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Brasil perde Ruy Fausto, um dos mais reconhecidos intelectuais do país

Filósofo teve um infarto, aos 85 anos, enquanto tocava piano em casa, em Paris

Ruy Fausto, filósofo e professor emérito da USP.
Ruy Fausto, filósofo e professor emérito da USP.Divulgação

O Brasil perdeu nesta sexta-feira um de seus maiores intelectuais, o filósofo Ruy Fausto, que faleceu aos 85 anos, de um infarto, enquanto tocava piano em sua casa, em Paris. Seu sobrinho, Sergio Fausto, informou o falecimento do professor emérito da USP (Universidade de São Paulo). O corpo de Ruy foi encontrado pela ex-esposa no apartamento onde morava sozinho, recostado no piano. Ele era um grande apreciador de jazz e tocava frequentemente.

Pensador marxista, ele era irmão do historiador Boris Fausto e publicou o livro em três volumes Marx: lógica e política, com ensaios escritos entre 1973 e 1997. Sua última obra foi lançada ainda este ano: O ciclo do totalitarismo (Perspectiva).

Outros livros de sua autoria são Caminhos da esquerda: elementos para uma reconstrução (Cia. das Letras, 2017), A esquerda difícil: em torno do paradigma e do destino das revoluções do século XX e alguns outros temas (Perspectiva, 2007) e Outro dia: intervenções, entrevistas, outros tempos (Perspectiva, 2009).

Nas redes sociais, o falecimento de Fausto foi lamentado por ex-alunos e colegas. “Figura humana de raríssima dignidade. Hoje é um dia muito triste", escreveu Fernando Barros e Silva, repórter da revista piauí, onde Fausto era colunista.

“Não apenas um dos grandes intelectuais do país, Ruy Fausto era um verdadeiro amigo de mais de 20 anos, alguém a quem tinha profunda afeição e gratidão. Espero que tudo o que ele fez e pensou permaneça vivo para poder esquecer, ao menos um pouco, a desoladora tristeza de sua ausência”, escreveu o também filósofo e colunista do EL PAÍS Vladimir Safatle.

Em uma de suas últimas entrevistas, concedida à Rádio Metrópole, de Salvador, em 9 de abril, Fausto contou um pouco de sua rotina de isolamento em Paris e criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro, que minimizou o risco do coronavírus, no combate à pandemia no Brasil. "O que ele faz é um crime, uma jogada de violência que pode ocasionar a morte de milhares de pessoas, mas ele [Bolsonaro] não se importa”, afirmou.

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