para H.E.R., troféu de melhor canção do ano por I Can’t Breathe, também alusiva à morte do afro-americano George Floyd por policiais no ano passado.

Estava previsto que o trono da noite fosse disputado entre Beyoncé e Taylor Swift. A segunda viveu um marco importante em sua carreira ao se tornar a primeira cantora e compositora mulher a ganhar três vezes o prêmio de melhor álbum, depois de Fearless em 2010, e 1989, em 2016. Com esta façanha, a artista de 31 anos empatou com Frank Sinatra, Stevie Wonder e Paul Simon como os únicos artistas com três Grammys nessa categoria.

Uma das atuações mais destacadas foi a de Megan Thee Stallion, ganhadora do Grammy de melhor artista revelação e que, ao lado de Beyoncé, se tornou parte da primeira dupla feminina a ganhar o prêmio de melhor interpretação de rap por seu remix de Savage. Sua apresentação deu lugar a Cardi B, que cantou Up equilibrando-se num sapato com salto-agulha gigantesco. Depois subiu numa cama com Thee Stallion para cantarem juntas pela primeira vez na televisão seu tema WAP, numa das atuações mais aplaudidas da noite.

Em um ano tão dilacerador para a indústria musical, nem tudo foi festa. O coronavírus, além de obrigar a fechar as casas de shows, matou no último ano diversos artistas que a Academia Fonográfica quis homenagear através de um vídeo acompanhado de canções suas, como Little Richard, Kenny Rogers, John Prine e Gerry Marsden. Silk Sonic também subiu ao palco para homenagear Little Richard com uma potente interpretação de Good Golly, Miss Molly, enquanto Lionel Richie honrou seu amigo Kenny Rogers com Lady.

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