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Comprimido experimental contra a covid-19 reduz as mortes pela metade, anuncia Merck

Farmacêutica alemã vai pedir às autoridades sanitárias dos EUA autorização para o uso emergencial do medicamento oral

Logomarca da Merck na sede da companhia em Kenilworth, nos Estados Unidos.
Logomarca da Merck na sede da companhia em Kenilworth, nos Estados Unidos.Seth Wenig (AP)
Antonia Laborde

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A fábrica alemã de medicamentos Merck anunciou nesta sexta-feira que seu comprimido experimental contra o coronavírus reduziu pela metade as hospitalizações e mortes de pacientes infectados que participaram de seu ensaio clínico. Em breve, a empresa pedirá às autoridades de saúde dos Estados Unidos e de outros países autorização para uso emergencial do medicamento. Se aprovado pelos órgãos reguladores, será o primeiro medicamento oral a tratar pacientes com covid-19, um avanço nos procedimentos de combate ao vírus que pode manter os infectados longe do hospital.

A Merck e sua sócia Ridgeback Biotherapeutics, os desenvolvedores do fármaco chamado molnupiravir, realizaram um estudo com 775 adultos infectados com covid-19, com casos leves a moderados, mas que apresentavam risco de doença grave em razão de problemas de saúde como obesidade, diabetes ou insuficiência cardíaca. Nenhum deles havia sido vacinado contra o coronavírus. Metade dos participantes do estudo recebeu o medicamento e a outra metade, um placebo. Entre os pacientes que tomaram molnupiravir, 7,3% foram hospitalizados ou morreram em 30 dias, em comparação com 14,1% daqueles que ingeriram o placebo.

“Quando você vê uma redução de 50% na hospitalização ou morte, isso tem um impacto clínico substancial”, disse o Dr. Dean Li, vice-presidente do Merck Research Laboratories, em um comunicado. Os resultados preliminares não foram revisados por especialistas externos à empresa farmacêutica. Os executivos da Merck disseram que planejam enviar os resultados dos testes para análise da Food and Drug Administration (FDA), o órgão regulador dos EUA, nos próximos dias. Se a agência dos EUA der luz verde, o comprimido estará disponível em questão de semanas.

O Governo dos Estados Unidos já comprou 1,7 milhão de doses por 1,2 bilhão de dólares (cerca de 6,4 bilhões de reais). A empresa planeja fabricar 10 milhões de comprimidos até o final do ano e antecipou que adotará um “esquema de preços escalonados”. As cápsulas devem ser tomadas duas vezes ao dia durante cinco dias, quando o paciente registrar os primeiros sintomas do coronavírus.

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Santiago Moreno, chefe do serviço de doenças infecciosas do Hospital Ramón y Cajal (Madri), declarou que o molnupiravir “é um medicamento que tem o mesmo mecanismo de ação do remdesivir, é um inibidor do RNA polimerase, uma enzima essencial para que o vírus possa se replicar”. Moreno explica que dois ensaios clínicos foram projetados para testar o novo medicamento: um para pacientes hospitalizados e outro para pacientes com casos mais brandos. O primeiro foi interrompido porque não mostrou eficácia quando a doença estava muito avançada. Foi mantido o ensaio cujos resultados encorajadores foram divulgados nesta sexta-feira. “Se esses resultados forem confirmados, isso é importante porque fornece uma alternativa terapêutica que pode ajudar no combate à doença”, disse o médico, segundo apurou Oriol Güell.

Até agora, as vacinas são a forma mais eficaz de proteção contra o coronavírus, mas os cientistas estão tentando desenvolver medicamentos eficazes e fáceis de distribuir, especialmente porque bilhões de pessoas em todo o mundo, principalmente em países pobres, não têm a opção de ser imunizadas por falta de acesso às vacinas. Além da Merck, várias empresas farmacêuticas, incluindo a Pfizer e a Roche, estão conduzindo testes com medicamentos semelhantes, cujos resultados podem vir a público nas próximas semanas ou meses.

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