_
_
_
_
_

Em batalha pelo patrimônio, México reivindica mais de 30 peças pré-colombianas que vão a leilão na França

Casa Christie’s oferecerá na próxima semana lotes com objetos das culturas asteca, maia e teotihuacana

Reliquias prehispánicas mexicanas
A máscara teotihuacana (à esquerda) e a estátua da deusa Cihuatéotl.Christie's
Sonia Corona
Mais informações
El penacho de Moctezuma expuesto en el Museo Etnográfico de Viena es quizá la pieza que mejor representa el agravio del expolio. Fue el tocado - o uno de ellos - de Moctezuma II, emperador de Tenochitlán durante la llegada de los españoles a México (1519). Es un penacho de oro con piedras preciosas y 400 plumas de quetzal. Originalmente, formó parte de un paquete de 158 piezas que el Emperador Moctezuma regaló a Hernán Cortés para honrarlo como un visitante distinguido. Se cree que años después pasó a ser propiedad de la Casa Real de Austria, cuando el barco en el que viajaba el penacho fue atacado en Jamaica por corsarios franceses. Medio siglo después fueron adquiridas a un ladrón italiano por el archiduque de Austria, Fernando II del Tirol.
México enfrenta missão “quase impossível” de recuperar o cocar de Montezuma e outros tesouros
Imagen de Xalla, expuesta esta semana en el Colegio Nacional de México.
Como foi o incêndio que destruiu Teotihuacán, a Cidade dos Deuses no México
Cuchillos de pedernal, piezas de oro, espinazos de serpiente, dos aves... Así es la última ofrenda hallada en el Templo Mayor.
Aves com ouro e colares, a oferenda encontrada no Templo Maior do México à espera dos líderes astecas

O México mantém sua luta para recuperar o patrimônio pré-colombiano exibido em acervos europeus, mas até agora obteve poucos resultados. Após tentar reaver o cocar de Montezuma, sob o poder de um museu austríaco, o país agora reivindica 33 objetos que a firma Christie’s leiloará no próximo dia 9 em Paris. O Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) solicitou ao Ministério Público mexicano que tome medidas legais contra a venda das peças e à Secretaria de Relações Exteriores (SRE) que empreenda ações diplomáticas para recuperar os objetos. “Determinou-se que o catálogo do leilão inclui peças que correspondem a culturas originárias do México, razão pela qual fazem parte do patrimônio da nação”, disse o Instituto em nota.

As peças correspondem a uma série de coleções exibidas no último século em países da Europa. Há esculturas, vasilhas, máscaras, pratos e estatuetas das culturas asteca, maia, tolteca, totonaca, teotihuacana e mixteca, provenientes de diversos Estados mexicanos. A maioria foi esculpida em pedra ou feita de barro. A Christie’s chamou o leilão de Quetzalcóatl, Serpente Emplumada, oferecendo suas peças por valores iniciais que variam de 4.000 a 900.000 euros (26.400 a 5,93 milhões de reais). A Christie’s garantiu a autenticidade dos lotes divulgando os acervos aos quais pertenciam as peças do catálogo.

No leilão, destacam-se dois objetos com o maior lance inicial. Por um lado, está uma máscara de pedra teotihuacana de 15 centímetros, do período clássico (450-650 d.C.), que foi chamada de Quetzalcóatl e cujo lance inicial deve se situar entre 350.000 e 550.000 euros (entre 2,3 e 3,63 milhões de reais). A Christie’s informa que a máscara pertenceu a Pierre Matisse, filho mais novo do pintor francês Henri Matisse, e foi exibida em duas ocasiões: em 2012, no Museu Quai Branly-Jacques Chirac, em Paris, e em 2018, no Palazzo Loredan, em Veneza. Não se sabe como a peça chegou à Europa. “Chamam-na Quetzalcóalt provavelmente porque acreditam que assim se venderá melhor. Esta venda é pouco ética, ilegal e muito sórdida”, escreveu no Twitter o arqueólogo Michael E. Smith, da Universidade Estadual do Arizona (EUA).

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Também há uma escultura de pedra de Cihuatéotl, a deusa das mulheres que morrem no parto, achada no sítio arqueológico de Zapotal, em Veracruz (sul do México). A estatueta de 87 centímetros pertenceu à cultura totonaca no período clássico (600-1000 d.C.). A casa de leilões pede como preço inicial da disputa entre 600.000 e 900.000 euros (4 a 5,93 milhões de reais). A peça foi achada com outros 13 exemplares em um altar de adoração. A Christie’s diz que foi exibida ao público em duas ocasiões, em 1976 e 1982, em Bruxelas.

Há alguns anos, o México iniciou uma cruzada para recuperar o patrimônio histórico que se encontra em acervos privados no mundo. A França constantemente reluta em devolver as peças ao Governo mexicano, e a secretária de Cultura do país latino-americano, Alejandra Frausto, argumentou que a legislação francesa é “muito hostil” e impede a recuperação do patrimônio mexicano.

Em setembro de 2019, a diplomacia mexicana procurou deter a luta de 95 objetos pré-hispânicos leiloados pela casa francesa Millon. A SRE, através da Embaixada em Paris, reivindicou as peças, sem sucesso. Um mês mais tarde, a casa Sotheby’s ofereceu 44 peças pré-hispânicas que também foram reclamadas pelo Governo mexicano. A legislação mexicana estabelece que os achados de objetos das culturas antigas em território mexicano pertencem à nação, mas, uma vez que saem do país de forma ilegal, as autoridades perdem seu rastro. Nem todos os casos terminaram sem solução —uma exceção foi o baixo-relevo de Xoc, achado em Paris em 2015, num leilão da firma Binoche et Giquello, e que foi devolvido ao México dois anos mais tarde.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_