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Escritor chileno Luis Sepúlveda morre de covid-19 na Espanha

O romancista, que tinha 70 anos, foi um dos primeiros casos diagnosticados no país, no fim de fevereiro

O escritor Luis Sepúlveda.
O escritor Luis Sepúlveda.Luis Sevllano Arribas (EL PAÍS)

O escritor Luis Sepúlveda (Ovalle, Chile, 1949) morreu nesta quinta-feira, aos 70 anos, no Hospital Universitário Central das Astúrias, no norte da Espanha. Ele foi um dos primeiros casos confirmados da covid-19 na Espanha e lutava havia um mês e meio contra a doença causada pelo novo coronavírus.

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A woman wearing a protective face mask and gloves walks past graffiti in Bow, as the spread of the coronavirus disease (COVID-19) continues, London, Britain, April 16, 2020. REUTERS/Hannah McKay
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O autor de Um velho que lia romances de amor (Ática) começou a se sentir mal em 25 de fevereiro, e em seguida recebeu o diagnóstico de uma pneumonia aguda sem antecedentes. Uma vez confirmado o resultado positivo para o coronavírus, o paciente foi transferido para o hospital universitário em Oviedo, a capital regional.

Autor de mais de 20 romances, livros de viagem, guias e ensaios, Sepúlveda deixou o Chile em 1977 após sofrer represálias da ditadura de Augusto Pinochet. Depois de um longo périplo pela América Latina, que incluiu sua participação na revolução sandinista da Nicarágua (também esteve na Argentina, Uruguai e Brasil), em 1977 chegou a Gijón, na província de Astúrias.

Algumas de suas obras foram adaptadas para o cinema, como História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, pelo italiano Enzo D’Alò e em versão animada, e Um velho que lia romances de amor, dirigida pelo holandês-australiano Rolf de Heer.

Sepúlveda sempre disse que tinha nascido “profundamente vermelho”. Militou em várias formações comunistas e socialistas, mas acabou desencantado. Foi um grande viajante: adorava pesquisar as diferentes culturas e etnias. “É o maior tesouro da espécie humana”, dizia sobre as idiossincrasias regionais. Com uma grande consciência ambiental, trabalhou em um dos navios do Greenpeace durante vários anos da década de 1980. Dedicou um de seus romances, Historia de un perro llamado Leal, ao povo mapuche, etnia de um de seus avós. “O povo mapuche é constantemente perseguido. Suas reivindicações, que são bastante justas, são respondidas com repressão e a aplicação de uma absurda legislação antiterrorista”, afirmou na apresentação do romance, em 2016. Seu último livro foi Historia de una ballena blanca, de 2019.

Durante sua longa carreira como escritor, recebeu cerca de 20 prêmios, entre eles o Pégaso de Ouro, em Florença, e o Prêmio da Crítica, no Chile. Era, além disso, Cavaleiro das Artes e Letras da República Francesa e doutor honoris causa pela Universidade de Urbino, na Itália.

Em um encontro com leitores do EL PAÍS, Sepúlveda definia assim o tratamento dos personagens de seus romances: “O bom romance foi a história dos perdedores, porque os ganhadores escreveram sua própria história. Cabe aos escritores sermos a voz dos esquecidos”.

Em outro momento da conversa, explicou sua técnica narrativa: “Movo-me inteiramente pela história que estou contando e gosto de ser muito fiel aos meus personagens, me apaixonar por eles, porque sei que o leitor, ao ler, vai sentir uma emoção muito parecida com a que sinto ao escrever, e isso é o mais lindo que tem a literatura, poder compartilhar emoções e poder compartilhar sensações”.

Deixa a mulher, Carmen Yáñez.

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