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OMS reconhece risco de transmissão do coronavírus pelo ar

Organismo anuncia a publicação de um relatório elaborado ao longo das últimas semanas com base em “novas provas”

Maria van Kerkhove, diretora de emergências sanitárias da OMS.
Maria van Kerkhove, diretora de emergências sanitárias da OMS.FABRICE COFFRINI (EFE)
Javier Salas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que há um número crescente de estudos e testes que mostram que a transmissão do vírus da covid-19 também ocorre por via aérea. Em sua habitual retórica ambígua, admitiu essa possibilidade durante a última entrevista coletiva realizada na tarde de terça-feira em sua sede de Genebra e anunciou a publicação de um relatório que resumirá todas as informações a esse respeito. Esta possibilidade, que não considera “definitiva”, foi o tema mais relevante do comparecimento dos diretores da OMS depois que 239 cientistas divulgaram uma carta aberta em que pedem ao organismo que aceite que o contágio do coronavírus pode ocorrer por via aérea e leve isso em conta nas suas recomendações.

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Centenas de cientistas pedem à OMS que reconheça a transmissão aérea do coronavírus
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“Acreditamos que devemos estar abertos a estas provas e compreender suas implicações com relação aos modos de transmissão e as precauções a serem tomadas”, admitiu Benedetta Allegranzi, diretora de prevenção e controle de infecções da OMS. Allegranzi acrescentou que a organização vinha desde abril dando atenção às contribuições destes cientistas especializados em aerossóis e transmissão aérea. No entanto, a cientista acrescentou que “há algumas provas novas, mas não é definitivo. Portanto, não se pode descartar a possibilidade de transmissão aérea em ambientes públicos, especialmente em condições muito específicas: lugares abarrotados, fechados, com pouca ventilação. Entretanto, a evidência deve ser reunida e interpretada”.

“Vínhamos falando da possibilidade de transmissão pelo ar e transmissão por aerossóis como um dos modos de transmissão da covid-19, assim como as gotículas”, explicou Maria van Kerkhove, diretora da unidade de zoonoses e doenças emergentes da OMS. “Emitiremos nosso relatório nas próximas semanas e isso resumirá tudo o que sabemos neste campo”, acrescentou. Há meses, especialistas em contágios por via aérea pedem à OMS que parta do princípio de que o coronavírus também é capaz de se manter em suspensão em partículas microscópicas de saliva e em questão de minutos acaba sendo aspirado por alguém no ambiente.

Na semana passada, 239 cientistas divulgaram um texto em que repassavam as provas científicas desta transmissão por vírus em suspensão: “Existem evidências mais do que suficientes para que se aplique o princípio de precaução. Para controlar a pandemia, à espera de dispor de uma vacina, devem-se interromper todas as vias de transmissão”. Estes especialistas não estavam descobrindo uma via principal ou inesperada; advertem que, sobretudo em ambientes internos, há situações em que se pode dar o contágio por aerossóis, essas pequenas partículas que permanecem em suspensão e podem infectar alguém. Em sua defesa, Allegranzi observou que as recomendações da OMS já incluem a necessidade de ventilar adequadamente os estabelecimentos comerciais e a conveniência de evitar lugares fechados, com muita gente e sem circulação de ar.

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