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Em escalada golpista, Bolsonaro receberá desfile de tanques militares no Planalto

Fuzileiros da Marinha vão entregar convite ao presidente no dia em que a Câmara deve iniciar votação da PEC do voto impresso. “Não quero crer que seja tentativa de intimidação”, diz vice-presidente da Câmara

Fuzileiros navais durante a Operação Formosa em 2019.
Fuzileiros navais durante a Operação Formosa em 2019.Marinha do Brasil
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Brazilian President Jair Bolsonaro is pictured before of the welcome ceremony to the Cape Verde's President Jorge Carlos Fonseca at Planalto Palace in Brasilia, on July 30, 2021. (Photo by EVARISTO SA / AFP)
Cem anos de proteção a Bolsonaro
Brazil's President Jair Bolsoanro, second right, greets a supporter at Planalto presidential palace before a motorcycle rally with local moto clubs in honor of Father's Day in Brasilia, Brazil, Sunday, Aug. 8, 2021. (AP Photo/Eraldo Peres)
Como reagiria a comunidade internacional a uma ruptura democrática no Brasil?
Brazil's President Jair Bolsonaro takes off his protective mask during the inauguration ceremony of his new chief of staff at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil August 4, 2021. REUTERS/Adriano Machado
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No dia em que a Câmara dos Deputados deve iniciar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), receberá no Palácio do Planalto um comboio com veículos blindados e armamentos da Força de Fuzileiros da Esquadra da Marinha. A exibição com tanques de guerra no meio da Esplanada dos Ministério, prevista para a manhã desta terça-feira, terá como função entregar um convite ao presidente e ao ministro da Defesa para que eles participem da demonstração de um treinamento militar das Forças Armadas que ocorrerá no dia 16 de agosto em Formosa (GO), município a 82 km de Brasília.

Na prática, será uma tentativa de mostrar alguma força diante de uma iminente derrota na pauta que serviu de diversionismo e de injeção de ânimo em sua militância, a da recriação do voto impresso como uma alternativa ao eletrônico, que Bolsonaro acusa de ter sido fraudado, apesar de não conseguir apresentar provas. Esta será a primeira vez que a Marinha faz um convite pessoalmente ao presidente, um egresso do Exército, utilizando-se de um comboio de blindados. Ela ocorre justamente em um momento em que Bolsonaro intensifica seu discurso golpista. Nos últimos dias, depois de ter o seu nome incluído no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal e de ver aberto uma apuração administrativa no Tribunal Superior Eleitoral, o presidente ameaçou atuar fora das “quatro linhas da Constituição”.

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Em mais de uma ocasião, o presidente colocou em risco a realização do pleito, caso não houvesse o voto impresso. A PEC, de autoria da deputada governista Bia Kicis (PSL-DF), foi rejeitada por uma comissão especial da Câmara. Ainda assim, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu colocá-la em votação no plenário. Uma manobra inédita. A expectativa de momento é que ela seja derrotada, já que 15 dos 24 partidos com deputados anunciaram ser contra a proposta. Para ser aprovada, ela precisa de votos de 308 dos 513 parlamentares.

A primeira voz mais relevante do Congresso Nacional a se manifestar sobre o desfile foi a do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM). “Sobre essa história de tanques nas ruas. Não quero crer que isso seja uma tentativa de intimidação da Câmara dos Deputados mas, se for, aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”, escreveu o deputado em seu perfil no Twitter. No fim de semana, ele já havia tuitado que “semana que vem a tal PEC do voto impresso será derrubada de forma acachapante e vamos virar a página pra discutir temas que mudem a vida dos brasileiros garantindo vacina no braço, emprego e comida no prato”.

Já o vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que “colocar tanques na rua não é demonstração de força, e sim de covardia”. “Os tanques não são seus, pertencem à Nação”, escreveu em seu perfil no Twitter, referindo-se ao presidente, finalizando: “É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia”.

Conforme um comunicado da Marinha, a Operação Formosa é a maior atividade de treinamento da corporação. Ela ocorre desde 1988 e, pela primeira vez, terá a participação conjunta do Exército e da Aeronáutica. A maioria dos veículos militares que passarão pelo Palácio do Planalto partirá do Rio de Janeiro. A atividade neste ano contará com a participação de 2.500 militares e o treinamento contará com o uso de 150 aeronaves, veículos anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes.

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