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O bem-sucedido retorno de astronautas dos EUA abre caminho para viagens comerciais ao espaço

Os tripulantes Doug Hurley e Bob Behnken retornam da Estação Espacial Internacional em um programa histórico da NASA e da SpaceX

Cápsula da Crew Dragon, da SpaceX, é resgatada com os dois astronautas por embarcação após pouso no domingo.
Cápsula da Crew Dragon, da SpaceX, é resgatada com os dois astronautas por embarcação após pouso no domingo.Bill Ingalls HANDOUT (EFE)
Raúl Limón
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WASHINGTON, DC - MARCH 09: Elon Musk, founder and chief engineer of SpaceX speaks at the 2020 Satellite Conference and Exhibition March 9, 2020 in Washington, DC. Musk answered a range of questions relating to SpaceX projects during his appearance at the conference. (Photo by Win McNamee/Getty Images)
Elon Musk, a mente por trás do SpaceX, transforma sua vida em um espetáculo
A United Launch Alliance Atlas V rocket carrying NASA's Mars 2020 Perseverance Rover vehicle takes off from Cape Canaveral Air Force Station in Cape Canaveral, Florida, U.S. July 30, 2020.  NASA/Joel Kowsky/Handout via REUTERS.  MANDATORY CREDIT. THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY.
EUA iniciam sua missão para encontrar sinais de vida em Marte

Às 15h48 (hora de Brasília) de domingo, uma missão histórica foi concluída: a volta dos Estados Unidos, através da NASA e da SpaceX, empresa de Elon Musk, às viagens espaciais com astronautas. Desde a tragédia do Challenger (o ônibus espacial que explodiu em 28 de janeiro de 1986 depois a decolagem, transmitida ao vivo), o programa espacial tripulado foi questionado. As dúvidas foram endossadas em 1º de fevereiro de 2003, quando o Columbia se desintegrou sobre o Texas e a Louisiana. O lançamento em julho de 2011 do Atlantis encerrou o programa, que dependeu desde então dos Soyuz russos, que transportaram as tripulações da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) na última década.

“Com esta missão, os EUA recuperam a autoestima, promovem sua indústria aeronáutica e abrem as portas para uma nova era de colaboração privada em uma corrida espacial cada vez mais ambiciosa, como demonstram as recentes missões a Marte, especialmente a norte-americana e a chinesa”, explica Alberto Santiesteban, engenheiro aeroespacial de uma indústria auxiliar da Agência Espacial Europeia (ESA).

Os astronautas Doug Hurley e Bob Behnken chegaram à Estação Espacial em 31 de maio como os primeiros passageiros de uma empresa privada e depois de nove anos sem viagens tripuladas norte-americanas.

Neste sábado, fizeram a viagem de volta, apesar de que as condições climáticas, com a presença de uma forte tempestade na Flórida, podiam comprometer os planos de regresso. A “cápsula seguiu uma trajetória segura”, informou a empresa SpaceX em um comunicado no qual mantinha os planos previstos.

A amerissagem foi concluída às 15h48 na costa oeste da Flórida. Outras áreas haviam sido previstas, mas a tempestade Isaías poderia evoluir para um furacão e estava situada na costa leste, razão pela qual essa zona costeira foi descartada para o retorno dos dois astronautas.

Os astronautas Robert Behnken (esquerda) e Douglas Hurley após a aterrissagem.
Os astronautas Robert Behnken (esquerda) e Douglas Hurley após a aterrissagem. DPA vía Europa Press (Europa Press)

Bob Behnken, que se despediu na noite de sábado de seus companheiros da Estação Espacial (dois colegas russos, Anatoly Ivanishin e Ivan Vagner, e do chefe da missão, o capitão Chris Cassidy) junto com Doug Hurley, enviou uma mensagem antes início do retorno: “A coisa mais difícil foi nos colocar em órbita, mas o mais importante é voltar para casa”.

A Crew Dragon, nome da nave da SpaceX, entrou na atmosfera e suportou com o escudo térmico o aumento de temperatura que acontece nessa fase. Já o fez várias vezes, portanto a resistência dos dispositivos está mais do que comprovada. Depois de passar por essa zona, e a quase 800 quilômetros por hora, abriu os primeiros paraquedas que permitem frear e estabilizar a cápsula. Minutos depois, esses dispositivos deram lugar a outros quatro grandes paraquedas que facilitaram a amerissagem no Golfo do México.

Até 90 minutos depois da amerissagem os astronautas não puderam sair devido à diferença de pressão entre o compartimento interno da cápsula e o convés do navio da SpaceX que resgatou a nave. Um segundo antes de deixar a cápsula onde passaram mais de 20 horas, ambos agradeceram a todos os envolvidos na missão pelo esforço para concluí-la com sucesso.

Ao realizar com êxito o programa, os EUA evitarão pagar cerca de 80 milhões de dólares (cerca de 418 milhões de reais) por assento no programa russo, do qual deixarão de depender para suas missões espaciais. Além disso, abrirão caminho para um investimento de 3 bilhões de dólares previsto pela SpaceX para fazer seis viagens de ida e volta para a Estação Espacial Internacional com quatro astronautas por missão nos próximos anos. Em 2014, a NASA concedeu contratos à Boeing e à SpaceX no total de 6,8 bilhões de dólares para desenvolver o programa comercial de transporte espacial.

Acordados pelos filhos

Behnken e Hurley dormiram na cápsula 8 das 19 horas da viagem de retorno à Terra a partir da estação. Segundo informou a NASA, foram acordados pelo centro de controle com uma gravação de áudio dos filhos.

Permaneceram na Estação Espacial Internacional por 62 dias, durante os quais deram 1.024 voltas ao redor da Terra, dedicaram 114 horas a pesquisas e viram vários veículos espaciais chegando e partindo da estação espacial, de acordo com a NASA. Behnken participou de quatro caminhadas espaciais com Chris Cassidy, o astronauta da NASA no comando da estação.


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