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Tempestade mata sete pessoas em barco-hotel no Pantanal

Bombeiros encontraram na tarde deste domingo o corpo da sétima vítima de naufrágio no rio Paraguai, em Corumbá. Brasil tem enfrentado série de tempestades de areia

Bombeiros durante resgate no rio Paraguai, em Corumbá.
Bombeiros durante resgate no rio Paraguai, em Corumbá.Divulgação/Corpo de Bombeiros MS

Um temporal que atingiu 17 cidades de Mato Grosso do Sul na sexta-feira resultou na morte de sete pessoas que faziam turismo em um barco-hotel no rio Paraguai, na cidade de Corumbá, na fronteira com a Bolívia. As rajadas de vento superaram os 90 quilômetros por hora. A embarcação virou em poucos segundos e os 21 ocupantes submergiram, segundo relatos colhidos pelos Bombeiros e pela Polícia Civil. Dois corpos foram encontrados na sexta-feira à tarde e outros quatro na manhã deste sábado. A sétima vítima foi encontrada na tarde deste domingo. Seu corpo estava preso em um dos compartimentos da chalana naufragada. No local onde a embarcação afundou a profundidade é de aproximadamente quatro metros.

Com exceção dos nove tripulantes, os outros 12 ocupantes eram turistas de São José do Rio Preto (SP), Sumaré (SP) e de Rio Verde (GO). Segundo relatos dos sobreviventes à Polícia Civil, o grupo estava fazendo um churrasco na parte superior da chalana Carcará, quando um vendaval virou a embarcação. “Deu uma chacoalhada no barco. Dois segundos depois, virou igual filme”, relatou o médico Geovanne Furtado Souza ao portal G1. Quatro das seis vítimas identificadas até agora eram familiares de Souza, seu pai, um tio, um sobrinho e um cunhado. Eles tinham ido para o barco para comemorar o aniversário de 78 anos de Geraldo Alves de Souza, um dos mortos.

Os turistas costumavam viajar para o Pantanal para pescar, mas, por causa da pandemia de covid-19, estavam sem fazer essa viagem havia quase dois anos. O rio Paraguai é um dos principais pontos de turismo de pesca do Brasil. O Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), emitiu uma nota de pesar pelos mortos, já que cinco dos seis que foram identificados até o momento eram goianos.

Nas redes sociais, moradores de Corumbá postaram uma série de vídeos mostrando a nuvem vermelha que encobriu a cidade seguida do vendaval. Em Campo Grande, na capital de Mato Grosso do Sul, também foram registradas diversas perdas por conta da tempestade. A Defesa Civil informou que as rajadas de vento chegaram aos 102 quilômetros por hora. Ao menos 4.000 imóveis ficaram sem energia, o abastecimento de água ficou comprometido, 154 árvores caíram pelas ruas da cidade, empresas de telefonia e TV a cabo saíram do ar, conforme relatos de jornais locais.

Conforme o site de notícias Campo Grande News, uma aeronave que fazia o trajeto Campo Grande – Campinas (SP) chegou a ser atingida pela tempestade de areia, conhecida como haboob. A psicóloga Cris Duarte, que estava no voo, relatou que dois minutos após a decolagem, começou o vendaval de areia. “Foi um desespero total, os passageiros começaram a passar mal, a vomitar. Deu para sentir o nervosismo dos próprios comissários, já que eles também não podiam levantar das suas poltronas por conta da turbulência”, relatou ao jornal. Conforme a passageira, a aeronave levou cerca de 10 minutos para atravessar a tempestade de areia, enquanto a comandante manobrava o avião em busca da melhor rota. Ela gravou um vídeo que foi reproduzido pelo periódico.

As tempestades de areia começaram a chamar atenção no Brasil nas últimas semanas, depois que atingiram cidades do interior de São Paulo, de Goiás, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Conforme o serviço de meteorologia Climatempo, a tendência é que a frequência do fenômeno aumente nos próximos anos. A razão são os longos períodos de estiagem no Sudeste e no Centro Oeste, que acabam tendo relação com o desmatamento.

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