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Com TSE sob pressão após problemas no 1º turno, 18 capitais escolhem prefeitos e vices no segundo turno

Ao todo, eleitores de 57 cidades voltam às urnas em meio a pandemia de covid-19 para definição do 2º turno nas eleições municipais

Voluntários convocados pela Justiça eleitoral trabalham no segundo turno em um local de votação em São Paulo.
Voluntários convocados pela Justiça eleitoral trabalham no segundo turno em um local de votação em São Paulo.AMANDA PEROBELLI (Reuters)
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BRA01. RIO DE JANEIRO (BRASIL), 15/11/20.- Varios ciudadanos votan en un colegio electoral para votar en las municipales este domingo en Río de Janeiro (Brasil). Los colegios electorales comenzaron a abrir este domingo sus puertas a las 7:00 horas (10:00 GMT) en la mayoría de Brasil para los comicios en los que se elegirán los alcaldes y concejales de 5.569 municipios para los próximos cuatro años. EFE/Antonio Lacerda
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“O Tribunal Superior Eleitoral informa que, nos últimos dias, foram realizados testes adicionais no computador e nos sistemas que realizam a totalização (soma) de votos e divulgação de resultados de todo o país. A avaliação da Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE é de que o sistema está devidamente preparado para a realização exitosa do segundo turno”. O comunicado, emitido três dias antes dos eleitores voltarem às urnas em 57 cidades para escolher o prefeito neste domingo, busca passar segurança após a confusão com o atraso na totalização dos votos no primeiro turno. O supercomputador utilizado para fazer o serviço travou e a divulgação dos resultados em diversas cidades do país atrasou. Por quase duas horas, a porcentagem de votos apurados travou em cerca de 9% em todo o Brasil. Em São Paulo, onde nos pleitos anteriores o resultado já era conhecido às 20h, a apuração ficou estagnada em 0,39% até as 22h30. Para piorar a situação, houve um ataque hacker aos sistemas do TSE naquela mesma manhã. O tribunal disse que o sistema eleitoral não foi violado, mas dados de servidores foram expostos na internet, gerando dúvidas sobre a segurança cibernética de todo o processo.

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O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, tentou minimizar os dois problemas. “Foi um acidente de percurso sem nenhuma vítima, salvo um atraso final no resultado, que espero que seja de algumas horas”, disse a jornalistas em meio ao atraso. “As urnas não estão em rede. Portanto, elas não são vulneráveis a um tipo de ataque que possa interferir no processo eleitoral”, afirmou. Era tarde e àquela altura uma série de teorias conspiratórias e fake news já tinham ganhado as redes sociais. A campanha de desmoralização do sistema eleitoral eletrônico ganhou apoio com postagens de candidatos e parlamentares bolsonaristas.

Assim sob pressão, com o cuidado extra na parte técnica e uma operação da Polícia Federal — que neste sábado prendeu em Portugal um hacker suspeito de ter participado do ataque — o tribunal busca responder aos dois problemas e assim evitar que as críticas se repitam e o processo de questionamento do sistema eleitoral nacional sejam ampliadas. Nada pode dar errado.

Segundo o TSE, os testes virtuais duraram dois dias e tiveram a participação de cartórios eleitorais de 24 estados brasileiros. O objetivo foi validar a performance e a eficácia dos sistemas de transmissão e recebimento de arquivos de urna, bem como de totalização e de divulgação de resultados. Na simulação, tudo funcionou bem.

Na outra frente, a PF cumpre os mandados de busca e apreensão e três medidas cautelares de proibição de contato entre investigados nos estados de SP e MG, além da prisão em Portugal. Os mandados cumpridos no Brasil foram expedidos pelo Juízo da 1ª Zona Eleitoral do Distrito Federal. Investigação da PF aponta que um grupo de hackers brasileiros e portugueses, liderados por um cidadão português, foi responsável pelos ataques aos sistemas do TSE no primeiro turno. “Não foram identificados quaisquer elementos que possam ter prejudicado a apuração, a segurança ou a integridade dos resultados da votação”, afirma a PF em comunicado sobre o ataque hacker.

Aplicativo também travou

Outro problema enfrentado pelo TSE no primeiro turno é que o aplicativo “e-Título” — um título de eleitor virtual que pode ser utilizado como documento de identificação, serve para justificar ausência e traz informações sobre os locais de votação — travou para ser baixado no dia da eleição devido ao grande número de acessos. A solução encontrada para o segundo turno foi limitar o download do aplicativo até as 23h59 do sábado. Quem tentar baixá-lo no domingo, não vai conseguir.

Mesários voluntários trabalham em zona eleitoral no Rio de Janeiro durante o primeiro das eleições.
Mesários voluntários trabalham em zona eleitoral no Rio de Janeiro durante o primeiro das eleições. Antonio Lacerda (EFE)

Ao todo os eleitores de 18 capitais voltam às urnas neste domingo para decidir quem será o prefeito pelos próximos quatro anos a partir de 2021. Em algumas delas, a disputa está acirrada e não é possível prever com segurança quem será o vencedor.

No Recife, uma disputa entre os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) no segundo turno rachou a esquerda e a família herdeira de Miguel Arraes. Eles estão emparelhados na pesquisa de segundo turno, com 35,1% para o candidato do PSB e 35% para a petista, mostra o Atlas Político. Em Belém o segundo turno também está acirrado em uma disputa direta entre esquerda e direita. O delegado federal Everaldo Eguchi (Patriota) enfrenta Edmilson Rodrigues (PSOL). De acordo com pesquisa Ibope uma semana antes da eleição, Edmilson tinha 52% dos votos válidos contra 48% do delegado.

Em São Paulo Guilherme Boulos, do PSOL, testou positivo para a covid-19 na sexta-feira (27), e o último debate contra o atual prefeito do PSDB em busca de reeleição, Bruno Covas, previsto para aquela noite, foi cancelado. Na capital paulista, Covas lidera com 54% dos votos válidos contra 46% de Boulos, que perdeu dois dias importantes de campanha na reta final. Em Porto Alegre, outra capital onde a esquerda mostrou sinais de vida e surpreendeu com o avanço ao segundo turno, Manoela D’Ávila, do PCdoB, também encontra dificuldades para alcançar o candidato Sebastião Melo, do MDB, que lidera a disputa de acordo com as pesquisas de intenção de voto. Melo está com 54% dos votos válidos, segundo pesquisa Ibope divulgada na terça-feira. D’ávila tem 46%.

No Rio de Janeiro e em Fortaleza a situação parece mais definida. No Rio só um milagre seria capaz de reeleger o prefeito Marcelo Crivella do Republicamos, indicam os números. O apoio do presidente Jair Bolsonaro parece não ter surtido efeito e Eduardo Paes, do DEM), seu adversário no segundo turno, lidera folgado em todas as pesquisas de intenção de voto. De acordo com a última sondagem do Datafolha, Paes tem 70% dos votos válidos contra 30% de Crivella. Na reta final deste segundo turno em Fortaleza o candidato e bolsonarista-raiz do PROS, Capitão Wagner, tenta em vão se descolar da imagem do presidente. A rejeição a Bolsonaro na capital do Ceará é um dos fatores que tem pesado na dificuldade de Wagner avançar nas pesquisas eleitorais contra seu adversário no segundo turno, José Sarto do PDT dos irmãos Gomes. Pesquisa Ibope divulgada neste sábado coloca Sarto com 61% dos votos válidos contra 39% de Wagner.

Em Goiânia o candidato do MDB, Maguito Vilela, lidera o segundo turno mesmo sem saber. Internado na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 27 de outubro devido complicações pulmonares causada pela covid-19, ele aparece com 36% das intenções nos votos totais (que incluem brancos e nulos) contra 24% do senador Vanderlan Cardoso, do PSD.

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