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Marielle inspira eleições de vereadoras do Rio enquanto SP elege políticos trans e amplia bancada do MBL

PT e PSDB diminuem de tamanho na capital paulista, mas seguem com as maiores bancadas. MDB é dizimado na capital fluminense e Legislativos mantêm fragmentação partidária

A Bancada Feminista, candidatura coletiva do PSOL para a Câmara Municipal de São Paulo, foi uma das ganhadoras das eleições de 2020.
A Bancada Feminista, candidatura coletiva do PSOL para a Câmara Municipal de São Paulo, foi uma das ganhadoras das eleições de 2020.Divulgação
Felipe Betim

As eleições municipais deste domingo trouxeram novidades importantes e simbólicas para as Câmaras de Vereadores do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foram eleitas figuras como a primeira vereadora negra e trans da história de São Paulo, Erika Hilton, do PSOL ―eleita em 6º lugar com 50.508 votos― e Thammy Miranda (PL), o primeiro homem transexual da Câmara de Vereadores, em 9º lugar. Outra votação inovadora veio com a Bancada Feminista (PSOL), candidatura coletiva constituída por cinco mulheres, eleita em 7º lugar com 46.167 votos.

Já no Rio, foi eleita Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, assassinada em 16 de março de 2018, quando exercia o mandato de vereadora também pelo PSOL, junto com seu motorista Anderson Gomes. Na capital fluminense, Benício conseguiu 22.919 votos e ficou com o 11º lugar. Outros nomes também se elegeram sob a inspiração de Marielle, como a arquiteta Tainá de Paula (PT), que conseguiu 24.881 votos e conquistou o 9º lugar.

No campo da direita em São Paulo, o Movimento Brasil Livre mostrou força nas urnas e aumentou sua bancada, que passa de um para três vereadores —todos eles filiados ao Patriota, partido do candidato a prefeito Arthur do Val. Entre eles está Fernando Holiday, que aumentou sua votação e se reelegeu com 67.715 votos, ficando com o 5º lugar, e também o advogado Rubinho Nunes.

No Rio, o ex-policial militar Gabriel Monteiro (PSD) é outro nome que o MBL elege. Monteiro foi eleito com 60.326 votos e conquistou o terceiro lugar. Ele ficou atrás somente de Tarcísio Motta (PSOL), eleito em primeiro lugar com 86.243 votos, e Carlos Bolsonaro (Republicanos), eleito em segundo lugar com 71.000. O filho zero três do presidente Jair Bolsonaro perdeu 33% dos votos que recebeu em 2016, ano em que foi o mais votado da Câmara, com o respaldo de 106.657 cariocas.

Fragmentação

Em termos numéricos, as novidades nos Legislativos foram menores. Ambas as casas seguem fragmentadas, com quase 20 partidos presentes em cada uma. A taxa de renovação dos vereadores na capital paulista manteve o padrão registrado últimas eleições nas duas votações: 38%. No Rio, porém, a taxa foi menor, 30%, um recuo em comparação a 2016 (35%) e 2012 (41%).

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Em São Paulo, PSDB e PT seguem com as maiores bancadas, embora com menos força, enquanto no Rio o MDB foi quase dizimado. No rastro dessas quedas, nas duas capitais mais importantes do país, o esquerdista Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o direitista Democratas (DEM) se fortaleceram e estarão entre bancadas mais importantes a partir de 2021.

PSDB e o PT continuarão tendo as principais bancadas, ainda que tenham declinado seu número de vereadores. Cada partido possuirá oito representantes a partir de janeiro de 2021. Em seguida estão o PSOL, cuja bancada passou de dois para seis vereadores, e o DEM, que cresceu de quatro para seis.

O vereador mais votado de São Paulo foi novamente o petista Eduardo Suplicy, ainda que o veterano político tenha visto seu número de votos cair de 301.446 em 2016 para 167.552 em 2020. O segundo lugar ficou mais uma vez com Milton Leite (DEM), que se reelegeu pela sexta vez, com 132.716 votos.

Composição da Câmara Municipal de São Paulo — 55 vereadores

20162020
PSDB11 vereadores8 vereadores
PT9 vereadores8 vereadores
PSD4 vereadores3 vereadores
Republicanos (antigo PRB)4 vereadores4 vereadores
PL (antigo PR)4 vereadores2 vereadores
DEM4 vereadores6 vereadores
PSB3 vereadores2 vereadores
PV2 vereadores1 vereador
PTB2 vereadores1 vereador
PSOL2 vereadores6 vereadores
Cidadania (antigo PPS)2 vereadoresx
MDB (antigo PMDB)2 vereadores3 vereadores
Podemos (antigo PTN)1 vereador3 vereadores
PSC1 vereador1 vereador
PROS1 vereadorx
Progressistas (antigo PP)1 vereador1 vereador
PHS1 vereadorx
NOVO1 vereador2 vereadores
Patriota (antigo PEN)x3 vereadores
PSLx1 vereador

No Rio de Janeiro, 17 das 51 pessoas eleitas cumprirão um primeiro mandato. As maiores bancadas ficaram com o DEM do ex-prefeito Eduardo Paes, o Republicanos do atual prefeito Marcelo Crivella —ambos disputarão o segundo turno em 29 de novembro— e o PSOL. Os três partidos registraram crescimento nessas eleições e contarão com sete vereadores cada um a partir do ano que vem.

O DEM, que ganhou quatro cadeiras em 2016, agora ocupa o lugar que foi o MDB. Atingido por escândalos que resultaram para a prisão do ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão,e na mudança de Paes para o DEM, o MDB contará com apenas um vereador em 2021. Quatro anos antes, o partido havia eleito 10 pessoas nas eleições municipais.

Entre os velhos conhecidos estão o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), eleito com 55.031 votos (4º lugar), e o ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL), que retorna para a Câmara dos Vereadores com 49.422 votos (5º lugar).

Composição da Câmara Municipal do Rio de Janeiro — 51 vereadores

20162020
MDB (antigo PMDB)10 vereadores1 vereador
PSOL6 vereadores7 vereadores
DEM4 vereadores7 vereadores
Republicanos (antigo PRB)3 vereadores7 vereadores
PSC3 vereadores2 vereadores
PSDB3 vereadoresx
PTB3 vereadores2 vereadores
PT2 vereadores3 vereadores
PDT2 vereadores1 vereador
PSD2 vereadores3 vereadores
PMN2 vereadores1 vereador
Solidariedade2 vereadores1 vereador
PHS2 vereadoresx
Progressistas (antigo PP)2 vereadores2 vereadores
Patriota (antigo PEN)1 vereador1 vereador
PROS1 vereador1 vereador
Podemos (antigo PTN)1 vereador1 vereador
Avante (antigo PTdoB)1 vereador3 vereadores
NOVO1 vereador1 vereador
PTCx1 vereador

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