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Variante delta do coronavírus duplica o risco de hospitalização entre os não vacinados

Estudo no Reino Unido confirma que a versão dominante do vírus pode colapsar mais os hospitais em países com baixa taxa de imunização

Variante covid
Um paciente de covid é levado ao Hospital Royal London, em junho.ANDY RAIN (EFE)
Nuño Domínguez
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AME9498. RIO DE JANEIRO (BRASIL), 18/08/2021.- Personal médico prepara dosis de la vacuna contra covid-19 hoy, durante una jornada de inoculación en el Palácio Tiradentes, antigua sede de la Asamblea Legislativa, en Río de Janeiro (Brasil). Brasil volvió a registrar más de 1.000 muertes en un solo día asociadas al coronavirus, pero mantiene la desacelerada de la pandemia evidenciada en las últimas semanas con los promedios más bajos del año, mientras avanza la vacunación a la población, según las cifras divulgadas por el Ministerio de Salud. EFE / André Coelho
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O maior estudo até agora sobre a virulência da variante delta do coronavírus traz dados preocupantes, principalmente para os milhões de pessoas do mundo em desenvolvimento que ainda não receberam sequer uma dose da vacina.

O trabalho é centrado em mais de 43.000 pessoas infectadas com coronavírus na Inglaterra. A média de idade da população estudada é de 31 anos. 80% se infectaram com a variante alfa, detectada originalmente no Reino Unido, e 20% com a delta, registrada pela primeira vez na Índia e que hoje em dia é a dominante na Espanha e em muitos outros países.

74% de todos os participantes não estavam vacinados e 24% receberam só uma dose. Por isso o trabalho não serve para entender a situação atual em países como a Espanha onde a variante delta é dominante, mas a imensa maioria da população em risco alto de covid-19 está completamente imunizada.

Os resultados do estudo, publicados no sábado na revista médica The Lancet, mostram que os infectados com a delta corriam o dobro do risco de ser hospitalizados por covid-19 do que aqueles que tinham a alfa.

Gavin Dabrera, médico da Agência de Saúde Pública do Reino Unido e coautor do estudo, ressalta que a imensa maioria dos participantes não estava vacinada e isso é fundamental para entender bem os resultados. O trabalho foi realizado entre 29 de março e 23 de maio deste ano. “Agora sabemos que as vacinas dão uma proteção excelente contra a variante delta, que no Reino Unido já é responsável por 98% dos casos registrados”, diz Dabrera em um comunicado de imprensa. “É vital que todos os que ainda não receberam a vacina completa o façam o quanto antes”, acrescenta.

A variante delta do coronavírus foi detectada pela primeira vez em outubro de 2020 na Índia. Desde então esta versão do vírus se expandiu por todo o mundo e se transformou na dominante, vencendo assim a variante alfa, ou britânica. A alfa já era 90% mais contagiosa do que as versões anteriores do patógeno e um estudo no Reino Unido também a associou com uma mortalidade 58% maior. De qualquer modo, esse último dado não foi confirmado em outros países.

A variante delta tem pelo menos três mutações que a tornam potencialmente mais perigosa. Vários estudos descobriram que essa forma do SARS-Cov-2 era 50% mais contagiosa do que a variante alfa. Um estudo preliminar na Escócia sugeriu que a delta duplicava o risco de hospitalização, um dado que o trabalho da Inglaterra agora confirma. O estudo escocês determinava a variante presente em cada paciente usando um PCR, enquanto o atual usou o sequenciamento completo do genoma do vírus, um método muito mais confiável.

No estudo atual, um em cada 50 pacientes foi hospitalizado. A equipe médica levou em consideração vários fatores que agravam a infecção como a idade, a raça e a vacinação. Após ajustar esses e outros indicadores viram que a delta aumentava o risco de internação 2,26 vezes em comparação com a alfa.

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Há tão poucos vacinados nesse estudo, 2%, que os resultados não servem para mostrar se a variante delta aumenta a gravidade da doença e o número de internações entre os vacinados. A maioria dos estudos publicados até hoje mostram que não: as vacinas podem ser sensivelmente menos eficientes para evitar contágios com a delta, mas continuam sendo efetivas para evitar a covid-19 grave e a morte.

“Qualquer surto com a variante delta entre pessoas não vacinadas significará uma carga maior aos serviços hospitalares”, diz Anne Presanis, estatística do Conselho Médico do Reino Unido e coautora do trabalho. A vacina reduz drasticamente as possibilidades de que um infectado com a delta tenha a doença, precise de internação e morra, frisa.

Os autores do estudo reconhecem algumas limitações em seu trabalho. Uma muito importante é que não foi possível levar em consideração as doenças prévias dos hospitalizados, um fator essencial pois pode complicar a infecção.

“A mensagem mais importante que o estudo nos deixa é que a variante delta significa um risco somente nos que não estão vacinados”, ressalta Marcos López, presidente da Sociedade Espanhola de Imunologia. “Além disso, o estudo é muito escravo do momento em que foi feito, quando a delta ainda não era dominante. Por exemplo, agora na Espanha mais de 90% dos casos são de delta e não estamos vendo uma maior taxa de hospitalização e de gravidade”, afirma.

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