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Vacina de Oxford e da AstraZeneca reduz transmissão do coronavírus, segundo último estudo

A pesquisa também mostra que ampliar para três meses o intervalo entre as duas doses aumenta sua eficácia

Miguel Ángel Criado
Mujer es vacunada contra coronavirus por AstraZeneca
Mulher recebe a primeira dose da vacina da AstraZeneca em Manacapuru, Amazonas, em 1º de fevereiro.BRUNO KELLY (Reuters)
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A shipment of doses of the Sputnik V (Gam-COVID-Vac) vaccine against the coronavirus disease (COVID-19) is transported after arriving at the Ezeiza International Airport, in Buenos Aires, Argentina January 28, 2021. REUTERS/Agustin Marcarian
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A vacina da farmacêutica AstraZeneca e da Universidade de Oxford reduz a transmissão do coronavírus. Segundo um estudo das duas instituições que ainda não foi validado por cientistas independentes, o acompanhamento dos vacinados sugere uma redução significativa da capacidade de contágio. Igualmente significativo foi outro resultado: ao aumentar para até três meses o intervalo entre a primeira e a segunda dose, a eficácia da primeira dose se manteve nesse período. Este estudo aparece na mesma semana em que muitos países europeus estudam a ideia de não administrar o imunizante em maiores de 65 anos.

Os pesquisadores de Oxford e da farmacêutica publicaram os últimos resultados de seus quatro estudos em andamento (dois no Reino Unido, um no Brasil e outro na África do Sul). O trabalho acrescenta mais um mês de informações às já publicadas em novembro e detalha dados novos observados com o passar do tempo.

O dado que mais se destaca talvez seja o do impacto da vacina na capacidade do vírus de manter seu nível de contágio. Com base no acompanhamento semanal, com amostras obtidas dos voluntários no Reino Unido, os autores sugerem que o potencial de transmissão do coronavírus caiu 67% depois da primeira dose. A série de ensaios não foi projetada para medir o quanto a vacina afeta a transmissão do vírus. Mas o acompanhamento semanal dos participantes permitiu fazer uma estimativa. Em princípio, uma vacina eficaz deve mitigar a gravidade das infecções ou torná-las assintomáticas, sem necessariamente alterar a taxa de PCR positivos. Mas o que o estudo comprovou com a repetição semanal foi que os resultados PCR positivos caíram até 67% após a primeira dose e quase 50% após a segunda.

“Não medimos especificamente a transmissão, porque isso requer um tipo de estudo diferente. O que temos é um estudo que nos mostra o número de pessoas que já não estão infectadas. E se não estão, a dedução lógica é que essas pessoas já não podem transmitir o vírus”, assinalou Andrew Pollard, o cientista responsável pelo estudo da vacina na Universidade de Oxford.

Em entrevista à rede BBC, o secretário de Saúde do Governo britânico, Matt Hancock, disse: “Agora sabemos que a vacina de Oxford também reduz a transmissão, e isso nos ajudará a todos a sair desta pandemia”, informou o The New York Times.

Outro resultado desse trabalho, que a revista médica The Lancet está revisando, tem a ver com o intervalo entre uma dose e outra. Quando se passou da fase experimental para a administração generalizada das vacinas já comercializadas, a recomendação era de espaçar as duas doses em três semanas. Esse período, utilizado nos ensaios, parecia adequado para ativar as defesas do sistema imunológico e não muito longo para que o vírus encontrasse vias de escape devido à pressão seletiva.

Mas a ciência se deparou aqui com as políticas de saúde pública. Incentivadas por alguns resultados muito preliminares, as autoridades britânicas (seguidas depois pelas de outros países) decidiram estabelecer um intervalo maior do que 21 dias para a administração da segunda dose, pois assim teriam maior quantidade de frascos para a primeira dose. A decisão envolve riscos, já que poderia facilitar uma mutação do vírus ao encontrar pontos fracos no sistema imunológico de quem recebeu apenas a primeira dose. De qualquer forma, a Organização Mundial da Saúde recomendou que o intervalo não ultrapassasse seis semanas.

No entanto, surgiu um problema para o estudo da Universidade de Oxford e da AstraZeneca: elas não conseguiam produzir todas as vacinas de que necessitavam para seguir o plano inicial das duas doses. Por isso, adiaram a administração da segunda em um subgrupo dos voluntários. E transformaram o problema em uma oportunidade para validar o espaçamento entre doses.

Seus resultados apontam agora que a eficácia da vacina melhora com o tempo. Mostram que esta aumenta de 54,9%, quando o intervalo entre a primeira dose e a segunda é menor que seis semanas, para 82,4% quando esse intervalo é de 12 semanas. Esse período também lhes permitiu comprovar que a proteção se mantém em 76% até os 90 dias para aqueles que só foram vacinados uma vez, perdendo apenas seis pontos percentuais em relação ao regime de dose dupla.

O professor Pollard assinalou em uma nota: “Estes novos dados oferecem uma validação importante dos dados provisórios usados por mais de 25 reguladores, entre eles a MHRA e a EMA [agências de medicamentos da Grã-Bretanha e da União Europeia, respectivamente], para conceder a autorização de uso emergencial da vacina”.

O cientista britânico, coautor do estudo, também afirmou que seus resultados corroboram a recomendação das autoridades britânicas de espaçar a administração das duas doses, conseguindo assim chegar a mais gente com as vacinas disponíveis, “confirmando que as pessoas ficam protegidas 22 dias após uma única dose da vacina”. Mas reconheceu que são necessários mais estudos para verificar se há diferenças de imunidade a longo prazo entre receber uma injeção ou duas.

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