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Estudo de Harvard indica que o coronavírus começou a circular em Wuhan em agosto, meses antes de surto

Análise detecta aumento do uso de estacionamentos em áreas hospitalares e o incremento das pesquisas sobre sintomas compatíveis desde o fim do verão na China

Mulher protegida por máscara cruza por uma passarela em Wuhan, em 14 de maio.
Mulher protegida por máscara cruza por uma passarela em Wuhan, em 14 de maio.HÉCTOR RETAMAL
Raúl Limón

Conhecer a origem da pandemia causada pelo coronavírus SARS-COV-2 é uma prioridade da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo reconheceu seu porta-voz, Christopher Lindmeier. Os pesquisadores já sabem que o vírus estava em circulação antes dos primeiros casos confirmados durante o mês de janeiro em Wuhan e calculam que, entre outubro e novembro de 2019, o patógeno já estava se adaptando aos seres humanos. Uma pesquisa da Harvard Medical School agora analisou os movimentos em estacionamentos de hospitais da cidade chinesa e as buscas sobre sintomas compatíveis com a covid-19 na Internet e concluiu que a doença poderia estar em evidência mesmo antes desse período, desde agosto.

A pesquisa, exposta em um texto preliminar publicado em um órgão de divulgação de Harvard, utilizou fluxos de dados previamente validados e obtidos mediante imagens de satélite de estacionamentos de hospitais e dados de buscas no Baidu (principal mecanismo de pesquisa na Internet da China) de termos relacionados a sintomas consistentes com a doença.

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Passengers on a train with staggered seating wear face masks to curb the spread of the coronavirus at the Hua Lamphong Railway Station in Bangkok, Thailand, Tuesday, June 9, 2020. The Thai government continues to ease restrictions related to running business in capital Bangkok that were imposed weeks ago to combat the spread of COVID-19. (AP Photo/Sakchai Lalit)
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Analistas da universidade norte-americana observaram um aumento no tráfego (entre 110 e 150 veículos estacionados a mais diariamente) em cinco áreas hospitalares de Wuhan, bem como um incremento nas buscas na Internet com os termos “tosse”, “sintomas respiratórios” e “diarreia”.

A mesma pesquisa reconhece que o aumento nessas buscas, exceto as relacionadas com sintomas de desconforto intestinal, também ocorre nas temporadas anuais da gripe. No entanto, o cruzamento de dados leva os pesquisadores a calcular que o vírus, com base no afluxo de pessoas a clínicas médicas e buscas na Internet, já estava em circulação no final do verão passado na China. “O aumento de ambos os indicadores precede o início documentado da pandemia de covid-19, em dezembro”, dizem.

A OMS já enviara em fevereiro uma missão para investigar a origem da pandemia e deseja retomar as investigações com uma nova missão a Wuhan. “Isso é de vital importância para a saúde pública, porque, sem saber qual é a origem animal, é difícil tentar impedir que isso aconteça novamente no futuro”, explicou a epidemiologista da OMS Maria Van Kerkhove.

Os pesquisadores de Harvard assinalam que o estudo é uma demonstração do valor das fontes de informação digital para a vigilância de patógenos emergentes.

Na mesma linha trabalha o pesquisador espanhol José Javier Ramasco, do Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC), que destacou, em uma conferência sobre mobilidade e covid-19, realizada no mês passado, a importância de se observar a mobilidade urbana em tempo real e usar distintas fontes de dados.

O Ministério dos Transportes da Espanha estuda a “caracterização da mobilidade nos níveis nacional, de comunidades autônomas, provincial e local”, com o objetivo de “apoiar o trabalho de monitoramento da evolução da doença”. Da mesma forma, o Instituto Nacional de Estatística (INE) preparou um primeiro estudo DataCOVID sobre mobilidade.

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