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Eliane Brum vence prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia

Colunista do EL PAÍS foi uma das quatro mulheres a receber a honraria, uma das mais prestigiadas do jornalismo mundial

A jornalista Eliane Brum realizando uma entrevista na Terra do Meio, na Amazônia.
A jornalista Eliane Brum realizando uma entrevista na Terra do Meio, na Amazônia.Lilo Clareto
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A escritora e colunista do EL PAÍS Eliane Brum foi uma das vencedoras do prêmio Maria Moors Cabot da escola de jornalismo da Universidade de Columbia, concedido para iniciativas de destaque em reportagem e fotojornalismo nas Américas. Pela primeira vez a honraria foi dada a um grupo só de mulheres: ao lado de Brum também foram agraciadas Adela Navarro Bello, do grupo mexicano Zeta, Mary Beth Sheridan, do The Washington Post, e a fotojornalista Adriana Zehbrauskas, sediada nos Estados Unidos e no Brasil. O resultado foi anunciado nesta quarta-feira.

Em texto publicado nas redes sociais, Brum agradeceu aos leitores e afirmou que “no meio das trevas do Brasil, assassinado por Bolsonaro genocida, e da Amazônia, quase no ponto de não retorno, destruída por Bolsonaro ecocida, uma enorme alegria (...) fui uma das vencedoras do prestigioso prêmio Maria Moors Cabot, dado pela Columbia University, nos Estados Unidos. É um dos prêmios mais incríveis que existem no planeta para um jornalista e me sinto imensamente honrada”.

A carreira de Brum é marcada pela defesa dos Direitos Humanos com atenção especial à situação dos povos originários e comunidades tradicionais da região amazônica. Há anos a colunista denuncia o impacto devastador que os grandes empreendimentos de infraestrutura—como a hidrelétrica de Belo Monte— têm na vida destas populações. Dos governos do PT a Bolsonaro, Brum se destacou com reportagens que denunciaram a responsabilidade das autoridades frente à emergência climática e à pandemia de covid-19, que afetam de maneira desigual ricos e pobres e punem de forma brutal os povos da floresta.

O atual momento de cerceamento à atividade das jornalistas foi destacado pelo presidente da Universidade, Lee. C Bollinger: “Com ameaças crescentes à imprensa nas Américas, incluindo ataques físicos e ataques cibernéticos dirigidos contra mulheres jornalistas, eu congratulo as quatro vencedoras do prêmio este ano”, afirmou. Ele destacou a “coragem” das eleitas pelo grupo de jurados da Escola de Jornalismo. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e ministros se notabilizaram por ataques machistas contra várias repórteres, como Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo.

Ao EL PAÍS, Brum também destacou o atual momento que a imprensa vive no Brasil: “Que este prêmio tenha chegado para mim neste momento, em que a imprensa crítica, ética e responsável é atacada e ameaçada pelo pior presidente da história do Brasil — e especialmente as jornalistas mulheres, já que além de todos os crimes e defeitos, Bolsonaro é também misógino —, é ainda mais significativo”.

Este ano Brum perdeu seu grande parceiro de reportagens, o fotógrafo Lilo Clareto. Ele faleceu em em 21 de abril após mais de um mês de luta contra a covid-19. “Nosso Lilo, meu Lilo, virou árvore, virou rio, virou floresta. Virou luz e virou chuva. Virou vagalume, borboleta amarela na Terra do Meio. Lilo, meu Lilo, você é em mim e em todos que te amaram e que foram amados por ti. Você é em cada janela que abriu no mundo com sua câmera. Lilo, você é”, escreveu Brum em uma homenagem ao amigo. Os dois se conheceram em 2001, e desde então entabularam uma das mais longevas e frutíferas parcerias entre repórter e fotógrafo e repórter na região amazônica. Ela dedicou uma de suas últimas colunas a Lilo e à sua filha Maria.

Site: elianebrum.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter, Instagram e Facebook: @brumelianebrum

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