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Morre Kirk Douglas, a última grande estrela da velha Hollywood, aos 103 anos

O lendário ator que encarnou ‘Spartacus’ só ganhou um Oscar, honorário, por sua trajetória, apesar de ter sido indicado três vezes

Kirk Douglas, em novembro de 2001.
Kirk Douglas, em novembro de 2001.Reed Saxon (AP)

Kirk Douglas, uma das últimas grandes estrelas da velha Hollywood, morreu nesta quarta-feira aos 103 anos, segundo informam vários meios de comunicação dos Estados Unidos e confirmou seu filho, o também ator Michael Douglas, à revista People. “Com tremenda tristeza, meus irmãos e eu anunciamos que Kirk Douglas nos deixou hoje aos 103 anos”, diz o comunicado enviado pelo ator à revista.

Douglas, como Spartacus, em 1960.
Douglas, como Spartacus, em 1960.

“Para o mundo, era uma lenda, um ator da era de ouro do cinema que viveu até a sua idade de ouro, um ser humano cujo compromisso com a justiça e com as causas nas quais ele acreditava marcaram um padrão ao qual todos nós aspiramos. Mas, para “Com tremenda tristeza, meus irmãos e eu anunciamos que K anos”, diz o comunicado enviado pelo ator à revista..

Issur Danielovitch Demsky, conhecido como Kirk Douglas, nasceu em Amsterdã, uma cidade no estado de Nova York, nos Estados Unidos, em 9 de dezembro de 1916. Sua família era de origem russa judaica, que emigrou em 1908. Seu pai, um trapaceiro, abandonou a casa da família quando Douglas tinha só cinco anos. Ele tinha seis irmãs mais velhas. Ele teve que trabalhar desde cedo para ajudar sua família financeiramente, combinando os vários empregos com seus estudos na Universidade de Saint Lawrence, onde se formou em Letras. Posteriormente, estudou na Academia Americana de Artes Dramáticas, em Nova York.

Em 1941 foi mobilizado, ingressando na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial. Foi oficial de comunicações em uma unidade antissubmarinos. Retornou a Nova York com ferimentos de guerra e lá começou a atuar em peças teatrais graças ao apoio da atriz Lauren Bacall.

Em 1946 estreou em Hollywood com O Tempo Não Apaga, de Lewis Milestone. Trabalhou em mais de 90 filmes e dirigiu dois filmes. Rodou sob as ordens dos diretores mais famosos, como Vincente Minelli, Jacques Tourneur, King Vidor, John Huston, Billy Wilder, Otto Preminger, Elia Kazan, Howard Hawks e William Wyler. Com Stanley Kubrick estrelou Glória Feita de Sangue em 1957 e Spartacus em 1960, filme emblemático de sua carreira, produzido pelo ator e que reabilitou —graças ao empenho pessoal de Douglas— o roteirista Dalton Trumbo, retaliado pelo macartismo, permitindo que aparecesse nos créditos. Douglas rodou sete filmes na companhia do ator Burt Lancaster.

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Issur Danielovitch Demsky, de nombre artístico Kirk Douglas, nació el 9 de diciembre de 1916 en Nueva York. El gran actor debutó en 1941 y protagonizó en 1960 una de sus películas memorables, 'Espartaco', de Stanley Kubrick.
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<p><strong>Qual era a ideia?</strong> Rodar uma imensa epopeia que transformaria seu protagonista e produtor, Kirk Douglas, em um mito de Hollywood.<br /><strong>O que deu errado?</strong> Depois de algumas semanas, Kirk Douglas achou que o diretor Anthony Mann não estava à altura dessa produção com cenas de até 8.000 figurantes. Então pagou seu salário e o demitiu. Precisava de um diretor que se deixasse manipular pelo estúdio e, sabe Deus por que, achou que essa pessoa era Stanley Kubrick. O “galinho do Bronx”, como Douglas definiria Kubrick, substituiu Sabine Bethmann por Jean Simmons e tentou eliminar a hoje icônica cena do “Eu sou Spartacus”. Simmons teve de ser operada com urgência no meio da filmagem, Tony Curtis foi engessado e Charles Laughton ameaçava diariamente processar Douglas. Quando contrataram 8.500 soldados espanhóis (a cada um dos quais Kubrick dava indicações concretas) para as cenas de batalha filmadas em Colmenar Viejo (Madri), Francisco Franco exigiu um pagamento em dinheiro para a organização caritativa de sua esposa. <br /><strong>Como a coisa acabou?</strong> Kubrick renegaria o filme, o único de sua carreira em que não teve controle total sobre a montagem. Na imagem, Kirk Douglas em uma cena no filme.</p>
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Kirk Douglas foi indicado ao Oscar em três ocasiões: em 1950 por O Invencível, de Mark Robson; em 1953 por Assim estava Escrito e em 1957 por Sede de Viver, ambos de Vincente Minelli. Finalmente, a Academia de Hollywood concedeu-lhe o Oscar honorário em 1996. Em 1981 recebeu a medalha presidencial da liberdade, a mais alta condecoração de seu país; em 1990, a Legião de Honra francesa e o Urso de Ouro honorário do Festival de Berlim, em 2001.

Casou-se com Diana Hill em 1943 e tiveram dois filhos: Michael e Joel Andre. Em 1954 casou-se novamente com Anne Buydens, com quem foi pai de dois filhos: Peter e Eric Anthony, já falecido. Em 1991 ficou ferido quando o helicóptero em que viajava colidiu com um pequeno avião no aeroporto particular de Santa Paula (Califórnia). Em 1996 sofreu uma embolia que lhe afetou gravemente a fala. Como escritor, em 1988 publicou The Ragman’s Son (O Filho do Trapeiro), sua autobiografia. Em 2009, com 92 anos, subiu aos palcos, dos quais estava aposentado havia cinco anos, com Before I Forget (Antes que Eu Esqueça), um monólogo de 90 minutos que ele mesmo escreveu sobre sua vida.

Em 2012 escreveu I Am Spartacus (Eu Sou Spartacus), um livro em que contou as vicissitudes da rodagem do filme de Kubrick. A partir de 2008 publicou um blog, primeiro no MySpace e mais tarde no The Huffington Post, que teve grande sucesso. Douglas era membro do Partido Democrata e filantropo convencido, doando desde 1990 mais de 40 milhões de dólares (cerca de 169 milhões de reais) a uma clínica para o tratamento de pacientes com Alzheimer.



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